Entrevista coletiva - Aécio Neves
Brasília - 31-08-16
(1ª parte)
Assuntos: Votação impeachment,
votação direitos políticos.
Qual avaliação da votação de
hoje, senador?
A questão essencial foi resolvida
e o Brasil passa a ter uma nova chance. Tudo aquilo que dizíamos ao longo de
todo este processo foi compreendido como correto por uma maioria extremamente
expressiva, 61 dos 81 senadores que, portanto, caçam definitivamente o mandato
da presidente da República. O que fica para o futuro é algo, a meu ver,
pedagógico. Todos aqueles que assumirem cargos públicos devem ter a noção clara
de que devem cumprir a lei em todos os seus instantes, em todos os seus detalhes.
Quem não cumpre a lei recebe a pena estabelecida na Constituição e a pena para
quem comete crime de responsabilidade é o afastamento definitivo do cargo.
Mas não posso deixar de fazer
aqui um registro que nos surpreendeu o posicionamento de uma parcela dos
senhores senadores que vinham defendendo o afastamento definitivo da sra.
presidente da República que buscam, a meu ver, atentar contra algo que é muito
claro na Constituição, a pena da inabilitação com a perda dos direitos
políticos é inerente à pena da cassação. Que a oposição e os aliados da
presidente Dilma se manifestem contrariamente a este entendimento é
compreensível, mas lideranças expressivas do PMDB se manifestarem desta forma
nos deixa enormes preocupações.
Porque o que tenho dito é que o
Brasil daqui por diante não comporta mais ambiguidades. Se a Constituição
determina que cabe ao PMDB suceder a presidente da República, podemos gostar ou
não gostar é o que determina a Constituição, caberia ao PMDB ter uma posição
única e sólida em defesa de todo o processo. O PSDB se manteve coerente desde o
início e agora nos preocupou, ao final, esta manifestação do PMDB. Quero crer
que não tenha havido algum tipo de entendimento que não nos tenha sido
comunicado com outras forças da política nacional. Nós, do PSDB, fizemos o que
aquilo que nos comprometemos a fazer com a sociedade brasileira.
Sou muito acusado de não ter
aceito o resultado da eleição. Ao contrário, não só aceitamos o resultado da
eleição, mas não abdicamos do nosso dever de continuar fiscalizando o governo
e, na verdade, denunciando as ilegalidades com que continuaram a ser cometidas
pelo governo. Ao ingressarmos com uma ação junto à Justiça Eleitoral, ao
Tribunal Superior Eleitoral, estávamos antecipando aquilo que o tribunal comprova
agora, ilegalidades graves, fraudes na prestação de contas da sra. Presidente.
E, obviamente, passamos também a acompanhar o desempenho do seu governo no ano
de 2015 apontando também ali os crimes cometidos. Estivemos sempre ao lado da
democracia, do respeito à Constituição. Portanto, é hora de respirarmos.
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