Por Gilson Faria / Fotos: João Gomes
O ano letivo de 2011 começou diferente para 300 crianças do bairro do Tapanã, na periferia de Belém. Elas fazem parte do primeiro grupo matriculado na Escola Municipal Professora Alda Eutrópio de Souza, no conjunto Aldo Almeida. Com um prédio de 1.202,77m² de área construída, sete salas de aula projetadas para atender crianças de 4 e 5 anos da Educação Infantil (Jardim I e II), a instituição segue o modelo de Eco-escola, onde tanto as instalações quanto a pedagogia utilizada estimulam o desenvolvimento de múltiplas inteligências nos alunos.
A Escola Alda Eltrópio é a quarta Eco-escola implantada pela Prefeitura de Belém. Em 2008, a Semec entregou a Eco-Escola Professora Laís Fontoura Aderne e a Eco-Escola Professora Allana de Souza Barboza. A primeira, no conjunto Paracuri II, em Icoaraci, e a outra no conjunto Ariri-Bolonha, no bairro Sideral. No ano passado,a PMB inaugurou a escola Rita Nery, no bairro do Tenoné.
As eco-escolas fazem parte de um programa educativo internacional, iniciado na Europa e propõem uma pedagogia inovadora, que busca despertar, desde cedo, uma consciência ecológica, valorizando os recursos naturais existentes. Em Belém, esse trabalho foi idealizado pela educadora Rita Nery, juntamente com a secretária municipal de educação, Terezinha Gueiros.
Na primeira semana de aula para as crianças do Tapanã já era observada a alegria em cada uma delas. Para a coordenadora pedagógica da escola, Jesus Gama, já é o resultado da maneira diferente com que elas iniciaram as atividades. Logo na chegada à escola, os alunos iniciam uma atividade de grupo para despertar o interesse. As professoras interagem por meio da música, interpretam e motivam as crianças. “Elas vão para a sala de aula com mais disposição”, diz a pedagoga. Outro fator que chama a atenção na escola é a ausência de livros. “Nós alfabetizamos nossas crianças com a troca de experiência em sala e nos locais de atividades”, explicou Jesus Gama.
O conceito de Eco-escola é demonstrado nos trabalhos desenvolvidos com materiais reutilizados, numa valorização do meio ambiente, do convívio social dos alunos, no dia a dia de cada um. Um exemplo observado na área externa da escola são as caixas coletoras de lixo. Elas foram feitas com papelão reaproveitado. E foram as crianças que realizaram o trabalho. A pedagoga Jesus Gama mostrou mais um exemplo: “uma lata de goiabada pode virar um pandeiro. É o estímulo para a música, utilizando a valorização do meio ambiente”, conta.
Na Eco-escola, as salas de aula são chamadas de salas de ambientes. São utilizadas sete habilidades diferentes para desenvolver as atividades. Entre elas está a sala chamada de lógico-matemático, onde as crianças brincam e, ao mesmo tempo, aprendem a contar. Os jogos são construídos pelas próprias crianças, sempre reutilizando materiais. Tem também a sala de linguagem escrita, a musical, a naturalista, a sala de brinquedos, de artes e a que dá suporte a todas. “Uma sala contempla a outra e a cada dia os alunos estão em locais diferentes, num revezamento constante, para eliminar a repetição de todos os dias, como nas escolas comuns”, diz a coordenadora pedagógica.
Esta semana uma atividade bem gostosa estimulou a soma e os numerais. As crianças meteram a mão na massa para fazer o próprio lanche, o gostoso doce Monteiro Lopes. Nessa atividade elas descobriram a importância do trabalho em grupo, a cor, a soma e numerais. Uma forma gostosa de aprender com prazer. A professora Jesus Gama ressalta que o projeto pedagógico da escola é diferenciado por esses detalhes. “Aqui ninguém decora a soma dos números, descobre os números. Aqui não tem dever de casa, tem a produção em família por meio da pesquisa, buscando parcerias com os pais. E com isso, a comunidade sempre está do nosso lado”, revela.
Prazer em aprender
Em menos de uma semana de aula, a professora Ana Paula (ela faz questão de ser chamada de professora, embora o “tia” ainda esteja amarrado) foi surpreendida durante uma atividade musical. As crianças foram estimuladas numa brincadeira e acabaram escrevendo a palavra pai, aprenderam com prazer. “Pai tem vogal e consoante, e para quem ainda não saber ler e escrever, isso foi gratificante”, diz a professora.
As professoras da Eco-escola fazem capacitação diária e no final de cada mês elas realizam o que elas chamam de culminância. Elas se transformam em atrizes e dramatizam aos alunos tudo que ensinaram nas atividades em sala. Este mês, por exemplo, a lenda da Vitória Régia será o tema da peça teatral. Os pais de alunos também vão interagir com as crianças. Uma vez por mês eles são convidados para realizar atividades na escola. A coordenadora pedagógica, Jesus Gama, resume com uma frase a importância do aluno na Eco-escola: “Aqui, a criança não é julgada, é ponderada”, conclui.



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