Os
sócios da empresa P&A Comercial Ltda., que administra o restaurante Boteco
das Onze, no complexo Feliz Luzitânia, rebateram os argumentos divulgados na
nota “A verdade sobre a Casa das Onze Janelas”, divulgada ontem pelo Governo do
Estado para justificar o despejo do empreendimento do local. “A mentira mais
covarde é aquela que mescla informações reais a inverdades e dúvidas, com a
finalidade de enganar, escamotear e iludir. O Boteco da Onze está sendo vítima
de uma dessas tentativas”, disparou o empresário Augusto Mesquita, um dos
sócios do local.
A nota governamental afirma que a convivência do restaurante-bar
foi, no início, “adequada à proposta do bem público, mas com o tempo foi se
degenerando e as queixas dos usuários frequentes, em particular, quanto à
inadequação sonora. Após a dissolução da sociedade, por litígio entre os
sócios, acentuou-se a degeneração do espaço”.
Mesquita diz que a informação é mentirosa. “Não existem
registros de reclamações do público. Ao contrário: o paraense tem orgulho do
Boteco das Onze figurar entre um dos melhores e mais respeitados restaurantes
do Brasil. Basta consultar o Trip Advisor, o maior site de viagens do mundo, e
verificar essa informação. O Boteco só passou a ser atacado pelo secretário de
Cultura do Estado, Paulo Chaves, depois que a sociedade com os antigos sócios
foi desfeita”.
ACUSAÇÃO
O governo acusa os inquilinos atuais de utilizarem as áreas
externas, “que ultrapassam seu limite contratual para eventos”, além de
transformar o restaurante numa boate. “No exterior, objetos de arte pública
foram danificados e, no interior, a direção do Museu retirou quadros autênticos
e objetos arqueológicos que já estavam se deteriorando”, ataca a nota. “Essa é
mais uma mentira. O Boteco das Onze jamais ultrapassou os limites determinados
pelo contrato elaborado pelo próprio Governo. E as gravações feitas pelas
câmeras do Museu da Casa das Onze Janelas podem comprovar”.
Os inquilinos são acusados, ainda, pelo Governo de não levar em
conta “as condições especiais onde se encontra o seu negócio, sendo comunicados
da decisão tentando de todas as maneiras permanecer no bem público. “O Boteco
das Onze jamais foi comunicado de qualquer decisão nesse sentido. E, ainda mais
grave: o restaurante e seus proprietários sempre zelaram, de maneira
irrestrita, pela preservação de todas as áreas do museu”, assegura Augusto.
DEFESA
Ele refuta a acusação do Governo de que sua empresa quer
“permanecer no local a qualquer custo, inclusive, denegrindo a imagem de
pessoas e instituições e até da própria Justiça. O empresário diz que quem é
perseguido e coagido é o Boteco das Onze. “Temos apenas lutado para defender
nossos direitos, dentro dos princípios da legalidade e moralidade”.
Na nota, o Governo afirma que a disputa judicial não é uma
questão pessoal e justifica que o despejo do restaurante se deve a uma
“disfunção do que deveria ser a prestação de um serviço público, em conflito
com a proposta do conjunto patrimonial que se demora no entorno do largo da
Sé”. “A motivação da tentativa de fechar o Boteco das Onze é torpe e visa,
unicamente, o benefício pessoal de indivíduos que deveriam zelar pelos
interesses e bem-estar do povo paraense”, diz Augusto.
O empresário critica as justificativas do Governo para não
renovar o contrato, baseado na instalação futura, onde hoje funciona o
restaurante, de um “Centro de Gastronomia da Amazônia, incluindo laboratório,
Museu da Gastronomia, com loja de produtos artesanais, escola de
aperfeiçoamento em culinária da região e um restaurante integrado.” Augusto diz
que o projeto de Paulo Chaves surge apenas agora, quando o Boteco das Onze
resolveu expor certas verdades à sociedade. “Onde estão todos esses projetos
dos quais o secretário de Cultura fala?. Ele não tem nada”.
(Diário do Pará)
(Diário do Pará)
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