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terça-feira, junho 26, 2012

Fazenda Esperança é exemplo de ação terapêutica no Estado

                Se por um lado o governo está investindo na repressão ao tráfico de drogas, por outro está reforçando a estrutura de atendimento e apoio aos usuários de entorpecentes e seus familiares, seja implantando estruturas de atendimento ou fortalecendo as unidades terapêuticas já existentes. Foi o que aconteceu com a Fazenda Esperança, que fica em Bragança e trabalha na recuperação de 25 jovens dependentes químicos, que se dedicam a atividades como plantação, jardinagem, criação de pequenos animais e artesanato como terapia de recuperação. A Fazenda Esperança recebeu uma padaria para auxiliar na alimentação e renda dos internos. Foram investidos R$ 21 mil para a implantação da padaria e capacitação da mão de obra. Os internos passaram por um treinamento e já fabricam pães, salgados e biscoitos, que são usados na alimentação da fazenda e também são comercializados na cidade de Bragança.
                O trabalho de recuperação da Fazenda Esperança é baseado na liberdade e responsabilidade. O espaço é livre e o interno não está preso. “É preciso que o dependente queira a recuperação. Aqui ele é um homem livre, inclusive para concluir ou não o tratamento. Nós damos as ferramentas, mas é ele quem decide”, explicou o padre Carlos Afonso, coordenador da Fazenda Esperança. Para o padre, a padaria, que recebeu o nome “Pão da Esperança”, atua também como laboterapia entre os internos. “É muito bom ver que o governo acredita no nosso trabalho e que estava interessado em investir em algo que se adequava ao nosso modo de trabalho. A padaria, além de gerar renda, também funciona como terapia ocupacional, incentiva a responsabilidade e também profissionaliza o interno para o mercado de trabalho lá fora”. O interno Renan Machado, 24 anos, de Campos do Jordão, em São Paulo, acredita que a padaria fortalece sua autoestima e é garantia de ajuda para a sua família.  “Vendo o resultado do meu trabalho me sinto mais confiante em continuar o tratamento e seguro em saber que agora tenho uma profissão para manter a minha família”.
O Centro de Cuidados aos Dependentes Químicos (CCDQ) é um centro do governo do estado que oferece tratamento gratuito aos dependentes e seus familiares, através de internação para repouso ou desintoxicação, consultas médicas, oficinas, atividades em grupo e reunião com as famílias. A demanda pode ser espontânea ou por encaminhamento médico. “Nossa determinação é tratar o dependente para que ele não precise voltar, para que não tenha uma recaída. Por isso tratamos não apenas o paciente, mas a família inteira. Temos um leque de profissionais que atuam na área médica e psicossocial”, explicou Zélia Simão de Miranda, diretora do CCDQ.
                Dona Maria Auxiliadora, 48 anos, é dependente de álcool e chegou ao CCDQ com escoriações nos braços e pernas, após cair dentro de casa por causa dos efeitos da bebida.  Ela foi levada pela sobrinha Helaine Moraes, que resolveu ajudar a tia após receber o pedido de tratamento. “A gente da família sofre muito assistindo a pessoa definhar aos poucos, além do preconceito de muitas pessoas que não entendem que isso é uma doença. O CCDQ é uma luz pra gente que não tem condições para pagar um tratamento. Aqui somos bem recebidos e temos o atendimento necessário para o tratamento. Estou confiante na recuperação da minha tia”, afirmou Helaine.
Parceria com a ONU
                O trabalho do Governo do Pará no combate às drogas credenciou o estado para receber o primeiro Núcleo Amazônico do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodoc), que trabalha nas áreas de saúde, justiça e segurança pública. O lançamento foi feito em maio deste ano pelo representante da ONU, chefe do escritório da Unodoc no Brasil e Cone Sul, Bo Mathiesen. “Sabemos que o Pará e a Amazônia possuem características peculiares e são regiões cobiçadas e muito vulneráveis. A criação do Núcleo viabilizará bases sólidas para pesquisas, investimentos e uma cooperação para prevenir a violência e para que possamos lutar por uma sociedade mais justa”, concluiu Bo Mathiesen.
                O escritório, que será instalado em Belém no segundo semestre deste ano, tem como principal objetivo seguir e aplicar as leis brasileiras e as normas das Nações Unidas e das Convenções Internacionais ratificadas pelo Brasil, em matéria de políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida da população e a garantia dos direitos humanos na Amazônia paraense, podendo estender-se aos demais estados da região, por meio de instrumentos legais específicos. A prevenção também está na pauta do governo através do Programa Nacional de Resistência às Drogas e Violência (Proerd). O trabalho é realizado pela Polícia Militar desde 2003 e já formou mais de 60 mil crianças e adolescentes de cerca de 50 municípios paraenses.
                As aulas do Proerd acontecem dentro da escola e são ministradas por policiais treinados para este fim, em parceria com o professor responsável pela turma. Os pais também são sensibilizados pelo programa e as crianças formadas acabam se tornando agentes multiplicadores dentro da própria instituição de ensino e entre familiares e vizinhos. Em 2012 o programa foi institucionalizado e passou a fazer parte do Programa Plurianual – PPA, conforme explicou o coronel Osmar da Costa Junior, coordenador estadual do Proerd. “Agora o programa passa a ser atividade fim da Polícia Militar, isso significa mais recursos para atender um número maior de crianças e adolescentes. Neste ano, teremos três novas turmas de formação de instrutores, que vai somar 150 profissionais habilitados a dar aulas no programa, com isso pretendemos dobrar o número de atendimentos e formar 40 mil alunos em 2013”.

Texto:
Dani Filgueiras-Secom

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