Febre,
dor de cabeça e manchas pelo corpo são sintomas iniciais comuns de várias
doenças infecciosas. Por isso, neste período chuvoso, os médicos precisam estar
mais atentos às queixas dos pacientes, evitando que uma doença grave, como
meningite meningocócica, dengue, leptospirose, hantavirose, febre amarela,
hepatite aguda, doença de Chagas e leishmaniose, possam ser confundidas com
virose. O diagnóstico inicial deve ser feito por meio da história do paciente e
do exame físico, daí a necessidade de o paciente contar tudo o que sente, e o
médico escutar e examinar atentamente, para evitar equívocos.
Devido
às chuvas, as pessoas tendem a ficar mais aglomeradas, como em ônibus, escolas
e outros locais fechados, o que facilita a transmissão da meningite, uma doença
que pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus e
fungos, e não infecciosos, como os traumatismos.
Devido
à gravidade, merecem maior preocupação as meningites bacterianas meningocócica,
pneumocócica, tuberculosa e a causada pelo Haemophilus influenza, que acometem
as membranas do sistema nervoso central, chamadas de meninges. Alguns desses
agentes, como é o caso do Haemophilus tipo B, o Meningococo tipo C e o
Pneumococo, podem ser evitados com vacinas que fazem parte do calendário básico
de vacinação.
Atualmente,
no Sistema Único de Saúde (SUS), o diagnóstico é feito na Unidade de
Diagnóstico de Meningite (UDM), inaugurada em abril de 2011 no Hospital
Universitário João de Barros Barreto, resultante de parceria da instituição com
a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Todos os pacientes com
suspeita de meningite devem ser encaminhados à UDM pelas Unidades Básicas de
Saúde e instituições hospitalares, inclusive privadas, que não dispõem desse
tipo de serviço.
Referência - De acordo com a médica infectologista e
diretora da UDM, Maria José Leão Lima, a Unidade é referência para todo o
Estado. A diferença é que, quando necessário, o paciente do SUS fica internado
no "Barros Barreto", que é referência em infectologia, e os demais
retornam para tratamento nas unidades de origem.
Ela
explicou que, quando o paciente chega, é avaliado pelo médico e, se tiver
realmente sintomas de meningite, é feita a punção lombar do líquido
cefalorraquidiano (LCR) ou líquor. No caso de meningite bacteriana, a cor
alterada já indica a infecção, diferentemente da meningite viral, em que o
líquido não sofre praticamente nenhuma alteração de cor, sendo necessários
outros exames para confirmação.
Com o
diagnóstico confirmado, o paciente inicia imediatamente o tratamento na própria
UDM, que dispõe de oito leitos, sendo quatro de isolamento, além de sala de
punção e três consultórios, com atendimento feito por equipe multidisciplinar.
O serviço é mantido pela Sespa, que paga os recursos humanos e insumos.
Segundo
Maria José Lima, a UDM atende em média 170 pacientes por mês, mas a tendência é
que esse número aumente no período chuvoso, “uma vez que é o primeiro inverno
que a Unidade está enfrentando, já que começou a funcionar em abril do ano
passado”.
Meningite - Maria José Lima ressaltou que os médicos devem
ficar atentos, especialmente em relação à meningite meningocócica, que entre os
sintomas, além de febre e dor de cabeça, tanto em criança como adulto,
apresenta pequenas manchas arroxeadas, que com o passar do tempo se tornam
maiores, bem diferentes das manchas vermelhas apresentadas em casos de dengue,
doença que também causa febre, dor de cabeça, dor nos olhos, músculos e
articulações.
A
transmissão da meningite é de pessoa para pessoa, por via aérea (tosse e gotas
de saliva de uma pessoa contaminada para outra). Em crianças maiores e adultos,
os principais sintomas são febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, dor
e enrijecimento da nuca, e manchas pelo corpo. Em crianças de até 8 ou 9 meses
deve-se suspeitar da doença quando há febre, irritação ou agitação, vômitos e
recusa alimentar, convulsões e moleira (parte superior do crânio) inchada.
As
principais medidas preventivas contra a meningite são as vacinas, manter a casa
arejada e evitar aglomerações. Segundo o secretário de Estado de Saúde Pública, Helio Franco, “sol e vento são
detergentes para bactérias”.
Serviço: A Unidade de Diagnóstico de Meningite (UDM)
funciona no Hospital Universitário João de Barros Barreto, na Rua dos
Munducurus, 4487, bairro do Guamá. Telefones: (91) 3201-6632/6633.
Texto:
Roberta Vilanova-Sespa
Nenhum comentário:
Postar um comentário