Por Ascom Sesan / Fotos: Alzyr Quaresma
"Achei muito boa essa iniciativa. A população não se preocupa em separar esses materiais para reciclar e, muito menos, em manter a cidade limpa. Mas cada um tem que fazer a sua parte". A frase, da moradora Ana Sílvia Lisboa, ilustra bem a essência do projeto de coleta seletiva porta a porta implantado pela Prefeitura de Belém na nova Via Parque Marquês de Herval.
Ana Sílvia, de 42 anos, diz que a população não guarda na bolsa ou no bolso a lata de refrigerante, a garrafa de água e os papéis de bala. “Custa cada um fazer essas pequenas coisas? O governo faz sua parte, mas a população não cuida e não ajuda. Estou fazendo minha parte. E, sempre que puder, vou continuar doando esse material”, afirmou.
Raimundo Vilas, de 62 anos, é outro morador que também aderiu à iniciativa do governo municipal. “É a primeira vez que participo de uma campanha de coleta de material reciclável. É ótimo poder ajudar o meio ambiente e as pessoas que vivem disso”, disse. Ele explicou que, antes, colocava esse resíduos em um saco plástico, para ser coletados pelo caminhão de lixo. “Agora, vou separar tudo, e esperar as quintas feiras (dia do recolhimento desse material) para ajudar a Prefeitura e, também, a cidade”, acrescentou.
A presidente da Associação de Catadores de Coleta Seletiva de Belém (ACCSB), e fundadora de uma das primeiras cooperativas de catadores do Aterro Sanitário do Aurá, Maria José de Moraes, 55 anos, reforça a importância do projeto. “É muito melhor sair do trabalho com lixo e passar a trabalhar pelo meio ambiente, nas ruas de Belém. Poder ajudar a conscientizar a população, e alertar sobre a necessidade de separar esse material com o qual trabalhamos e de onde retiramos nosso sustento”, disse. Um detalhe curioso: ela teve a ideia de montar a Associação quando achou uma revista no Aterro do Aurá. A publicação falava sobre o projeto de coleta seletiva em uma capital brasileira. O segundo passo foi procurar a Prefeitura Municipal de Belém, que aprovou e deu o devido apoio ao projeto.
Raimunda Sobral da Silva, 50, trabalha há mais de 20 anos com coleta de resíduos. Ela atua agora na coleta seletiva na avenida Marquês de Herval. Raimunda, que sempre trabalhou no Aterro Sanitário do Aurá, comemora a melhoria em seu trabalho. “A minha vida melhorou muito. Antes, eu trabalhava em cima do lixo, com chuva, lama, debaixo de sol forte. Aqui nas ruas é bem melhor, já que trabalhamos com o que gostamos. Ajudamos a preservar o meio ambiente, ganhamos nosso dinheirinho e não prejudicamos nossa saúde”, afirmou.
O recolhimento dos resíduos recicláveis na Via Parque Marquês de Herval começou em 7 de abril. E, nesse primeiro dia, foram coletados cerca de 120 quilos de resíduos, distribuídos em três "bags" (embalagens usadas para o armazenamento no material recolhido).
Os funcionários do núcleo de educação ambiental do Departamento de Resíduos Sólidos (DRES), da Sesan, também estiveram na Marquês. Eles conversaram com os moradores da área, para os quais distribuíram panfletos sobre a importância da separação dos materiais recicláveis. Esse acompanhamento também foi feito na quinta feira (14) para reforçar a importância do projeto.
Segundo a secretária municipal de Saneamento, Pilar Nogueira, a coleta dos materiais recicláveis na nova avenida Marquês de Herval acontecerá todas as quintas-feiras, das 9 horas ao meio dia. “O objetivo do projeto porta a porta de coleta seletiva é incentivar a população a participar de maneira mais efetiva nesse projeto, que visa melhorar a imagem da cidade de Belém” diz Pilar Nogueira. Com essa colaboração da sociedade, a cidade ficará mais limpa e, também, haverá uma importante contribuição para o meio ambiente, acrescentou ela.
A coleta seletiva em Belém acontece desde 2002. À época, a prefeitura espalhou contêineres pela cidade, para que a população neles depositasse os resíduos recicláveis. Mas esse modelo de separação voluntária teve que ser modificado, por conta da ação de vândalos, e do uso irregular dos equipamentos, utilizados, por exemplo, para colocar animais mortos, restos de alimentos e lixos hospitalares.
Por essa razão, o projeto foi reformulado, sendo implantado um novo modelo, o do recolhimento porta a porta. Dos materiais que podem ser recicláveis, apenas pilhas e lâmpadas não poderão ser recolhidas, pois quem recebe esse tipo de material é a empresa responsável por esses produtos. Mas garrafas pets, latinhas, papelões e plásticos serão recolhidos e vendidos para as empresas associadas à Prefeitura Municipal de Belém.
Antes da avenida Marquês de Herval, a Secretaria Municipal de Saneamento já havia implantado o mesmo projeto nos bairros do Umarizal e Nazaré. O projeto porta a porta começou com a iniciativa da Sesan, por meio de seu DRES, em parceria com a Associação de Catadores de Belém e a Caixa Econômica Federal (CEF).
No Brasil, produz-se cerca de 100 mil toneladas de lixo por dia, mas se recicla menos de 5% do lixo urbano – muito baixo comparado aos países desenvolvidos. Em Belém, a Prefeitura quer ajudar a aumentar essa porcentagem. Com esse novo projeto começando na Marquês, a secretária Pilar Nogueira pede a colaboração da população, para que ajude o poder público a manter a cidade limpa. Os moradores devem respeitar os horários de coleta de lixo domiciliar e não jogar entulho nas vias, sobretudo às margens e dentro dos canais, pois tal prática contribui para a ocorrência de alagamentos.
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