Dona de extensa janela para o rio e dispondo de inúmeros restaurantes perto da orla, Icoaraci é uma alternativa para um passeio tranqüilo, com garantia de brisa fresca da praia, água de coco e uma culinária a base de peixes frescos para veranista nenhum botar defeito no último final de semana de férias escolares. Como bônus, nada de enfrentar estradas lotadas e horas de trânsito tanto na ida como na volta.
Com 140 anos e com uma população de 300 mil habitantes distribuída em nove bairros, segundo dados da Agência Distrital de Icoaraci, a Vila Sorriso possui estrutura de cidade média, dispondo de rede bancária, grandes supermercados, centro comercial, transporte público, hospitais públicos e particulares.
A dona de casa Maria Martins vive em Icoaraci desde quando nasceu há mais de 50 anos. Hoje casada e com três filhos, ela garante que não sente a menor vontade de se mudar para outro ponto de Belém. Eu me criei aqui, vi as coisas mudarem, chegar a pavimentação, melhorar o transporte e mesmo assim as coisas ainda são tranqüilas. Se Deus quiser vou continuar por aqui ainda por muitos anos", afirma.
Apesar de toda a infraestrutura, a Vila Sorriso guarda ainda muito do bucolismo característico de interior percebido não somente na arborização e nos costumes populares, que garantem um clima de interior, mas também nos detalhes arquitetônicos dos casarões antigos construídos como recanto próximo para os barões da borracha no período áureo da economia paraense no século XIX.
"No período de grande ascensão econômica, as famílias mais abastadas vinham para Icoaraci, onde encontravam um recanto agradável para viver", conta o diretor da agência distrital Otoniel Pereira. "Assim se disseminaram por aqui dezenas de casarões, como o chalé Tavares Cardoso, um dos mais famosos e que hoje abriga a biblioteca municipal Avertano Rocha". Segundo Otoniel, até um lago artificial foi construído para dar ainda mais charme a construção onde não foram poupados recursos pelo idealizador Eduardo Tavares Cardoso.
Hoje, num passeio pelas ruas de Icoaraci não é difícil encontrar os registros da história da Vila Sorriso que tem ainda outro atrativo bastante importante para moradores e visitantes: a gastronomia. É na orla do distrito que se encontra a maior concentração de restaurantes de Belém e onde são encontrados os mais famosos pratos a base de peixes e frutos do mar. "Para quem gosta de peixe o local é aqui mesmo", afirma o servidor público, Mário de Jesus. Sempre que pode, ele vai com a família e amigos almoçar ou jantar na orla.
Quem prova da água de coco vendida na Orla de Icoaraci não tem dúvidas: é a melhor e mais doce encontrada em Belém. A família Lira Abreu, vinda do Oiapoque localizado no extremo norte do Amapá, garante que sim. De férias em Belém, eles aproveitam para desfrutar do que o distrito oferece. "É um lugar próximo, dá para passear com os filhos, é agradável, tranqüilo e essa água de coco é a mais doce que já tomamos", afirma o empresário João Abreu acompanhado da mulher Eliete Lira Abreu e dos três filhos, que concordam com o pai nos elogios a Icoaraci.
A vendedora de coco verde, Célia Corrêa, que trabalha na atividade na orla de Icoaraci há 12 anos tem a explicação para a água de coco mais doce de Belém. "É que os cocos que nós vendemos vem de uma área boa, são selecionados de plantações naturais da região do município de Ourém, no nordeste do estado", informa Célia que vende uma média de trinta cocos por dia.
Maior pólo turístico de artesanato em cerâmica
Turistas e pesquisadores de todo o mundo voltam os olhos para o pólo produtor de artesanato em cerâmica de Icoaraci. O distrito é referência na arte de confeccionar peças em argila com traços das culturas indígenas tapajônica e marajoara.
Na área do Paracuri, onde está instalado o Liceu de Artes e Ofícios que mantém cursos e oficinas de produção de artesanato em argila, está localizado o maior pólo produtor da cerâmica indígena. O local abriga dezenas de olarias, garantindo o sustento de famílias inteiras e a preservação de uma cultura que durante muito tempo esteve ameaçada.
"A gente percebe que a população de Belém não valoriza muito esse trabalho. São os turistas e pesquisadores que chegam de todos os lugares para conhecer e adquirir nossas peças que são o registro de uma tradição indígena e também cabocla", lamenta o diretor da agência distrital Otoniel Pereira.
Para quem quiser conhecer ao pólo ceramista, a recomendação é ir durante a semana, no início da tarde, quando os visitantes podem inclusive acompanhar a produção de peças. Quem preferir também pode comprar as peças diretamente na exposição permanente na feira de exposições na Orla de Icoaraci.
Texto: Tânia Menezes
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