Cerca de 200 pessoas que vivem no entorno do lixão do Aurá quebraram a rotina de vida como catadores de lixo para participar do “Carna Aurá”, bloco carnavalesco puxado pela equipe de assistência social da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), que levou para a rua abadás e fantasias de prevenção contra as drogas, dengue, Aids, violência, abuso sexual e trabalho infantil.
O bloco Carna Aurá se concentrou às 9 horas da manhã na feira livre do conjunto Olga Benário e percorreu as principais ruas do bairro Águas Lindas, em Ananindeua. Com faixas, cartazes,abadás e outras formas de exposição de palavras de ordem como “Quem compra drogas financia a violência e destrói o futuro”, o bloco foi arrastando a comunidade para a folia.
O bloco Carna Aurá foi dividido em seis cores, cada uma chamando atenção para um tipo de violação de direitos: O verde foi puxado pelas criancinhas e defendeu a preservação do meio ambiente e da vida, representando os homens, mulheres, crianças e adolescentes que a Funpapa atende.A cor vermelha representou o trabalho infantil e um alerta sobre essa mão de obra, muito frequente no lixão e comunidades do entorno, muitas vezes com a conivência dos próprios pais.
A cor azul foi usada como alerta contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes e o lilás alertou as famílias, que receberam preservativos de graça, para a incidência da Aids. A branca despertou para os perigos da dengue. Idosos animaram o bloco, puxado por um samba enredo escrito pela própria comunidade atendida no Cras Aurá e gravado pelo apresentador de TV Toni Rodrigues.
A Funpapa elegeu a cor preta para os foliões que alertaram para a prevenção das drogas, que todos os anos faz centenas de vítimas,a maioria jovens, adolescentes e até crianças de Belém.
O Disk 100, canal de denúncia contra a violação de direitos da criança e adolescente estava em vários cartazes, assim como a nomenclatura dos conselhos tutelares, espaços de apoio às famílias que desejam denunciar.
A ex-presidente da Funpapa, Maria Costa, que foi convidada pela comunidade a participar do evento ficou feliz com o resultado. “Fico muito grata por estar aqui presenciando o resultado deste trabalho que ajudei a iniciar. É muito bom trazermos consciência às famílias que precisam, acima de tudo, de esperança e paz em seus lares, para seus jovens e suas crianças”,afirmou Maria Costa.
“Nossa ação teve dois focos importantes: levar os serviços da Funpapa até a comunidade e ainda trazer mensagens de alerta sobre os riscos que elas correm em relação às drogas, à violência, às doenças. Riscos que temos a missão de prevenir com ações como esta”,disse a presidente da Funpapa, Carolina Ferreira, ao explicar que os participantes dos eventos carnavalescos nos espaços da Funpapa são oriundos dos programas de transferência de renda mínima, como Bolsa Família, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), Projovem Adolescentes, Grupos da Terceira Idade.
A comunidade aprovou a iniciativa. “É bom ver que alguém se preocupa com nossa família e nos avisa sobre esses riscos,disse a dona de casa Maria Cândida Fonseca”, moradora da Rua Max, ao reclamar que a violência no bairro está muito alta.
Há um ano no programa Projovem Adolescente, do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) mantido pela Funpapa no Aurá, Tadeu Pastano, 17 anos, também gostou da idéia e resolveu fazer parte do bloco que alertava contra a Aids.“É muito bom alertar as pessoas que ainda tem preconceitos”,diz o jovem que reside no conjunto Verdejante.
A Funpapa realizou a ação em parceria com o Demutran de Ananindeua, Sesma, Semma, Sesan, Polícia Militar e Lideranças Comunitárias.
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