A primeira Reforma Agrária do Pará, a criação da Assistência Judiciária Pública Cível, as primeiras Audiência Públicas, o Tratado de Comércio entre Brasil e Argentina, a declaração de Estado de Guerra por Getúlio Vargas. Esses e muitos outros momentos históricos do Estado do Pará podem ser lidos na coluna "A História no Diário Oficial", publicada no Diário Oficial do Estado do Pará (DOE), diariamente.
A coluna,
escrita por Ribamar Castro, jornalista e bacharel em direito, resgata e retrata
a história paraense, através dos atos dos governadores do Pará, desde o início
da República, informando aos leitores os acontecimentos históricos do Pará e as
decisões governamentais que influenciaram a vida da sociedade paraense e
alteraram o futuro.
O
Jornalista Lúcio Flávio Pinto é um dos leitores assíduos da coluna. Ele conta
que começou a ler o Diário Oficial em 1969. “Com a censura, o acesso às
informações era muito difícil, então passei a buscar fontes alternativas para
realizar o meu trabalho de jornalista e o Diário Oficial passou a ser uma
dessas fontes. Desde então, leio todos os dias, e quando passou a ser publicada
a coluna do Ribamar eu liguei parabenizando e incentivando o seu trabalho, por
sua grande relevância documental e histórica”, conta.
O
primeiro ato histórico de um governador foi publicado em 1998, desde então,
atos governamentais relevantes são publicados diariamente na capa do DOE. O
responsável pelo minucioso trabalho de pesquisa, conta como teve início a
coluna. “Como eu já trabalhava há muitos anos na Imprensa Oficial, queria fazer
algo que deixasse algum legado, foi quando fiz o projeto da coluna que
preservava a memória da gestão pública e, na época o então presidente Nélio
Palheta, apoiou o projeto e teve início a coluna”, conta Ribamar.
A
aceitação pelo público e o sucesso foram tamanhos que quatro anos após a
publicação no DOE da primeira coluna foi lançado um livro reunindo os
principais atos dos governadores. Tratava-se da "I Edição dos Atos dos
Governadores", uma publicação que reúne os principais atos do período de
1891-1930. Os textos revelam momentos da República Velha, em atos como a
extinção do Diário Oficial. A obra foi lançada em 2002 em comemoração aos 111
anos do Diário Oficial, durante a Feira Panamazônica do Livro.
Em
2011, foi lançada a "II Edição dos Atos dos Governadores", que
retrata o período de 1930-1937, o Estado Novo, época governada pelos
interventores e presidida por Getúlio Vargas. A edição reúne atos do período
militar, sob o comando do coronel Landry Salles Gonçalves, chefe da Brigada
Militar em operações no Norte, até o fim do período do governo constitucional
de José Malcher, passando pela junta Governativa Provisória. Entre os atos
desta, está a criação do Tribunal Revolucionário, o decreto que dissolveu o
Congresso Estadual e instauração do Estado de Sítio no Brasil. A obra foi
lançada em comemoração aos 120 anos do DOE, na Feira Pan Amazônica do Livro.
Após
pesquisar mais de 18 mil edições de Diários Oficiais, Ribamar Castro continua
com seu trabalho e agora prepara a III Edição, prevista para ser lançada em
setembro deste ano, durante a Feira do Livro, e que reunirá os principais Atos
dos Governadores do período de 1947-1953. “Quem quiser saber sobre a história
da direção pública do Pará pode ler os livros, que retratam de forma cristalina
a história”, indica Ribamar.
Fiel
leitor e colecionador da coluna, Lúcio Flávio também tornou-se um dos grandes
incentivadores da "A História no Diário Oficial". Para o jornalista,
o trabalho é de grande relevância, pois “Recupera e faz uma documentação fiel
da história republicana do Pará , uma vez que resgata a história de uma fonte
oficial e cristalina, que é o Diário Oficial”, sintetiza. Ele foi convidado por
Ribamar para escrever o prefácio da II publicação dos Atos dos Governadores.
O
Diário Oficial do Estado do Pará nasceu com a criação da Imprensa Oficial como
órgão da administração pública estadual, no dia 14 de abril de 1890, pelo
Decreto nº 137, assinado pelo governador Justo Leite Chermont. Em 11 de junho de 1891, circulou o primeiro
número do Diário Oficial, já no governo do capitão de mar-e-guerra Duarte Huet
de Bacellar Pinto Guedes. Há 46 anos fazendo parte desta história, Ribamar
Castro elucida o objetivo do seu trabalho: “Contribuir para a preservação da
memória da administração pública. Confirmando esse tempo pretérito, nossa
identidade e um por vir rico, edificado no tempo que se foi, a partir dos atos
dos nossos governadores”, declara.
Texto:
Manuela Viana-Secom
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