(Foto: Divulgação)
Ás seis horas da tarde do dia 10 de outubro de 1976, a TV Globo exibia uma novela que começava com um cântico com as palavras “Lerê Lerê”, mostrava imagens de quadros de Debret sobre a escravidão, servindo como premissa para a história de amor e sofrimento da escrava Isaura (Lucélia Santos). A partir dessa data, nada mais foi o mesmo. O que se viu foi o surgimento de um fenômeno midiático que mudou a forma de se fazer esse produto e repercutiu gigantescamente a nossa teledramaturgia mundo afora.
Adaptada por Gilberto Braga do romance de Bernardo Guimarães escrito em 1875, Escrava Isaura se tornou um épico televisivo de 100 capítulos, considerada a novela mais bem sucedida da história. “Escrava Isaura tem várias virtudes. A primeira é contar a história de um período crucial para entendermos o Brasil de hoje, através de uma obra de referência na literatura. E a ‘escrava branca’ da Lucélia Santos cativou multidões com sua personagem não só pela boa atuação, mas também por ter encarnado uma situação ao mesmo tempo melodramática - a velha história do amor que sofre barreiras, da jovem que sofre a perseguição de um amor não correspondido, ao mesmo tempo um drama muito real – com a questão da escravidão”, opinou Guto Lobato, jornalista que faz mestrado em Comunicação na Faculdade Casper Libero (SP), pesquisando a relação entre informação e entretenimento nas telenovelas brasileiras que falam sobre o exótico.
Para ele, apesar de parecer pesada pelo tema denso, a história foi contada na novela de uma maneira muito simples, divertida e acessível. “Isso facilitou a identificação do telespectador brasileiro e despertou a curiosidade em relação àquele período histórico”, ressaltou o estudioso.
Aliando esse ‘naturalismo’ ao tratamento impecável de ambientação, figurinos e tudo que compõem uma novela que se passa numa outra época, foi difícil não ficar grudado em frente a TV durante os cinco meses em que a novela foi exibida, relembrou o economista e contabilista Orlando Ruffeil. “Apesar de ter como favorita a novela Estúpido Cupido, por falar de uma época que vivi, tenho uma ligação grande com Escrava Isaura por que era ótima, tinha grandes atores e era tecnicamente impecável, com uma história com apelo universal”.
Leia mais no site do Diário do Pará...
Nenhum comentário:
Postar um comentário