Há décadas tentando retornar à antiga função, ex-militares que afirmam ter sido excluído do quadro do Corpo de Bombeiros ou Polícia Militar de forma injusta foram recebidos pelo Governo do Estado. Uma comissão representando a categoria esteve reunida na tarde desta terça-feira (28) com o chefe da Casa Civil da Governadoria, Zenaldo Coutinho. Durante o encontro, eles afirmaram que o número de ex-militares que luta para voltar a atuar na corporação onde trabalhavam gira em torno de 1.400. Algumas dessas pessoas, ainda de acordo com a comissão recebida por Zenaldo, deixaram suas atividades acusadas injustamente de ter cometido algum delito. Outros teriam sofrido assédio, perseguição e foram forçados a pedir licença do serviço. Os casos relatados datam desde a década de 1970, mas apenas há cerca de quatro anos o grupo se uniu para tentar reverter a situação.
Para o chefe da Casa Civil, é preciso antes fazer uma verificação detalhada na lista de 1.400 nomes. "Se vocês colocam todos que estão na reserva no mesmo grupo vocês podem estar juntando pessoas que são eventualmente vítimas de uma injustiça, mas também gente que desonrou a farda, cometeu crimes, se corrompeu. Acho que o primeiro passo seria vocês mesmo fazerem uma mínima seleção do grupo. Porque vocês estarem misturando joio e trigo é complicado. Depois, o Estado teria que analisar cada caso, porque cada um é um processo", observou.
Zenaldo informou que iria discutir o assunto com o governador Simão Jatene e o comandante da PM, Coronel Mário Solano, mas ressaltou que o assunto precisa ser tratado com seriedade e cautela, pois não trata-se de "uma mera decisão administrativa", uma vez que envolve decisões tomadas por vários ex-comandantes de gestões passadas e mais de mil processos, que precisariam ser analisados.
Casos
Ronaldo Silva Pensador, ex-cabo da PM, pediu licença não remunerada da corporação no ano de 1995. Ele alega ter tomado a atitude após sofrer perseguição do antigo comandante. Hoje trabalhando no sistema penitenciário, Ronaldo afirma que o comandante responsável pelo seu afastamento alterou o pedido de licença e o excluiu do quadro da polícia. "Eu tinha oito dias de casado na época e minha esposa estava grávida de seis meses. Como eu ia pedir para sair de um emprego?" questiona o ex-militar, que falou em nome de todo o grupo. Segundo ele, esta foi a primeira vez que a comissão foi chamada para conversar com o Governo do Estado.
"O que nós queremos é reverter a nossa situação e também resgatar a nossa dignidade. Porque grande parte dos nossos companheiros, quando vai procurar emprego fora e diz que é ex-policial militar, o que deduzem? Que a pessoa tá fora da polícia ou porque roubou ou porque matou. Eles não percebem o que realmente levou a pessoa a estar naquela situação", afirma. Além de Ronaldo Pensador, estiveram reunidos com Zenaldo os ex-soldados Antônio Correa, Fábio Augusto Moura, Iracema Silva e Márcia Melo.
Keila Ferreira - Ascom Casa Civil
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