S. Paulo morre aos 88 anos
Ruy Mesquita comandava desde 1996 o quarto maior
jornal do Brasil. Ele estava internado desde o dia 25 de abril, quando havia
sido diagnosticado com um câncer de base de língua.
iG São Paulo
O diretor do jornal O Estado de
S. Paulo, Ruy Mesquita, morreu nesta terça-feira (21/05) às 20h40, aos 88 anos
em São Paulo, de acordo com a assessoria de imprensa do Hospital Sírio-Libanês.
"Dr. Ruy", como era conhecido, estava internado desde o dia 25 de
abril, quando havia sido diagnosticado com um câncer de base de língua. Aberto
ao público, o velório será na manhã desta quarta (22) na rua Angatuba, 465. Já
o enterro deve começar de tarde no Cemitério da Consolação.
Começou no jornalismo em 1948 e foi redator e
editor de Internacional em O Estado de S. Paulo até que em 1966 assumiu a
direção do recém-criado Jornal da Tarde. A publicação, que foi considerada
uma grande inovação na linguagem jornalística da época, fechou em 2012.
Ruy Mesquita foi um defensor
da liberdade, da democracia e da livre-iniciativa , princípios que
sempre nortearam a linha editorial do 'Estado'. Ao longo de seus 88 anos, teve
participação ativa em momentos importantes da história do Brasil e da América
Latina. Presenciou o início da revolução em Cuba, nos anos 50, e foi
homenageado pelos irmãos Castro, de cujo regime se tornou depois crítico contumaz.
Reuniu-se com militares antes do golpe de 1964,
que apoiou, em nome da defesa da democracia, mas, assim como seu pai e seu
irmão, também passou a criticar a ditadura, uma vez instalada. Os três
lideraram uma das mais emblemáticas resistências à censura prévia, substituindo
as reportagens cortadas por poemas e receitas.
Trabalhando em período integral no jornal desde
1948, Ruy dizia que a sua missão era a mesma de seu pai e seu irmão: “Manter os
padrões éticos, culturais e informativos do jornal”. “Um bom jornal tem de ter,
em primeiro lugar, objetividade na informação. Deve superar sua ideologia na
apresentação do noticiário político, não deixando que suas opções ideológicas
influam na objetividade do noticiário. Isso não quer dizer que um jornal deva ser
neutro diante dos conflitos políticos e sociais. Imparcial na transmissão das
noticiais, sim. Neutro nos conflitos políticos, não", afirmou.
Neto do fundador de O Estado de S. Paulo, um dos
grupos mais tradicionais de mídia do País, ele comandava o jornal desde 1996,
após a morte de seu irmão Julio de Mesquita Neto. Ruy manteve sua rotina
de trabalho até a véspera da internação. De hábitos reclusos, dividia seu
tempo entre o jornal e a casa, onde se dedicava a leituras.
Deixa a mulher, Laura Maria Sampaio Lara
Mesquita, os filhos Ruy, Fernão, Rodrigo e João, 12 netos e um bisneto.
Em nota, a presidente Dilma Rousseff lamentou a
morte do diretor e afirmou que Ruy Mesquista "foi símbolo de uma geração
da imprensa brasileira". "Ruy Mesquita foi um homem de convicções.
Diretor do jornal O Estado de S. Paulo, criador do inovador Jornal da Tarde,
Doutor Ruy – como era conhecido – foi símbolo de uma geração da imprensa
brasileira. Neste momento de dor, presto a minha solidariedade à família e
amigos."
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
lamentou a morte do amigo Ruy Mesquita, em artigo publicado no site do jornal:
"Choro hoje não apenas a morte do grande jornalista, mas a perda do amigo.
(...) São Paulo e o Brasil perderam um grande cidadão".
O Estado de S. Paulo é o mais antigo jornal da
capital paulista ainda em circulação. Além dele, o Grupo Estado, de propriedade
da família Mesquita, também controla a empresa de classificados OESP Mídia, a
agência de Notícias Agência Estado e as rádios Estadão e Eldorado. Segundo
o ranking de 2012 da Associação Nacional de Jornais, O Estado de S.Paulo é o
quarto maior jornal do país, com uma circulação de 235 mil exemplares.
Com informações da Agência Estado
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