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domingo, março 06, 2011

Desfile de escola de samba de padre parou pequena cidade em SP

Agremiação de São Bento do Sapucaí reúne mais de 500 integrantes.
Padre tem samba no pé e reza Pai Nosso com fiéis e foliões antes da festa.

Tahiane Stochero Do G1, em São Bento do Sapucaí (SP)
Padre dança durante desfile de escola de samba em
 São Bento do Sapucaí  (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Rezando a missa na Igreja da Matriz de São Bento do Sapucaí, no interior de São Paulo, ele é o pároco Ronaldo José Caetano Neto. Mas, quando tira a batina, o padre assume a função de presidente da Escola de Samba Mocidade Independente de São Bento do Sapucaí, criada há quatro anos por ele mesmo para incentivar a cultura na cidade de pouco mais de 10 mil habitantes.
Na noite deste domingo (6), o "Anhembi" da escola do padre foi a Avenida Conselheiro Moreira Alves, no centro de São Bento do Sapucaí, por onde desfilaram 507 integrantes em 23 alas. A festa na Avenida começou às 20h30, mas nada de mulheres seminuas ou com tapa sexo. A escola de samba tem no carro abre-alas uma cadeirante e os integrantes são, em sua maioria, crianças, idosos e deficientes físicos.
Outra diferença é que o padre reza o Pai Nosso, acompanhado por toda a população, antes do desfile. “Criamos a escola com o objetivo de valorizar as entidades que prestam assistência às pessoas da cidade, como o lar de acolhida de idosos, o centro de acolhida para deficientes e também a Lira Musical, nossa banda de música que completa 10 anos em 2011 e é a homenageada do samba-enredo da escola deste ano”, diz o padre.

O padre Ronaldo toca na bateria da escola e também tem samba no pé. Antes do desfile, ele passa em vistoria às alas. Em seguida, entusiasma todos os integrantes para a folia. Foi ele quem convidou a cadeirante com paralisia cerebral Daiane de Costa Galvão, de 17 anos, para abrir o desfile no carro abre-alas.

“Ela se sente valorizada, briga com o desfile, com as roupas, com a alegria. No primeiro carnaval da escola, quatro cadeirantes desfilaram. As outras mães não deixaram mais, mas a Daiane quer sempre vir”, diz a mãe da jovem, Debora Aparecida da Costa.

Na bateria, um menino cadeirante toca pandeiro. Deficientes auditivos e visuais de toda a região de São José dos Campos e Campos do Jordão também participam da festa em alas separadas. Em um trenzinho, os idosos do lar da velhice da cidade vibram.

“Tenho 71 anos e me sinto como quando tinha 14, quando comecei a pular carnaval. Criei 11 filhos, que agora me deram 25 netos e 12 bisnetos. Estou na velhice, mas é hora também de aproveitar e ser feliz”, afirmou a aposentada Benedita Custódio da Silva.

Na ala das baianas, Luzia Cristino dos Santos, de 80 anos, vibrava. “Desfilo desde que o padre criou a escola. As fantasias são feitas por nós, após muito trabalho para conseguir os adereços e tecidos”, diz Luzia.

A concentração da bateria começou às 19h, em frente à Igreja da Matriz, enquanto a missa da 18h ainda não tinha terminado. As alegorias de todas as alas impressionam pela beleza e pelos detalhes rigorosamente checados. Mas como conseguir verba para a escola de samba? O padre não gosta de pedir dinheiro para políticos ou empresas. Tem seu próprio método, que deu certo.
“Durante todo o ano mantemos na frente da igreja uma barraquinha vendendo doces e salgados para arrecadar dinheiro para o carnaval. Temos também uma cavalgada e outros eventos, que nos ajudam com fundos”, responde o padre.

O religioso também faz com que os fieis (ou os integrantes da escola de samba) contribuam para que a escola cresça. “Não gosto de dar nada de mão beijada. O pessoal tem que valorizar, aprender que nada nasce assim, tem que se construir um trabalho”, explica o padre Ronaldo.

O padre virou uma espécie de herói na cidade. Entre os moradores, nas ruas, ele é elogiado por ter “valorizado a população e resgatado a felicidade do carnaval familiar em uma escola de samba de luxo”, disse Débora Aparecida.

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