Por Tânia Menezes / Fotos: Elivaldo Pamplona
Técnicos de órgãos municipais e homens da Polícia Militar visitaram nove Associações de Malhação de Judas de quatro bairros de Belém, na noite desta sexta-feira (08). Este foi o terceiro encontro do Município com representantes das entidades para definir providências referentes à infraestrutura, segurança e divulgação da programação do velório e da Malhação de Judas, realizados há sessenta e um anos, na madrugada da Sexta-Feira Santa e manhã do Sábado de Aleluia.
A manifestação cultural, que hoje reúne um público de mais de cinco mil pessoas somente na Cremação e outras cerca de cinco mil na Condor, Jurunas, Marco e Outeiro, começou tímida em 1950, por iniciativa do sargento Quincas no próprio bairro da Cremação, com a intenção de representar um castigo ao traidor de Jesus e do povo. Atualmente, a Malhação inclui uma programação diversificada com brincadeiras, shows, comidas típicas, a celebração do velório e o linchamento propriamente dito do boneco de Judas.
A disseminação das associações para outros bairros é resultado do sucesso da iniciativa do sargento Quincas, segundo os representantes das demais associações. “Só tinha ele, mas ficava longe e como a comunidade participava, nós fomos criando associações em outros lugares. Ganhamos o apoio da Fumbel e outros órgãos que nos ajudam”, conta o presidente da Associação de Malhadores de Judas da passagem Teixeira, Haroldo Cardoso. “Com o tempo, a programação foi ganhando mais elementos do que a malhação como a queima de fogos, por exemplo, as brincadeiras de quebra pote e os shows musicais com espaço para o carimbó, MPB, pagode, um pouco para tudo”, detalha Haroldo.
Para Paulo Ribeiro, presidente da mais antiga associação de malhadores, a Malhação de Judas representa um momento de crítica social importante, já que os temas são propostos pela própria comunidade em resposta ao que já não aceitam mais. “Este ano, por exemplo, um dos Judas será o prefeito Amazonino Mendes, que mostrou discriminação com os paraenses. Também vamos malhar a dengue que castiga a população nesse período”, explica ele ao contar que a violência e a educação não foram esquecidas pelas demais associações no bairro.
“É uma manifestação tradicional da comunidade, e nada mais lógico, do que a Prefeitura dar o apoio logístico necessário ao evento cultural”, afirmou a diretora do Departamento de Ação Cultural da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), Lídia Albuquerque, que coordenou a visita técnica aos espaços de realização do evento.
A Companhia de Transportes de Belém (CTBel), as secretarias municipais de Saneamento (Sesan) e de Urbanismo (Seurb), Guarda Municipal de Belém (GBel) e Polícia Militar também participaram da visita para identificar a necessidade de melhorias na iluminação pública, trechos de rua a serem interditados, desvios no trânsito, eventuais ações de limpeza e o efetivo para o policiamento das áreas de programação.
“Vamos atuar com o policiamento ostensivo preventivo, com homens de moto, a pé, em viaturas, trabalhando integrados com a comunidade, principalmente as mais carentes. Se depender da PM, a programação com certeza, vai ser um sucesso”, garante o sub-comandante da 4ª Zona de Policiamento, Capitão Marcelo Siqueira. “É bom a população entender que vai ser coibido o exagero do consumo de bebida alcoólica e não haverá espaço para a desordem”, adverte o militar.
A GBel também vai atuar na segurança das áreas onde acontece a Malhação. “Nós estamos aqui na visita para conhecer a necessidade de pessoal e posteriormente definir o efetivo que atuará na segurança”, explicou o inspetor Antônio Carlos.
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