Polícia Civil vai investigar possíveis crimes virtuais praticados nas
redes sociais
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A Polícia Civil vai investigar possíveis crimes virtuais praticados
nas redes sociais após as dez mortes registradas em Belém na noite da última terça-feira
(4). Os boatos criados com montagens, áudios e vídeos que não correspondem
aos fatos ocorridos serão investigados pela Divisão de Repressão e Prevenção
a Crimes Tecnológicos, que tem as ferramentas adequadas para achar os
usuários que produziram e divulgaram as informações distorcidas.
Segundo o delegado Samuelson Igaki, que atualmente responde pela
Divisão de Prevenção e Repressão a Crimes Virtuais, as pessoas que deturpam
ou criam informações falsas podem responder judicialmente. “Quem cria e propaga
informações inverídicas pode responder criminalmente por estes atos, mas
precisamos verificar fato a fato para fazer a tipificação penal. Podem
ocorrer diversas situações, como, por exemplo, incitação ao crime, apologia
ao crime ou criminoso, a comunicação falsa de crime ou contravenção e o falso
alarme, anunciando desastre ou perigo inexistente capaz de produzir pânico ou
tumulto, que é a situação que estamos vendo hoje”, explica o delegado.
“Com certeza temos como descobrir a origem destas informações, e assim
como a propagação foi muito rápida, a investigação para se chegar à autoria
delas também pode ser. Não adianta uma pessoa postar algo em uma rede social
como, por exemplo, uma falsa comunicação de crime, incitação ao crime, ódio
ou qualquer coisa do tipo e depois apagar a postagem”, alerta o delegado.
Segundo ele, é possível investigar e identificar o autor da postagem
falsa. “Tudo que é feito na internet deixa rastro, e a Polícia
Civil investigará os rastros deixados na internet neste caso. Quando
tomamos ciência de alguma infração penal ou crime, pedimos inclusive a
preservação dos ‘logs’ de criação do perfil, log de postagem e alteração de
perfil. São algumas das metodologias que temos para poder investigar este
tipo de contravenção penal”, explica.
Rotina – Juntamente com os dez homicídios registrados em Belém na noite da
última terça-feira, foi grande a disseminação de boatos e informações
inverídicas sobre os crimes nas redes sociais. Na manhã desta quarta-feira
(5), já era possível encontrar diversas mensagens relatando mais de 100
mortes que supostamente teriam ocorrido nos bairros da Terra Firme, Guamá e
Jurunas. As falsas informações se espalharam rapidamente e geraram medo entre
a população, mudando a rotina da cidade.
A advogada Amanda Carneiro, 25, conta que as primeiras informações que
recebeu foi pelo celular. “Soube dos crimes pelo meu grupo da faculdade. O
que me deixou mais alarmada foram as fotos encaminhadas por amigos próximos.
Fui avisada que 35 pessoas teriam sido executadas. Recebi muitos áudios e
vídeos que nitidamente eram de atos de violência no Rio de Janeiro. Dava para
perceber pelo sotaque das pessoas. Pela manhã percebi um clima de pânico na
cidade. Meu irmão caçula foi dispensado do colégio e meus clientes estavam todos
assustados”, relata.
A delegacia de crimes virtuais também apurará a incitação ao ódio e
violência de perfis de civis e também militares. Qualquer um que for
denunciado ou flagrado com comentários que incentivem à violência está
sujeito à investigação.
As denúncias relacionadas aos crimes virtuais podem ser feitas em
qualquer delegacia de polícia ou na Delegacia Especializada da Divisão de
Prevenção e Repressão a Crimes Virtuais, que fica na Rua Oliveira Belo, 807,
no Umarizal (entre a Travessa Nove de Janeiro e Avenida Alcindo Cacela). As
denúncias podem ser feitas pessoalmente e também de modo anônimo, por meio do
Disque Denúncia, no número 181.
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Texto:
Diego Andrade |
Estado e representantes de entidades discutem formas de esclarecer
crimes
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Na tarde desta quarta feira, (5), o secretário de Estado de Segurança
e Defesa Social, Luiz Fernandes Rocha, representantes do Sistema Estadual de
Segurança Pública, dos Direitos Humanos e do Conselho Nacional da Juventude,
além de entidades dos bairros do Guamá e Terra Firme participaram de reunião
na sede da Segup. Estiveram presentes ainda o secretário de Assistência
Social, Heitor Pinheiro, e a representante do Comitê Gestor do Pro Paz,
Izabela Jatene. O encontro tratou da investigação, solução e encaminhamento
das questões em torno da série de mortes ocorridas na noite da última terça
feira (4), em Belém.
Luiz Fernandes Rocha afirmou que todas as medidas policiais estão
sendo tomadas e que a contribuição da sociedade é fundamental para o
esclarecimento do caso e prevenção de atos de violência. “O mais importante
em casos de crimes dessa natureza, para que a gente consiga diminuir, ou
seja, prevenir, é responsabilizando os autores. Então, precisamos da união de
todos, da sociedade e do sistema de Justiça como um todo, para que a gente
possa dar uma resposta efetiva e, aí sim, começar a diminuir cada vez mais
essas ocorrências”, afirmou.
O evento também discutiu a melhor forma de o Estado acompanhar as
famílias das vítimas. “Estamos com a representante do Pro Paz, a professora
Izabela Jatene, e o secretário de Assistência Social, ou seja, o Estado
também está garantindo a essas famílias toda essa assistência. O próprio
secretário está aqui, presente, e vai fazer esse acompanhamento integral
agora e o pós que, a gente sabe também, deixa muitas sequelas na família”,
reiterou o secretário de Segurança.
A ouvidora do Sistema Estadual de Segurança Pública, Eliana Fonseca,
disse que a discussão do caso e o encaminhamento para possíveis políticas
públicas para juventude e famílias das vítimas foram algumas das pautas do
encontro. “A reunião cumpriu o que a gente tinha planejado, trazendo as
instituições para uma recepção positiva do secretário. Sempre trabalhamos
dentro de um diálogo crítico propositivo para o bem estar da sociedade, para
que ela se sinta realmente representada pelas propostas que discutimos juntos
nas organizações de bairros”, frisou.
Para Francisco Batista, membro da Comissão Justiça e Paz da
Arquidiocese de Belém e morador da Terra Firme, o diálogo da sociedade com os
órgãos governamentais é indispensável. “Temos que nos apropriar daquilo que é
nosso. Os instrumentos democráticos do estado democrático de direito devem
ser apropriados pela população. Viemos aqui ouvir a versão oficial do Estado
sobre as questões e também relatar aquilo que testemunhamos. Isso é
importante para nós”, afirmou.
Daniele Santa Brígida, do Conselho Nacional da Juventude, disse que a
reunião foi um avanço, com boas propostas para o avanço das investigações. “A
sociedade civil, os vários movimentos sociais hoje se unem em torno desse
problema que atinge a juventude negra, pobre e da periferia, e estamos
fazendo uma mobilização nacional, dialogando, para pensar os próximos passos
para essa agenda. Esse fato passa a ser uma prioridade dentro do conselho,
dentro desse debate da juventude, contra a violência do estado de direito,
contra a democracia e, principalmente, contra a juventude”, finalizou.
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Texto:
Ana P. Bezerra |
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