Desde os primeiros dias de 2012, os profissionais do Centro
de Controle de Zoonoses (CCZ) realizam ações educativas e preventivas em todas
as feiras e mercados da cidade. Conversando com consumidores e comerciantes, os
profissionais orientam sobre os principais cuidados para evitar a proliferação
dos roedores e os riscos de contaminação com a leptospirose.
Na tarde desta quinta-feira (19), técnicos do CCZ, centro
vinculado a Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), fizeram a
desratização das feiras da Pedreira, 25 de Setembro e Bandeira Branca (Marco).
Em 2011, Belém registrou 61 casos de leptospirose, doença
que pode ser mortal, se não for diagnosticada precocemente. Transmitida pela
urina do rato, começa a apresentar seus primeiros sintomas, cerca de 30 dias
após a pessoa ter contato com a urina. Em geral o paciente apresenta febre,
dores musculares, principalmente nas pernas e panturrilha.
Mas há casos conhecidos em que pacientes doentes
apresentaram sintomas diferentes ou simplesmente não apresentaram sintoma
algum, evoluindo posteriormente para formas mais graves da doença. Porém, em
90% dos casos, se tratada de forma adequada, a evolução da doença é benigna.
Os veterinários do CCZ depositaram os raticidas longe do
alcance de humanos, mas em locais de fácil acesso aos ratos, como esgotos,
valas, buracos próximos ao lixo. Além da disseminação do raticida, os técnicos
da sesma orientam os feirantes e comerciantes sobre noções básicas de higiene e
cuidados. Após duas semanas, as equipes retornam aos locais visitados, para
averiguar se o raticida foi consumido.
O médico veterinário Roberto Brito, que comanda a ação pelo
CCZ, esclarece que o veneno provoca hemorragia gradual no roedor, 48 horas após
ser ingerido. “Este veneno possui ação prolongada, chegando a durar meses nos
locais onde é instalado. É sempre bom ressaltar, que este raticida tem ação
sobre ratos, não oferece risco imediato a humanos e não é atrativo a animais
como cães e gatos. Mas mesmo assim é sempre bom termos cuidado e evitar contato
direto, mas em um possível acidente, a pessoas deve procurar imediatamente um
médico e utilizar a vitamina K1, principal antídoto ao veneno, encontrado em
alimentos com caroteno, como a cenoura”, afirma Brito.
Ainda em janeiro, a operação de desratização, que já é
rotineira no calendário de ações da Sesma, vai atuar nos canais de diversos
bairros da capital, complexo do Jurunas, feira de São Brás e feira da Batista
Campos. E até o final do ano, a Operação vai vistoriar todos os mercados,
feiras e demais logradouros semelhantes em toda a cidade. Cada um destes locais
será fiscalizado outras vezes até o final de dezembro de 2012.
Moradora do bairro da Pedreira há 35 anos, dona Angelina
Cruz, 58, mora nas imediações da principal feira do bairro e afirma que a
presença de ratos no local a deixa assustada. “Sempre vejo ratos circulando
próximo a feiras, principalmente na época das chuvas, tenho muito medo de pegar
alguma doença, por isso acho muito importantes o trabalhos que os veterinários
da Sesma estão fazendo. Mas não basto só isso, tomos temos de fazer nossa parte
e ajudar, pois o rato só aparece onde há alimentos pra ele. Temos de preservar
e cuidar da higiene e limpeza, dentro e fora de nossas casas. A doença que o
rato transmite é muito perigosa”, disse.
Transmissão - O rato de esgoto (Rattus novergicus) é o
principal responsável pela infecção humana, em razão de existir em grande número e da proximidade com seres
humanos. A bactéria causadora da Leptospirose multiplica-se nos rins desses
animais sem causar danos, e é eliminada pela urina, às vezes por toda a vida do
animal. Eliminada junto com a urina de animais, a bactéria sobrevive no solo
úmido ou na água. Não sobrevive em águas com alto teor salino.
A bactéria penetra através da pele e de mucosas (olhos,
nariz, boca) ou através da ingestão de água e alimentos contaminados. A
presença de pequenos ferimentos na pele facilita a penetração, que pode ocorrer
também através da pele íntegra, quando a exposição é prolongada. Os seres
humanos são infectados casual e transitoriamente, e não tem importância como
transmissor da doença. A transmissão de uma pessoa para outra é muito pouco
provável.
Texto: Fernando Rodrigo Diniz - Ascom Sesma / Fotos: Adriano
Magalhães
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