Na última semana, o município de Inhangapi foi movimentado por uma série de atividades voltadas para a preservação da natureza. O V Festival Pró-Ambiente, ou Pró-Pirá, foi realizado no centro cultural do município e reuniu outras cinco atividades específicas. Com o tema “Meio Ambiente: Fonte de Vida”, o evento congregou a I Campanha de Limpeza e Proteção do Rio Inhangapi; o II Concurso de Jardinagem de Inhangapi; IV Oficina Pró-Pirá – Educação Ambiental Aquática para crianças e adolescentes; VI Expo-Flor – Exposição de Flores e Plantas nativas de Inhangapi; VIII Expo-Pirá – Exposição de Peixes Nativos da Bacia do Rio Inhangapi.
As atividades ambientais foram organizadas pela Empresa de Assistência técnica e Extensão Rural (Emater), coordenadas pelo médico veterinário Kenji Oikawa. Ele ressaltou que várias atividades acontecerem nas semanas que antecederam os dois grandes dias. Por exemplo, as oficinas voltadas para a “Educação Ambiental Aquática para crianças e adolescentes”, 100% das escolas municipais e estaduais aderiram ao movimento de promover a educação ambiental nos alunos matriculados. “Cerca de 80% da população de Inhangapi vive na zona rural do município. Este conhecimento repassado ainda na escola com certeza vai formar cidadãos preocupados com o meio ambiente, principalmente do nosso município”, afirmou o técnico.
O jovem Carlos Eduardo Moraes, de apenas oito anos, aprendeu bem a lição. Aluno da terceira série do ensino fundamental da Escola Municipal Orlando Piedade, ressaltou que não se pode jogar lixo na água, não se deve cortar as árvores e nem desmatar as encostas do rio. “Tudo isso aqui pode acabar se nós não cuidarmos”, afirmou.
Já sobre a “Campanha de Limpeza e Proteção do Rio Inhangapi”, o técnico da Emater explicou que o trabalho de conscientização junto à comunidade ribeirinha já acontece há bastante tempo. Mas que para o evento do Pró-Pirá foi acertado uma surpresa de impacto aos participantes. Sacos de lixo de 60 quilos foram distribuídos para que 30 pescadores e moradores das margens do rio Inhangapi recolham o lixo que bóia no rio. Todo o material recolhido pelos ribeirinhos foi exposto no centro do espaço cultural. “Precisávamos sensibilizar as pessoas que visitaram o espaço a não poluir os rios lançando lixo nas águas. Expor todo o material coletado foi a forma encontrada”.
Pró-Pirá
O Pró-Pirá foi um projeto piloto concebido em 2003 pelo governo do estado, durante o primeiro mandato do atual governador Simão Jatene, e executado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) com o objetivo de restabelecer a fauna aquática das microbacias hidrográficas do Estado. Em 2005, em virtude do trabalho de desenvolvimento sustentável da Amazônia, o governo japonês firmou um acordo de cooperação técnica, através da Agencia de Cooperação Internacional do Japão (Jica) por três anos. Em 2007 foi criado o I Festival Pró-Ambiente de Inhangapi.
Sentido de preservação, educação ambiental aquática, formas alternativa de produção de pescado foram algumas ações previstas. O técnico da Emater responsável pelo projeto, o médico veterinário Kenji Oikawa, revelou que este é um trabalho constante e “o ponto alto é este festival que começou com o apoio da Jica e há cinco edições é de organização da sociedade. É com envolvimento de todos os setores que o sucesso da ação é garantido. Hoje o trabalho da Emater junto com a prefeitura municipal e outros parceiros é o que transformou nosso sonho em realidade”, afirmou.
Pesca predatória
Membros da Associação de Desenvolvimento Sustentável de Inhangapi (Adesi) clamam por uma solução do poder público para fazer da pesca predatória atividade ilegal na bacia do Rio Inhangapi. Os pescadores pedem por uma aprovação de lei que coíba esta prática. O trabalho de conscientização desses produtores rurais começou através do projeto Pró-Pirá, que tem o intuito de repovoamento do rio da região com as espécies nativas, educação ambiental e a prática de piscicultura como alternativa para consumo.
O presidente da associação, Benedito Gonçalves, explica que logo em que ele começou na atividade pesqueira havia uma grande variedade de espécies, mas que de uns tempos pra cá esta realidade mudou drasticamente. “Foi com a chegada do trabalho da Emater e da Secretaria de Agricultura nos demos conta que podíamos fazer algo para reverter esta situação”, comentou.
A pesca predatória seria um dos fatores que poderiam estar contribuindo para a diminuição dos peixes da região. Ainda segundo o presidente da Adesi, o rio Inhangapi tem servido de “espaço” de lazer para visitantes vindos de municípios vizinhos. Em busca de pesca em águas calmas, o que poderia ser uma pesca esportiva, muitas vezes, torna-se uma pesca predatória. “Os pescadores de final de semana saem daqui com 15 a 20 quilos de pescado. Usando tarrafa, rede e até bombas eles acabam por extinguir as matrizes que se reproduzem nas encostas do rio, deixando os alevinos desprotegidos, virando facilmente preza de outros animais”, revela Benedito.
“Por isso estamos pedindo que o poder público tome uma atitude para que a proteção do rio se transforme em lei, onde quem desrespeitar seja punido” e acrescenta “mas para isso será preciso também uma ostensiva fiscalização como forma de coibir essa prática que em breve se tornará ilegal”, declara o presidente da Adesi. O rio Inhangapi possui 54 quilômetros de extensão.
Sobre a situação da pesca no município, Oikawa reforçou que é imprescindível a perpetuação da piscicultura na região como forma de oferecer uma alternativa viável para que a forma de alimentação da população não seja alterada, caso a lei seja aprovada, e a pesca seja terminantemente proibida na região. O médico veterinário afirmou ainda que a procriação de espécies em tanque-rede é uma prática legal, de simples manutenção e segura. “Nós técnicos da Emater estamos aqui para prestar apoio e assistência técnica a todos os pescadores que decidirem se tornar produtores de peixe em tanque-rede”.
Kanny Teixeira - Ascom Emater
Nenhum comentário:
Postar um comentário