(AE) - Durante sua vida, Chico Xavier atraiu milhares de pessoas para a Casa das Preces, entidade espírita fundada por ele em Uberaba (MG). E, apesar de ser sempre lembrado por sua humildade, talvez o médium, que completaria hoje 101 anos, se deslumbrasse com outra multidão. No ano passado, quase 7,5 milhões de espectadores lotaram os cinemas nacionais para ver os filmes Chico Xavier, que mostra a vida do mineiro, e “Nosso Lar”, adaptação de seu livro de maior sucesso. Agora, com o objetivo de encerrar uma espécie de trilogia, chega aos cinemas, com mais de 300 cópias, “As Mães de Chico Xavier”.
Com direção de Glauber Filho e Halder Gomes, a estreia focaliza a história de mães que receberam cartas supostamente escritas por seu filhos mortos em sessões de psicografia do médium.
Semelhança: O filme apresenta uma narrativa segmentada, que curiosamente traz um quê de semelhança com “Além da Vida”, longa-metragem dirigido por Clint Eastwood, que aborda a vida após a morte e também segue os acontecimentos na vida de três personagens, que só se encontram no final da trama - o mesmo se passa aqui.
Para Souto Maior, a estreia cumpre uma função importante, a de mostrar um lado ainda não explorado pelos outros longas. “Estava faltando isso. O Chico sentado numa mesa do pequeno centro, as mães na frente dele, aquele silêncio, que só era quebrado pelos choros de mães que recebiam cartas. O impacto desse Chico carteiro finalmente está sendo retratado”, diz. Halder Gomes destaca o ar de trilogia que as produções apresentam. “Involuntariamente, esse longa fecha a trilogia do centenário do Chico Xavier. É um grande motivo para as pessoas voltarem ao cinema”, diz.
Mas, se o foco da ficção nas correspondências supostamente escritas por Chico Xavier pode ser novidade, o rosto que o personagem traz nesta produção é o mesmo do longa anterior. De acordo com Glauber Filho, a escolha foi feita intuitivamente e não por conta do sucesso de Chico Xavier. “Hoje, eu não sei dizer o motivo, mas eu não consegui pensar em outro ator. E também não acho que deveria ter procurado apenas porque ele havia feito o filme do Daniel”, afirma.
Para Via, que vive uma das mães e é empresária e ex-mulher de Nelson Xavier, o ator foi capaz de transformar o personagem. “O Chico ancião que ele vive neste filme não é o mesmo do outro longa-metragem. Aqui, ele nos apresenta um Chico amoroso, já em paz com suas questões”, diz.
Com um orçamento de R$ 3,8 milhões, a obra filmada no Ceará e em Minas Gerais perde pela falta de ritmo, que em muitos momentos se torna arrastado e cansativo, e pelo excesso de frases feitas. Mas, ainda assim, ao recriar situações comuns em qualquer família, é capaz de emocionar, o que talvez pudesse ter sido feito com mais sutileza. Como provavelmente Chico faria.
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