Pará lança campanha de
combate à hanseníase
Uma programação educativa marcou neste domingo (30), na Praça da República, em Belém, o Dia Mundial de Combate à Hanseníase e o lançamento da Campanha Estadual 2011 de controle da doença no Pará. O evento foi promovido pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), em parceria com diversas instituições públicas e não governamentais.
Os objetivos da campanha são diagnosticar precocemente casos de hanseníase e divulgar informações quanto aos sinais e sintomas da doença, enfatizando a importância do exame de contato. A hanseníase é uma doença que tem cura.
Além das informações divulgadas pelas instituições nas diversas barracas armadas na praça, a programação contou com a apresentação da peça teatral "A Importância da Informação", encenada pela Rádio Margarida, uma ONG que usa arte, cultura e educação para tratar de saúde.
Com personagens como Dona Coló, o agente comunitário de saúde Anivaldo, Zezinho da Vila e o radialista José Garibaldi, as pessoas tiveram oportunidade de saber mais sobre o contágio, diagnóstico e tratamento da doença.
Na Praça da República, onde aos domingos funciona a Feira do Artesanato e acontecem diversos eventos culturais, profissionais de saúde, voluntários, diretores da Sespa e o secretário de Estado de Saúde Pública, Helio Franco, distribuíram panfletos com informações sobre hanseníase.
Migração - Helio Franco disse que a hanseníase é um problema preocupante, principalmente devido ao intenso processo migratório de pessoas nas regiões Sul e Sudeste do Estado, incentivado pelos grandes projetos, como agora a construção da Usina de Belo Monte no município de Altamira.
"Mas informação todo mundo tem. O grande desafio é convencer as pessoas da necessidade de procurarem o serviço de saúde para serem avaliadas", observou o secretário.
Ele destacou, ainda, a importância da parceria para trabalhar questões de saúde, como hanseníase e dengue, além de outras doenças. "É importante dizer sempre que a hanseníase tem cura e que quem começou o tratamento não pode parar", destacou Helio Franco.
Sintomas e tratamento - Os principais sintomas da hanseníase são manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou em tons de marrom em qualquer parte do corpo, com diminuição ou perda da sensibilidade ao calor, dor e ao tato, caroços e inchaços, dor e sensação de choque, fisgadas ao longo dos nervos dos braços, mãos, pernas e pés.
Segundo o dermatologista Carlos Cruz, a transmissão da hanseníase ocorre de pessoa para pessoa por meio da fala, tosse ou espirro, quando são eliminadas partículas infectantes. "No entanto, 90% da população têm proteção natural contra a hanseníase, e 10% adoecem", acrescentou.
Ele explicou que, atualmente, o tratamento contra hanseníase tem dois períodos: o de seis meses, com dois medicamentos, e o de um ano, com três medicamentos, sendo a Rifanpicina o principal antibiótico utilizado. Só na primeira dose já mata 99,9% dos bacilos, fazendo com que o paciente deixe de promover o contágio.
Conforme o dermatologista, a taxa de abandono do tratamento no Pará (7,9%) não é tão ruim, uma vez que a Organização Mundial de Saúde (OMS) determina que seja abaixo de 10%. Mas ainda há necessidade de ampliar a taxa de cura para mais de 80%.
Os municípios mais atingidos pela hanseníase são Marabá, Parauapebas, Jacundá e Eldorado do Carajás, exatamente onde estão localizados grandes projetos minerais, que atraem muitas pessoas de fora do Estado, como do Maranhão. A maioria dessas pessoas acaba vivendo em locais sem qualquer infraestrutura, como água potável, e sem alimentação adequada, facilitando a transmissão da doença.
Desafio - De acordo com o coordenador estadual de Controle da Hanseníase, Luiz Augusto, cerca de 700 profissionais de saúde já foram capacitados em hanseníase, sendo 176 só em Belém. "O maior desafio é quebrar o preconceito contra a doença. Por isso, a necessidade de outros setores estarem juntos, como educação, para mudar essa situação, já que até alguns profissionais de saúde têm preconceito", ressaltou.
Também é um desafio, segundo Luiz Augusto, a descentralização do atendimento para os 143 municípios, uma vez que apenas em 57% deles o Programa de Controle da Hanseníase está implantado. "E isso dificulta o acesso das pessoas ao tratamento, sem contar que muitas pessoas também têm dificuldade de chegar à unidade", observou.
O integrante do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Missondas Martins, de 48 anos, que tem sequelas da hanseníase, que o vitimou há 30 anos, disse que hoje as pessoas têm acesso ao diagnóstico precoce. "Hoje, as pessoas têm informação e qualquer pessoa pode fazer um autoexame, basta pegar uma agulha, um algodão molhado e fazer o teste de sensibilidade em manchas suspeitas", explicou.
A Campanha Estadual de Controle da Hanseníase se estenderá por todo o primeiro quadrimestre de 2011 com as ações sendo realizadas em parceria com as 13 Regionais de Saúde da Sespa, Secretarias Municipais de Saúde, instituições de Educação, AIFO, Unidades Especializadas Marcelo Cândia e Demétrio Medrado, Sociedade Brasileira de Dermatologia, Liga Acadêmica de Hanseníase do Pará (Lahanpa), Sociedade Paraense de Pediatria, Rádio Margarida, UFPA, Uespa, IFPA, Cesupa, Esamaz, Unama, Celpa, Cosanpa, Morhan, Pastoral da Criança, OMS e Ministério da Saúde.
Da Redação
Secretaria de Comunicação
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