Da Redação
Agência Pará de Notícias
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A combinação maré alta e lua cheia provocou uma das maiores ondas da pororoca dos últimos dez anos. Surfistas e ribeirinhos da região do rio Capim comemoram o fenômeno. "Agora teremos fartura de peixes e muitos frutos nas árvores", disse a dona de casa Tereza Souza, 68 anos. A mulher nunca saiu da região e comemorou muito a onda que se formou nas águas do rio, levando pela frente árvores e a madeira das pontes. Para os surfistas que estavam manobrando na onda, a velocidade e impetuosidade das águas não poderiam ser melhor. "A pororoca voltou", exclamava o presidente da Associação Brasileira de Surf na Pororoca, Noélio Sobrinho.
Muitos curiosos se aglomeraram à beira da orla do terreno já denominado de "Mirante do barriga" na comunidade de Monte D'ouro, a 18 quilômetros da área urbana do município de São Domingos do Capim. O novo endereço da pororoca no Capim é próximo à ilha do Tóio, outro ponto ainda existente, porém sem os maiores atrativos de antigamente. "Nós vamos descobrindo os melhores lugares para ver a pororoca. E graças a Deus agora caiu aqui no meu terreno", disse Marineide de Jesus Freitas, 36 anos. Ela, inclusive, já tem planos para o futuro promissor que a onda violenta poderá deixar, "ano que vem vamos melhorar, se a prefeitura ajudar também", completou.
A onda forte da pororoca era esperada por oito surfistas profissionais, incluindo Jens Henkel, da Nova Zelândia, e Franco Pserchia, da França. Outros nomes mais famosos no Brasil, como o do ator Omar Docena, da novela Insensato Coração, também se arriscaram na aventura e não fizeram feio, permanecendo sobre a prancha por vários minutos. O veterano Noélio Sobrinho, um dos mais entusiasmados, também ficou vários minutos manobrando a prancha sobre as águas do rio Capim.
O recorde de permanência sobre a onda pororoca é do surfista paranaense Sergio Alves, com 33 minutos, em seguida vêm os cearenses Adilton Mariano e Marcelo Bibita com mais de vinte minutos. O recorde foi batido na pororoca do rio Mearim, no estado do Maranhão, há mais de cinco anos. Segundo Denys Sarmanho, diretor de arbitragem da Associação de Surf na Pororoca, o surf de São Domingos está inaugurando um novo modelo de exibição, sem o peso da responsabilidade da competição, "mas o campeonato continua no Maranhão, Pará e Amapá", destaca.
Desafio: A onda forte e alta deu para cumprir a programação do Desafio Radical da Pororoca, que acontece juntamente com o Festival da Pororoca, na cidade de São Domingos do Capim, até esta segunda-feira, 21, quando a onda do fenômeno deverá permanecer por mais tempo e com uma altura superior a 50 centímetros. Até agora, as previsões estão se confirmando. Para esta segunda-feira, a maré vai alcançar 3,8 metros, conforme o Serviço de Sinalização Náutica da Marinha, a maior alta de todo o mês de março.
Ribeirinhos convivem com fenômeno dia e noite
Os moradores ribeirinhos da bacia do rio Capim convivem com o fenômeno da pororoca dia e noite. Por isso, alguns cuidados precisam ser tomados para evitar prejuízos com animais, embarcações e pontes. Dona Tereza Freitas, uma das moradoras mais antigas de São Domingos, conta que as fortes ondas já conseguiram formar uma ilha em frente ao seu terreno. "Essa ilha aqui (ela aponta para o outro lado rio), foi formada ao longo desses anos só com o poder da pororoca que arrasta pedaços de terras de um lado para o outro", conta a mulher de 68 anos. Ela disse ainda que a partir do início de cada ano, a pororoca começa a aparecer, sendo mais forte e alta nos meados de março e abril, "este mês já foram várias vezes", disse.
E muita gente aproveita para ver o fenômeno durante a noite. Nesta semana de lua cheia e maré alta, a pororoca torna-se mais frequente com duas passagens, uma pela parte do dia e outra no horário noturno. "Esta noite vai ter pororoca de novo por volta de meia-noite. Tem gente que gosta de ver, mas eu ainda tenho medo", conta dona Tereza Freitas.
O fenômeno da pororoca tem ajudado a melhorar a economia do município, ainda vinculado à extração da mandioca. O turismo, segundo o prefeito José Cristiano Martins (PT), seria o mais importante viés, tendo a pororoca como vitrine. "A pororoca é nossa maior vitrine e nós vamos preparar a cidade para receber os turistas que aqui estiverem", disse.
A cidade de São Domingos do Capim está localizada na região nordeste do Pará e ganha notoriedade quando chega o período da pororoca. Há mais de dez anos são realizados o Festival e o Surf na Pororoca, com apoio do Governo do Estado, nas áreas de segurança, logística e, mais recentemente, a cidadania, com ações de saúde e esporte e lazer. A programação especial atrai milhares de pessoas dos municípios de Castanhal, Irituia e Mãe do Rio.
Selma Amaral - Ascom-Seel
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