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quarta-feira, fevereiro 16, 2011

COLUNA DO NICIAS RIBEIRO: O poder da internet

Os anos quarenta foram marcados pela brutalidade da 2ª grande guerra mundial e que acabou em 1945, com a rendição da Alemanha e depois do Japão, este, após a detonação das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. E, com isso, todos imaginavam que o mundo passaria a viver um longo tempo de paz. Infelizmente, porém, o orgulho e a vaidade da raça humana criou outro tipo de guerra, camuflada, na base da espionagem e de tensões, a chamada guerra fria, na qual os EUA e a União Soviética disputavam a primazia de quem possuía o maior arsenal de armas nucleares e quem tinha a arma capaz de destruir o mundo, como as bombas de hidrogênio e de nêutrons.
Foi sob esse clima de incertezas, que nasceram a geração do final dos anos 40 e do início dos anos 50. Aliás, a adolescência dessas duas gerações, especialmente aquela nascida no final dos anos 40, viveram a iminência de uma guerra nuclear no início dos anos 60, quando os EUA bloquearam o acesso dos navios russos à baía dos Porcos, em Cuba, que traziam os mísseis que seriam instalados naquela ilha do Atlântico. E não há dúvidas de que aquele momento, foi um dos mais cruciais da “guerra fria” e por pouco, mas muito pouco mesmo, não houve a guerra entre essas duas potências nucleares, que, naquele tempo, eram as únicas que existiam, uma vez que só depois é que a China e outros países construiram as suas bombas atômicas.
- Nicias Ribeiro
- Engenheiro eletrônico
- nicias@uol.com.br

Contudo, essa geração que nasceu e viveu em meio à “guerra fria”, teve, por outro lado, a oportunidade de vivenciar acontecimentos marcantes e que mudariam o mundo para sempre, como a eleição do Papa João Paulo II e depois a assenção de Mikhail Gorbachev ao comando da antiga União Soviética que, graças a “perestroika”, avançou nas reformas internas e nos acordos de desarmamento nuclear com os EUA. Depois veio a queda do muro de Berlim e a reunificação da Alemanha; a queda dos governos totalitários da Polônia, da Hungria e de vários outros países satélites da antiga União Soviética. Enfim, viu-se o fim da União Soviética, da guerra fria e do risco do Armagedon.
Mas, essa geração que vivenciou todos esses acontecimentos no final do século XX, jamais poderia imaginar que, logo no início do século XXI, iria assistir o mundo árabe reagir contra os seus próprios governantes, como se viu na Tunísia e no Egito, quando o povo, em manifestações espontâneas e sem nenhum líder, disse não aos governos ditadoriais alí instalados há décadas. Aliás, e muitos ainda se perguntam, como é possível a população desses países, historicamente submissa e desarmada, decidir protestar e exigir que o ditador deixasse o governo? Contando apenas com o poder da internet e dos celulares?
É inegável que essas manifestações devem merecer o respeito e o reconhecimento de todos, até porque, via de regra, sempre há um líder por trás da massa, que orienta nas manifestações e que visa desestabilizar o governo instalado, o que não foi o caso da Tunísia e nem do Egito, daí as dificuldades para a transição política, do status-quo-antes para o futuro.
Na verdade, o que se viu, foi um povo reagindo à fome e ao desemprego, como que reeditando a histórica revolução francesa, que eclodiu pela falta de pão e acabou por decapitar o rei Luiz XVI e a rainha Maria Antonieta, coisa que, graças a “Alá”, não se chegou a esse extremo, talvez por não existir a figura do líder e por isso, imagino, os ditadores tiveram como fugir para outros países, ou, como foi o caso do “faraó”, ir para sua casa de veraneio no Mar Vermelho.
O importante é que o povo venceu. Daí a festa em praça pública, quando o vice-presidente anunciou que o faraó havia renunciado e ido embora e que ele, que havia sido nomeado pelo ditador, também estava batendo em retirada e que entregava o governo a um conselho militar para fazer a transição política. O povo vibrou, até porque o que desejava era mandar embora o ditador que governava o Egito há 30 anos, sem se incomodar com a fome e o sofrimento daquele mesmo povo que ele, provavelmente, jamais imaginava, que um dia se rebelaria com tamanha determinação por 18 dias consecutivos e que resistiria ao sofrimento de mais de 300 pessoas mortas e quase 5.000 feridos. E tudo isso com a efetiva participação das mulheres. Que “Alá” proteja.

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