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quarta-feira, maio 25, 2011

Grupo Silvio Santos pretende vender lojas do Baú em até 90 dias

Empresário está enxugando conglomerado de 30 empresas
e vai focar em três áreas, o que beneficiará o SBT, a Jequiti e a Tele Sena

Marina Gazzoni, iG São Paulo

O empresário e apresentador de televisão Silvio Santos começou a se desfazer de parte de suas empresas. A venda de algumas das 30 companhias do grupo é uma tentativa de reestruturar os negócios após o escândalo envolvendo o seu ex-banco, o Panamericano.
A primeira delas foi a Braspag, de pagamentos digitais, comprada nesta semana por R$ 40 milhões pela Cielo. A próxima é o Baú da Felicidade, uma rede varejista com 137 lojas em São Paulo e no Paraná. A expectativa do grupo é fechar o negócio entre 60 e 90 dias. O Bradesco BBI é quem está conduzindo as negociações.
"O nosso plano de reestruturação inclui a venda dessas duas empresas no curto prazo. Queremos focar em apenas três segmentos que nos interessam”, afirmou o vice-presidente do grupo Silvio Santos, Lásaro do Carmo Junior, em entrevista ao iG. Com a saída da rede Baú, o grupo pretende alcançar uma receita de R$ 2,3 bilhões em 2011.
O grupo quer reforçar seu foco nas áreas de comunicação, consumo e capitalização. Isso fortalecerá os negócios da Jequiti Cosméticos, das 14 emissoras de televisão, entre elas o SBT, e da Liderança Capitalização, responsável pela Tele Sena.
Outras empresas, como a construtora Sisan, o hotel Jequitimar e a seguradora Panseg, não estão à venda neste momento, segundo Carmo. “Elas são saudáveis, mas não devem receber grandes investimentos”, diz o executivo. Ele admite que o grupo poderá vender outras empresas no futuro.
 A venda do Baú: O Baú da Felicidade, que foi um dos principais negócios de Silvio Santos, hoje é uma empresa deficitária. O empresário assumiu o Baú em 1958, antes mesmo de fundar o SBT. A rede ganhou notoriedade com a venda dos “carnês do Baú”, que permitiam que os clientes retirassem um produto na loja no fim do pagamento e participassem de sorteios.
Com a flexibilização das condições de crédito, o carnê do Baú deixou de ser interessante para a classe C e deixou de ser vendido em 2007. “O Baú não acompanhou o processo de distribuição de renda, de consolidação do varejo e perdeu valor”, afirma José Carlos Peluso, diretor da consultoria Alvarez & Marsal.
O Baú ficou de fora da onda de fusões e aquisições no varejo e assistiu à formação de conglomerados como a Máquina de Vendas, o Magazine Luiza e a união do Pão de Açúcar e da Casas Bahia.
Silvio Santos chegou a disputar a compra do Ponto Frio, mas perdeu o negócio para o Pão de Açúcar. “Foi aí que ele perdeu a chance de salvar a rede Baú”, diz Peluso.
Apesar de problemas com seus pontos de vendas, principalmente o alto custo dos alugueis, o Baú pode ser um negócio interessante para redes que precisam se posicionar em São Paulo e na região Sul. Há grandes vantagens, por exemplo, para a Máquina de Vendas, rede formada pela união das varejistas Ricardo Eletro e Insinuante, que não atuam na cidade de São Paulo e na região Sul. Para Peluso, o Pão de Açúcar também poderia se beneficiar da aquisição, já que ainda não tem uma presença forte nos Estados do Sul.
Os erros de Silvio Santos: Como empresário, Silvio Santos errou a mão e formou um grupo muito pulverizado. Nenhuma de suas empresas é líder de mercado e, desta forma, enfrentou, ao mesmo tempo, concorrentes como a rede Globo, a Natura e os grandes bancos, avaliam consultores.
Desde sua origem, os negócios de Silvio são interconectados, o que traz sinergias e economias de custo. Mas essa estratégia também embute riscos de "contaminação" ou "efeito dominó": se um negócio for mal, os demais podem ser prejudicados.
O empresário, por exemplo, chegou a vender carros nas lojas do Baú na década de 70 e, para distribuí-los, comprou uma concessionária. A construtora Sisan nasceu na década de 90 para administrar os então 110 imóveis do grupo. A empresa chegou a lançar empreendimentos em terrenos onde ficavam lojas do Baú e faz as obras do braço hoteleiro do grupo.
A própria empresa de cosméticos, a Jequiti, agora a menina dos olhos do grupo, ofereceu cartões de crédito do banco Panamericano para parcelar as compras de suas 170 mil consultoras.
Segundo o vice-presidente do grupo, o Panamericano não financiava o restante das empresas. Os negócios do banco feitos com as demais companhias ainda são mantidos, mesmo sob a gestão do BTG Pactual, o seu novo controlador.
Para Carmo, os negócios entre as companhias da holding são uma vantagem. “A filosofia dos grandes grupos é aproveitar as sinergias. O nosso problema era manter negócios dispersos”, diz.
Se para o grupo as conexões são sinergias, para o consultor da Alvarez & Marsal elas podem ser um problema. “Essa dependência entre as empresas pode reduzir o valor dos ativos no momento da venda”, diz.
Foco na emoção: A escolha da rede SBT e da Tele Sena como dois dos três negócios prioritários do grupo Silvio Santos pode refletir em uma decisão mais focada na emoção. “A Tele Sena é a cara do Silvio, mas não é um negócio rentável. O foco nos hotéis faria mais sentido”, avalia Peluso.
A decisão mais acertada, para o consultor, foi concentrar esforços na Jequiti. A empresa deve faturar R$ 450 milhões neste ano, um salto de quase 30% em relação ao ano passado. Seu time de 170 mil consultoras é um atrativo para parcerias como a firmada com a Unilever, para vender um purificador de água. “Nada impede que façamos novos acordos deste tipo com outras empresas”, diz o vice-presidente do grupo Silvio Santos.
A rede SBT perdeu fôlego financeiro, mas deve se reerguer com novos investimentos. O foco na emissora é um acerto e sempre deveria ter centralizado os investimentos do grupo, diz Peluso. Afinal, a comunicação é o verdadeiro negócio de Silvio Santos.

Foto: Greg Salibian/iG Ampliar
Lásaro do Carmo Jr, vice-presidente do grupo Silvio Santos

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