O governador Simão Jatene recebeu, na tarde deste sábado (15), o ministro da Saúde, José Padilha, na capital paraense. O encontro teve como objetivo central a união de esforços entre os governos federal, estadual e municipal, no combate à dengue no Estado, que se encontra entre os 16 estados brasileiros com alto risco de epidemia da doença.
Simão Jatene disse de sua alegria em receber o ministro da Saúde no Pará logo no início do seu mandato e aceitou o pacto para combater o avanço da dengue no Estado. Para ele, "somos um grupo de humanos num momento de transição do milênio e ainda nos confrontamos com antigas mazelas. Não é questão de saber, o saber nós temos, o que falta é capacidade de construir uma grande aliança", explicou.
Conforme Jatene, em pleno terceiro milênio, 2,5 milhões de paraenses vivem com R$ 4,00 por dia. "temos desafios, mas apesar da diversidade do Estado, ainda não tivemos competência para usar essa diversidade para reduzir as desigualdades", lamentou.
Assim, de acordo com Jatene, "independentemente de partidos políticos é preciso construir alianças e pactos para melhorar a vida das pessoas". "Eu tenho certeza que nós vamos vencer a dengue, vamos começar com o pé direito, vamos mostrar que é possível", afirmou Jatene, ressaltando que as desigualdades o incomodam não as diferenças. "Vamos vencer o inimigo comum com a determinação de cada um de nós, esse teste é importante para todos nós", ressaltou. "A urgência agora é dengue, mas agora podemos melhorar a qualidade da saúde, reduzir a pobreza e a desigualdade", complementou.
Por fim, Jatene lembrou uma música de Elis Regina que diz que "o Brasil não conhece o Brasil", e disse que o mapa do País lembra um pernil, porém, "a maioria acredita que a saída está no osso, mas na verdade está na carne e eu tenho certeza que vai ser diferente no governo da Dilma".
O governador crê que vencerá a guerra contra a dengue por dois motivos: "disseram que era loucura construir cinco hospitais regionais e estão prontos. Na primeira vez que me candidatei, eu tinha 3% das intenções de voto e o povo me fez governador, como é que não podemos vencer a dengue? Se nós não formos capazes de vencer a dengue, como seremos capazes de vencer as desigualdades e pobreza?".
Ministro - "É o momento da virada para derrotarmos a dengue", com essas palavras, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, convocou o governador Simão Jatene, prefeitos e secretários de saúde para uma verdadeira guerra contra dengue no Estado. O encontro entre os gestores dos três níveis de governo aconteceu no auditório do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna.
O Pará é um dos 16 Estados brasileiros em situação de alerta para dengue, que estão sendo visitados pelo ministro da Saúde, por meio da chamada "Caravana da Dengue". Ele já esteve no Rio de Janeiro e Acre. "Todos serão visitados", garantiu Padilha.
Além do governador e do ministro, compuseram a mesa do evento o secretário estadual de Saúde, Helio Franco, a prefeita de Santarém, Maria do Carmo Martins, e o secretário municipal de Saúde de Belém, Sérgio Pimentel. O auditório estava lotado de prefeitos, secretários municipais e profissionais de saúde.
Padilha propôs que seja feita uma grande mobilização social contra a dengue, envolvendo o poder público, empresários, entidades de classe, organizações não governamentais e sociedade em geral. Pois só assim é possível o Brasil evitar uma grande epidemia da doença em 2011.
O ministro da Saúde ressaltou a importância da vigilância epidemiológica e do funcionamento da rede de atenção, para o diagnóstico e tratamento dos casos suspeitos, evitando o agravamento do quadro clínico. Ele afirmou que fará o acompanhamento semanal de todos os casos suspeitos de dengue no Estado.
Ele informou que foi criado um grupo interministerial envolvendo 13 Ministérios, que estão planejando suas ações de forma integrada incluindo o combate à dengue, o que pode ser reproduzido nos Estados e Municípios entre as áreas de obras, coleta de lixo, saneamento e esgoto etc. Também disse que parte dos recursos do PAC poderá ser utilizado pelos municípios para ações de limpeza.
Como parte da mobilização, Padilha pretende sensibilizar os empresários, mostrando que a dengue pode ter impacto no processo de trabalho e produção à medida que os trabalhadores doentes faltam ao serviço. Sua intenção também é se reunir com lideranças religiosas. "Se cada padre, pastor, pregador puder falar um pouquinho da dengue..."
Padilha quer mobilizar os profissionais de saúde como médicos, enfermeiros e dentistas e também vai se reunir representantes de operadoras de planos de saúde "já que muitos óbitos por dengue são de pessoas que têm plano de saúde".
E de acordo com o ministro o que faz as pessoas morrerem é não procurarem a unidade mais próxima de sua casa, e sim hospitais ou pronto socorros onde acabam esperando mais tempo por atendimento.
O ministro da Saúde prometeu mandar equipes da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) e da Secretaria de Vigilância à Saúde (SVS) para fazerem um diagnóstico da situação da dengue no Pará. Inclusive, já há técnicos do Ministério da Saúde em Belém com esse objetivo. "Queremos a rede de atenção preparada para atender às pessoas", observou.
Concluindo, Alexandre Padilha disse que tem um carinho especial pelo Pará e que se tornou um pouco paraense quando começou a vir para cá como docente de um mestrado na área de saúde, em Santarém.
Ele afirmou, por fim, que esse é o primeiro teste para todos, governo federal, estadual e municipal. "Não interessa o partido do governo, nosso objetivo é melhorar cada vez mais a estrutura de controle da dengue em todos os lugares".
Sespa - O secretário estadual de Saúde, Helio Franco, também participou do encontro e disse que todos têm informações sobre dengue, o que falta é convencer as pessoas a tomarem providências. Ele criticou a banalização da dengue, inclusive pela classe médica, mas o fato é que 10% dos casos da doença têm complicações que podem levar à morte.
Conforme Helio Franco, "não adianta haver Plano Estadual e Municipal de combate à dengue sem a participação efetiva da população, uma vez que 70% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti estão dentro de casa ou no entorno das casas". Ele também citou a necessidade de envolver as crianças e adolescentes nessa luta, por meio da educação.
Na opinião do secretário, quando a Constituição diz que "a saúde é um direito de todos e dever do Estado" acaba passando a ideia de que o cidadão não tem responsabilidade, o que não é verdade, como ocorre no combate à dengue. "É preciso que todos estejam nessa guerra contra um inimigo comum", alertou.
Helio Franco voltou a defender o método tailandês que considera como dengue todo caso de febre alta, dor no corpo e prostração, devendo o paciente ser tratado com hidratação intensa desde os primeiros sinais e sintomas da doença.
Roberta Vilanova - Ascom Sespa
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