Mulher mostrou marcas e registrou queixa em
delegacia contra Samuquinha, com quem manteria relacionamento. Ele garante não
conhecê-la e ser vítima de jogada política
O Dia |
‘Fingi que estava desmaiada porque não aguentava mais apanhar.’ O desabafo é
da advogada Christine Calixto, de 40 anos. Ela acusa o deputado estadual Samuel
Correa da Rocha Júnior, o Samuquinha (PR), de tê-la agredido no barco dele, no
Iate Clube Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, dia 13.
Ela tem documentos que mostram que o caso foi registrado como lesão corporal
na 37ª DP (Ilha) e na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, no
Centro, com base na Lei Maria da Penha. “Jesus Cristo, o que é isso? Meu
coração até disparou. Sequer conheço essa mulher. Vou processá-la”, reagiu o
parlamentar.
Uma vez
ele me mordeu. Fiquei chateada. Ele disse que era para me marcar', disse
Christine
Com
marcas roxas no braço, no glúteo e o dedo do pé quebrado, tudo do lado
esquerdo, além de hematomas nas costas e seios, Christine alega que se
relacionava com o deputado desde julho. No dia 13, um sábado, eles teriam se
encontrado para passar o fim de semana. Segundo ela, ele alegou que havia sido
traído. “Eu disse que não era verdade. Mas ele quebrou uma garrafa de vodca na
minha cabeça. Me deu socos e pontapés, jogou minha bolsa no mar, com R$ 4 mil,
que sumiram, e ainda disse que ia me matar”, revelou.
De acordo
com ela, o momento de maior pânico foi quando o parlamentar teria afrimado que
a jogaria para fora do barco. “Ele disse que colocaria uma pedra no meu pescoço
e me jogaria no mar. Fiquei apavorada, daí fingi que estava desmaiada e ele foi
embora. Pouco depois, dois seguranças do clube foram até o barco dele e pediram
para que eu fosse embora. Perdi a minha dignidade”, contou Christine.
Ela
garante que foi agredida por Samuquinha com a sua sandália na cabeça. “Ele
dizia o tempo todo que já havia feito isso antes e que por ser parlamentar e
ter imunidade nada seria feito contra ele”, afirmou a advogada.
Samuquinha,
que disputou a Prefeitura de Duque de Caxias e ficou em quinto lugar no
primeiro turno, alega que as acusações fazem parte de um plano político para
prejudicá-lo. “Deus me livre e guarde, jamais faria isso. Estou em casa com a
minha mulher e filhas. Isso é um absurdo”, afirmou. Ele disse ainda que não
recebeu notificação da polícia sobre o assunto. “Vou mandar meu advogado nas
delegacias para saber direito o que está acontecendo. Isso é política”,
definiu.
Presentes
e roupas íntimas para romance em barco
Roupas
íntimas e presentes para Samuquinha, como duas camisas, foram preparados por
Christine Calixto para passar o fim de semana com o deputado. “Não esperava por
isso. Ele ficou violento. Acho que descontou em mim o fato de ter perdido a
disputa para a Prefeitura de Duque de Caxias”, opinou.
Christine garante que já havia sofrido outra agressão do deputado. “Uma vez,
no apartamento dele na Barra, ele me mordeu, fiquei chateada. Mas ele disse que
era para me marcar porque era dele”, relembrou a advogada. Segundo ela, o
relacionamento com Samuquinha começou há três meses em churrasco de aniversário
de uma autoridade policial. “Na campanha ficou mais difícil nos encontrarmos.
Mas nos falávamos com frequência pelo telefone”, afirmou.
Investigação
A investigação da polícia vai colocar em xeque a versão de Christine ou a do
deputado. Para o criminalista Antônio Gonçalves, se ela estiver mentindo,
responderá por falsa acusação, denunciação caluniosa e injúria. As penas variam
de três meses a oito anos de prisão.
Já o deputado, se comprovadas as acusações, responderá por lesão corporal. A
pena é de três meses a três anos. Por ter foro privilegiado, ele seria
processado no Órgão Especial do Tribunal de Justiça.
*reportagem de Adriana Cruz
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