A ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção,
prevenção e recuperação da saúde é a meta permanente da Política de
Atenção Integral à Saúde da Mulher desenvolvida pelo Governo do Pará, por
meio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), em todas as regiões.
Voltada à atenção ginecológica e obstétrica, a atenção à mulher inclui a
assistência humanizada para prevenção e controle de Doenças Sexualmente
Transmissíveis/HIV, o estímulo ao planejamento reprodutivo, atenção ao
climatério, promoção da atenção às mulheres e adolescentes em situação de
violência doméstica e sexual e ações para redução dos casos de mulheres que
desenvolvem o câncer e dos óbitos causados pela doença.
As Unidades Básicas de Saúde (UBSs) localizadas nos bairros da
Pedreira e do Marco, em Belém, oferecem à mulher diversos serviços, como
consultas, pré-natal, planejamento reprodutivo, realização de preventivo e
outros exames. Na média e alta complexidade, a Unidade de Referência Materno
Infantil e Adolescente (Uremia) oferece pré-natal para grávidas de alto
risco, exames, PCCU (preventivo do colo do útero), mamografia, planejamento
reprodutivo e atendimentos ao recém-nascido de risco.
Desde 2013, a Sespa realiza no Centro Hospitalar Jean Bitar, em Belém,
mutirões para retirada de nódulos em mamas, para tratamento de lesões
benignas e diagnóstico precoce de câncer. O serviço já beneficiou 320
mulheres, a maioria residente em municípios do interior. O Estado também já
promoveu, no Hospital Ophir Loyola, mutirão de cirurgias de alta frequência
de colo de útero.
Odinéa dos Santos, 23 anos, que mora em Breves, é uma das beneficiadas
pelo diagnóstico precoce. “Descobri um pequeno nódulo de mama aos 17 anos. O
diagnóstico precoce me deu a chance de fazer tratamento ainda cedo, para evitar
possíveis complicações”, contou.
Qualificação – Os serviços de prevenção ao câncer foram ampliados em dezembro
do ano passado com a inauguração do Centro de Qualificação
de Ginecologista, que visa capacitar profissionais que atuam no interior
do Estado para realização de colposcopia, biópsia e exérese (retirada de
órgão ou tecido) da zona de transformação do colo uterino, a fim de promover
o diagnóstico precoce e tratamento das lesões que podem evoluir para o
câncer de colo do útero.
O Centro dispõe de duas salas com novos equipamentos colposcópicos.
Segundo a diretora da Uremia, Nazaré Falcão, o serviço é a continuação do que
a unidade já vem fazendo ao longo dos últimos anos. Os ginecologistas serão
encaminhados pela secretarias municipais de Saúde, de acordo com os critérios
da Unidade.
Na Uremia são realizados a cada mês cerca de 180 exames ginecológicos
e, por dia, 40 mamografias. Nazaré Falcão informou que há um grande número de
mulheres com lesão de alto grau no útero. Por ano, a Uremia realiza em média
320 procedimentos de exérese da zona de transformação do colo uterino. “A
maioria dessas mulheres vem do interior do Pará. Os resultados positivos de
lesão de alto grau são encaminhados para a Uremia, onde são feitos exames
complementares e o tratamento das lesões benignas. Caso o resultado seja
positivo para câncer, elas são encaminhadas para o Ophir Loyola”, explicou.
Aos 36 anos, a agente administrativa Márcia Miranda, que tratou um
câncer no colo do útero descoberto há nove anos, faz questão de reiterar a
importância do exame preventivo. “Após o tratamento, fiquei oito anos sem
fazer o exame. Sempre achava que ia dar alguma coisa, e costumava dizer que
não tinha tempo para ficar doente. Mas, hoje, se estou bem é porque consegui
detectar logo e tratar. Por isso, sempre digo às mulheres que não criem
barreiras e façam seus preventivos”, ressaltou.
Qualidade laboratorial – Na Região Norte o Pará é
pioneiro nos investimentos em qualidade do exame e do diagnóstico das lesões
uterinas. Neste ano, o Laboratório Central do Estado (Lacen) implantou um
processo automatizado para realização de exames preventivos, tornando-se o
primeiro laboratório público a dispor de equipamento completo para o exame –
um investimento de quase R$ 500 mil, que permitiu à rede estadual de saúde,
entre outros avanços, melhorar a qualidade das amostras coletadas e agilizar
os resultados dos exames.
Antes do processo automatizado, o processo de coleta de material no
interior do Estado era comprometido. “A lâmina era mal colhida, fixada e com
uma coloração ruim. Chegava aqui e não conseguíamos ver praticamente nada. E
esse é um processo invasivo, não dava para simplesmente refazer. No processo
pelo meio líquido, ao invés de passar na lâmina, o material é colocado em uma
solução líquida, que faz o arrasto completo de todas as células. Com isso,
além de ganhar tempo, ganhamos na qualidade do diagnóstico”, explicou o
diretor do Lacen, Licínio Lira.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2014 a
estimativa no Brasil era o diagnóstico de 57.120 novos casos de câncer de
mama, dos quais 830 no Pará – sendo 360 em Belém. Em 2013, o Hospital Ophir
Loyola realizou mais de 5 mil consultas e atendeu 554 casos de câncer de
mama. O diagnóstico precoce e os avanços tecnológicos permitem cirurgias
cada vez menos invasivas e mutiladoras. No Pará, há 41 mamógrafos para
pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Referência - Na área de assistência, A Fundação Santa Casa
de Misericórdia do Pará atua na atenção à saúde da criança, da mulher e do
adulto, oferecendo serviços ambulatoriais e internação. A instituição é
referência na atenção à gestante e ao recém-nascido de alto risco, no
atendimento às vítimas de escalpelamento, às vítimas de violência sexual, na
atenção ao paciente portador de doença hepática, na prática de aborto legal e
com os serviços do Banco de Leite Humano.
A maternidade atende usuárias em regime de urgência e emergência, nas
áreas de ginecologia e obstetrícia. Até novembro de 2014 foram realizados
35.500 atendimentos no setor de triagem obstétrica. O atendimento de urgência
é feito de forma ininterrupta, em plantões de 24 horas durante toda a semana,
para usuárias que chegam referenciadas ou espontaneamente, e podem resultar
em orientação, consultas, observação clínica de até 12 horas ou internação
(hospitalar ou hospital/dia).
A Fundação mantém ainda o Programa de Atendimento às Vítimas de
Escalpelamento (Paives), referência para o atendimento de pessoas – a maioria
mulheres - que tiveram o couro cabeludo (total ou parcialmente) arrancado por
motores de embarcações. Até outubro de 2014 foram atendidas 10 vítimas, com
acompanhamento psicológico pós-cirurgia, classe hospitalar (com apoio da
Secretaria de Estado de Educação – Seduc) e os serviços do Espaço Acolher.
A Sespa, por meio da Coordenação Estadual de Educação em Saúde e
Mobilização Social, elabora ações para a prevenção do escalpelamento nos rios
do Pará.
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