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quarta-feira, julho 13, 2011

O escândalo do ensino e a OAB

- Nicias Ribeiro- Engenheiro eletrônico- nicias@uol.com.br
Ao que parece, os escândalos no Brasil são uma constante que se sucedem um após o outro, e, às vezes, um pior que o outro.
Em fevereiro, passado, veio à tona o escândalo da Assembléia Legislativa, do Pará, envolvendo a administração passada. E a partir daí, a cada dia, surgem novos fatos, que, seguramente, fariam corar até São Francisco de Assis.
Em maio, outro escândalo ganhou espaço nas manchetes dos jornais. Desta feita envolvendo o então Ministro Antônio Palloci – chefe da Casa Civil da Presidência da República, cujo patrimônio pessoal aumentou, nos últimos quatro anos, a níveis acima do razoável.
Nem bem as coisas se acomodaram na Casa Civil e eis que vem a baila um novo escândalo. Desta vez, envolvendo o Ministro dos Transportes, o Diretor Geral do DENIT (antigo DNER) e o presidente da VALEC, que é a empresa responsável pela construção da ferrovia “Norte-Sul” e a implantação do famoso “Trem bala”, que vai ligar o Rio a Campinas, em S.Paulo.
É óbvio, que todo e qualquer escandalo de corrupção afeta a Nação. Contudo este, que envolve o Ministro dos Transportes e o DNIT, afeta especialmente o Pará, uma vez que o DENIT é o órgão responsável pela pavimentação da Transamazônica (BR-230) e da Cuiabá-Santarém (BR-163), que são as duas maiores rodovias federais de chão do nosso Estado. E a mudança no comando desses órgãos, pode atrasar, ainda mais, a pavimentação dessas rodovias, cuja execução está sendo aguardada desde o primeiro governo Lula.
Agora, nem bem sentou a poeira do escândalo do Ministério dos Transportes, surge um novo. E este é muito mais preocupante que os anteriores, até porque compromete o futuro da nossa juventude e da nação. Trata-se do alarmante índice de reprovação na prova da OAB, que chegou a 88,275% de um total de 106.891 inscritos. Aliás, este número, por si só, é mais do que alarmante. É assustador. E concordo plenamente com a avaliação do Dr. Ophir Cavalcante, presidente nacional da OAB, quando diz que “isso é o reflexo, infelizmente, do ensino jurídico do Brasil”.
É claro que o ilustre presidente da OAB nacional, até por ética, se referiu apenas ao ensino jurídico, que, em tese, era o objetivo da prova da Ordem dos Advogados do Brasil. Contudo, quando a OAB verifica e traz a público o fato de que 81 instituições de nível superior, que participaram da referida prova, tiveram aprovação zero, por óbvio, deixa de ser uma avaliação pura e simples do ensino jurídico, mas, sim, de todo o ensino superior. E este fato ganha corpo, mais ainda, quando a realização da prova da OAB esteve a cargo da Fundação Getúlio Vargas, cuja reputação é inquestionável em todos os sentidos.
Mas, como é possível que de 106.891 bacharéis em direito, diplomados por nossas Universidades e demais Instituições de Ensino Superior, serem aprovados apenas 12.534?
É inadmissível! Mas, infelizmente, esse é o retrato da má qualidade do ensino superior em nosso país.  É o resultado do trabalho do Ministério da Educação, na sua permanente busca pelo aumento do número estatístico de estudantes universitários, sem a devida preocupação com a qualidade do ensino. Daí a proliferação das instituições, ditas de ensino superior, cada qual montando os seus cursos, provavelmente sem nenhuma supervisão e cuja grade curricular está aquém do razoável; além, é claro, das instituições de outros estados que invadem o interior do Pará, por exemplo, e, sem nenhum compromisso com a qualidade do ensino, oferecem cursos modulares, preocupadas, apenas, com o pagamento das mensalidades. E é por isso que um jovem prof essor, licenciado pleno em história e diplomado por uma dessas universidades importadas, desconhecia por completo a revolução francesa, mesmo sendo ela um marco histórico para a humanidade. Pode?! Ele graduou-se em história e nada sabia sobre a revolução francesa, porque nada lhe foi ensinado a respeito. Agora, esse jovem professor terá que estudar a revolução francesa autodidaticamente, se for responsável. E se não o for? Será mais um profissional frustrado, culpando o mundo pela sua falta de conhecimento.
Eis aí, portanto, um escândalo que deve ser investigado, a fundo, por uma CPI, do Senado ou da Câmara.

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