Ações que visem levar à ressocialização das internas do Centro de Referência Feminino - CRF de Ananindeua. Este foi o principal objetivo da programação alusiva ao Dia Internacional da Mulher, promovida pela equipe técnica da Superintendência do Sistema Penal (Susipe) e contou com a participação da Defensoria Pública do Estado do Pará, através do Núcleo Avançado de Atendimento Criminal - Nacri, e do Núcleo de Atendimento Especializado a Mulher - Naem.
De acordo com a Diretora do Centro, Dorotéia Lima, o objetivo do evento foi contribuir com informações relevantes aos direitos das mulheres, através da educação e cultura. "A iniciativa é de grande importância no âmbito carcerário. A parceria com a Defensoria Pública e seus Núcleos é fundamental para desenvolvermos esse tipo de ação e isso mostra a valorização do trabalho que em conjunto nós desenvolvemos".
A equipe interdisciplinar do Nacri que promove atividades no CRF atuou com o Projeto Cinearte e Autoestima e o Naem contribuiu com as palestras informativas abordando temas como "Inovações trazidas pela Lei Maria da Penha" e os "Efeitos psicológicos da violência doméstica e familiar", ministradas, respectivamente pela Defensora Pública Janice Costa e pela Psicóloga Mislene Lima.
"Além de esclarecer as dúvidas a respeito da Lei Maria da Penha, o nosso objetivo também é mostrar o trabalho desenvolvido pela Defensoria, através do Naem, fazendo com que mais pessoas possam identificar uma possível vítima de violência e dessa forma, direcionar a vítima aos órgãos competentes para que encontre os melhores caminhos a fim de resolver esses conflitos domésticos", explicou a Defensora.
Sobre a palestra sobre a Lei Maria da Penha, a interna Carla Damasceno disse que teve uma grande importância não só para ela, mas para as demais mulheres do Centro. "Acho que é importante sabermos quais são nossos direitos, sem aquele medo de poder denunciar, sabendo que há pessoas lá fora, que estão lutando pela gente e nos amparando, revelou.
"Toda a programação de hoje foi de grande valia, pois visou o processo de ressocialização das mulheres, apesar de algumas estarem na condição de agressoras, porém percebemos que muitas delas também são vítimas de violência doméstica e psicológica e, portanto o evento surge como uma maneira de prepará-las para quando saírem daqui, tornarem-se novas mulheres", afirmou a Assistente Social do Nacri, Socorro Fialho.
A Psicóloga Mislene Lima palestrou sobre o significado de violência doméstica e como a mesma foi desenvolvida ao longo do tempo pela sociedade. "É uma violência de gênero que foi construída culturalmente e socialmente com conceitos sobre a diferença entre homens e mulheres. A mulher foi vista sempre como frágil, sensível e fraca, e o homem com a imagem de dominador", esclareceu.
Mislene alertou para a necessidade de criação de políticas públicas para acabar com a violência, seja ela qual for. "Há uma proposta da Defensoria Pública para a criação do núcleo especializado para atender ao homem agressor, no sentido de evitar que a violência aconteça. Além do acompanhamento com o defensor, o assistido terá também o acompanhamento da equipe do psicossocial. Esperamos que o projeto dê certo, pois a nossa rede de serviços ainda é muito carente de atendimento voltado aos homens".
"Acreditamos que o evento tenha sido de suma importância, pois foi uma grande oportunidade que a Susipe nos deu de contribuir com os nossos serviços nos mais diversos ramos, de forma com que cada ação teve o objetivo de minimizar o sofrimento das pessoas que estão em cárcere, considerando que muitas mulheres não recebem mais a visita de seus familiares, como as que são do interior do Estado, face às dificuldades que lhes são próprias", concluiu a Assistente Social do Nacri, Maria Lima dos Santos.
Na ocasião, o Grupo Teatral da Defensoria Pública apresentou a peça "Maria, Maria, Mulher Guerreira", despertando emoções, tirando sorrisos e aplausos, com temas que enalteceram a autoestima e homenagearam a todas as mulheres do Centro, além de orientações sobre os serviços oferecidos pela Defensoria e seus Núcleos e distribuição de brindes e cartilhas informativas.
"A mensagem transmitida através da peça faz com que elas possam entender melhor os direitos que possuem, pois são muitos os serviços que a Defensoria disponibiliza. Foi muito gratificante ver a satisfação no olhar e no sorriso de cada mulher do Centro, pois este é um Projeto que realmente valoriza o ser humano", ressaltou o Assistente de Informática da Defensoria e membro do Grupo Teatral.
As internas mostraram seus dons artísticos e interagiram com os membros do Coral da Defensoria e em conjunto interpretaram, a canção "Maria, Maria". Em seguida, os dois grupos musicais do Centro (flauta e violão) apresentaram a canção "Asa Branca" e "Mulher", deixando o evento ainda mais significativo para todos os participantes.
"O evento veio demonstrar um pouco da realidade da vida lá fora. Estamos em um cárcere, mas isso não quer dizer que não possamos ter esse acesso. Eu agradeço muito a colaboração da penitenciária e da Defensoria. Espero que tudo isso seja significativo e que cada interna possa levar no seu coração tudo o que foi dito hoje. Queremos a reeducação das internas, isto é o que nós buscamos", concluiu a interna Claudiceliane Abreu.
Ascom Defensoria Pública
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