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domingo, março 11, 2012

Manifestação no centro de Belém diz não a retirada dos galpões da CDP


Uma manifestação pública na manhã deste sábado (10) teve como objetivo pressionar a Companhia Docas do Pará (CDP), para rever o projeto de implantação de um parque de contêineres, que, entre outras consequências, prevê a retirada dos galpões 11 e 12 do Porto de Belém, ambos remanescentes da arquitetura de ferro do início do século XX e tombados pelo Estado, dada a sua importância histórica. Os manifestantes fizeram uma caminhada, que saiu da CPD em direção a Escadinha do Ver-o-Peso.
Segundo a diretora do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Thais Toscano, o projeto é bastante complexo e fere o Estatuto da Cidade, afetando toda a estrutura viária e de tráfego da área central de Belém. A desmontagem dos galpões faz parte da primeira etapa do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento da CDP, que tem como objetivo ampliar a área já existente, comprometendo a área no entorno da CDP. De acordo com o plano, a atual rua Rui Barata seria suprimida e outra via seria aberta no local onde hoje se encontra um prédio particular. “Isso significa a supressão de vias, parcelamento de quadras, mudanças de uso afetando toda a rotina da população. A operação é complexa e precisa ser discutida não apenas pelos órgãos competentes, mas por toda a população”, explica Thais Toscano.
Um dos objetivos da manifestação foi alertar a população para o projeto, que está em vias de ser implantado, sem qualquer zelo ao patrimônio histórico. O pregão de desmonte publicado no último dia 29, não se refere em momento algum a catalogação das peças, o que segundo Thais Toscano é procedimento obrigatório por se tratar de um patrimônio tombado. “Eles tratam o assunto como se fosse uma estrutura contemporânea, passando por cima de toda a importância histórica e arquitetônica dos galpões”, critica.
A licitação para o desmonte foi embargada pelo Dephac e nesta segunda feira (12) o deputado estadual Zenaldo Coutinho deve ingressar com uma ação judicial para impedir definitivamente o processo de retirada dos galpões. Segundo o parlamentar, com o projeto a capacidade do porto iria triplicar, multiplicando também a quantidade de veículos pesados no centro da cidade, comprometendo vias arteriais como as avenidas Marechal Hermes e Pedro Álvares Cabral. “Não houve discussão com a sociedade. Ninguém foi consultado. Inclusive, os interessados chegaram a divulgar que a utilização seria apenas por meio fluvial, o que na realidade é impraticável”, ressalta Zenaldo Coutinho.
O Secretário de Estado de Cultura, Paulo Chaves, esteve presente à manifestação e demonstrou toda a sua indignação em relação ao descaso com que a CDP vem tratando a questão. “Evidente que só pela memória histórica esse projeto é totalmente inviável. Mas não é só isso. A ampliação irá provocar um verdadeiro caos no centro da cidade”, alerta o secretário. Os galpões 11 e 12 foram tombados pelo estado em 2000 e integram o Conjunto Arquitetônico Paisagístico do Porto de Belém. As estruturas de ferro são datadas de 1906, quando o porto foi aberto à navegação internacional.

Texto:
Danielle Ferreira-Secom

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