Está aberta oficialmente a quadra junina de Belém. A programação teve início, na noite desta terça-feira (14), com a exposição ‘Movimentos Juninos’, no Museu de Artes de Belém (Mabe). A mostra organizada pela Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel) vai até o dia 03 de julho. Ao todo, são 23 peças do vestuário típico usado pelos integrantes das quadrilhas no concurso realizado pela Prefeitura.
Os trajes estão expostos em pares, com a roupa do casal brincante e apresenta um pequeno histórico da quadrilha junina de origem. De acordo com o presidente da Fumbel, Carlos Amílcar, os trajes da exposição ‘Movimentos Juninos’ foram e mostram o nível de profissionalização e criatividade dos grupos culturais de Belém e também do interior.
“Algumas peças evidenciam traços de identidade do grupo, personalidade. Outras variam, mas também são ricos de criatividade”, afirma o pesquisador de cultura popular e diretor de Teatro, Miguel Santa Brígida, ao conhecer a exposição. “Você vê 190 quadrilhas em disputa e percebe a força da competição aqui em Belém”, admira o pesquisador, que diz nunca ter visto algo igual em nenhum outro lugar do Brasil que já visitou.
As quadrilhas juninas chegaram ao Brasil com a vinda da família real, mas tiveram origem na Inglaterra nos séculos XIII e XIV como manifestações culturais rurais, principalmente durante a Guerra dos 100 Anos. A França também desenvolveu a manifestação e as trocas culturais teriam resultado nas influências trazidas para o Brasil, quando as danças passaram a acontecer durante o mês de junho, em agradecimento aos santos católicos São João, São Pedro e Santo Antônio, pelas boas colheitas.
Na exposição, os detalhes nas roupas chamam a atenção para a manutenção das tradições dos trajes típicos e a adaptação as propostas das quadrilhas juninas, como nas peças da quadrilha Sedução Ranchista, que usa sarrapilheira, tecido ilustrado em grafite com imagem do Ver-o-Peso, vidrinhos com patchouli e cherinho do Pará usado nos acessórios.
Calças jeans também ganham vez nos trajes em exposição, estilizados e adaptados ao estilo caipira. Sementes, miçangas, pedras brilhantes e até massa de modelar ganham forma nos trajes da exposição que na abertura ganhou trilha sonora específica da quadra junina e banho de cheiro perfumando o Mabe.
Jurados participam de Seminário
Além da exposição, a abertura da quadra junina contou com a realização de um seminário sobre os objetivos do Arraial de Belém aos 19 jurados que avaliarão as quadrilhas e misses nos concursos oficiais do Município.
Este foi o primeiro encontro da Fumbel com os jurados e também um momento de esclarecimentos dos quesitos que serão cobrados nos concursos durante a festividade junina. “Nós chamamos de seminário, mas na verdade é uma reunião, porque todos os jurados são na verdade especialistas, doutores e até pós-doutores na área de artes. Então, nós não temos o que ensinar, apenas vamos informar sobre os critérios do concurso”, esclarece Carlos Amílcar.
“Nós queremos é que os jurados estejam afinados com a gente com o objetivo de manter a essência das tradições juninas, percebendo, é claro, a evolução natural do processo, sem perda da tradição”, explica a diretora de ação cultural da Fumbel, Lídia Albuquerque.
Em sua maioria, os jurados são professores de artes, dançarinos, atores, produtores culturais e jornalistas especializados. Cristina Lobato é coreógrafa e professora de dança já experiente como jurada em concursos, mas é a primeira vez que atuará como julgadora no concurso de quadrilhas juninas de Belém. “Eu imagino que vá ver coisas lindíssimas pelo trabalho e dedicação que os grupos desempenham, a garra que eles tem", afirma.
Serviço:
Exposição Movimentos Juninos
Data: de 14 de junho a 03 de julho
Local: Museu de Arte de Belém, no Palácio Antônio Lemos, na Praça Felipe Patroni
Horário: das 09h às 18
Texto: Tânia Menezes
Nenhum comentário:
Postar um comentário