A violência praticada contra o idoso, as causas, as consequências e a relação desse problema com o aumento da expectativa de vida da população foram as temáticas principais de um seminário alusivo ao Dia Mundial de Combate à Violência contra o Idoso, realizado nesta quarta-feira (15), pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Coordenação Estadual de Saúde do Idoso.
Ocorrido em Belém, no Centro Integrado de Inclusão e Cidadania (CIID), o encontro reuniu profissionais da Sespa, representantes do Ministério Público, de municípios, associações em defesa da Política do Idoso, acadêmicos e estudiosos em Geriatria. A proposta foi também de discutir a integração dos serviços de apoio para enfrentamento da violência contra a pessoa idosa, tendo em vista a necessidade de estimular a estruturação de uma Rede de Atenção Integral à Pessoa em Situação de Violência contra a Pessoa Idosa no Estado.
Para o coordenador estadual de Saúde do Idoso, Guilherme Moura, o dia 15 de junho foi adotado pra relembrar toda uma estratégia de proteção à população que já ultrapassou os 60 anos de idade, mas que o tema vislumbra um alerta permanente do poder público para a notificação real de casos de violência contra o idoso e a necessidade de ações práticas em favor da cidadania dessa geração. "É uma violência velada e praticada no seio da família, por quem devemos também nos preocupar", acrescenta.
A artrose e a osteoporose estão entre as causas das quedas de idosos, que também podem ser provocadas por doenças cardíacas; perda de visão; vertigem e desequilíbrio; perda de audição; anemias e fraqueza. Atualmente, a medicina possui técnicas minimamente invasivas que podem eliminar ou reduzir os problemas ortopédicos. "No entanto, o melhor remédio é a prevenção, ou seja, manter um estilo de vida saudável, praticando exercícios físicos e evitando o álcool e o fumo", recomenda Guilherme Moura.
Walquíria Alves, representante do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa, lembrou que o aumento da expectativa de vida da população tem favorecido o maior tempo de convívio de avôs e netos, e o conflito de gerações. Agressão física, psicológica e principalmente financeira são circunstâncias comuns na faixa etária acima dos 60 anos. "Esse diálogo perpassa desde a educação na sala de aula até o atendimento da família pelo poder público. Temos que nos empenhar mais nesse aspecto", diz.
José Maria Júnior, da Promotoria do Idoso do Ministério Público, destacou o encontro como uma forma de renovar o debate em torno da saúde do idoso, inclusive no que se refere às demandas coletivas e individuais que chegam ao Ministério. "Seria muito importante que os municípios estivessem mais empenhados nessa situação, de forma que descentralizaríamos as ações para racionalizarmos o atendimento às denúncias de maus tratos", esclarece.
Representante do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, o paraense Emídio Rebelo Filho elogiou a iniciativa da Sespa em promover o seminário e destacou a sensibilidade do secretário estadual de Saúde, Helio Franco, de elaborar a cartilha "Noções Básicas Para um Envelhecimento Saudável", que traz uma série de informações para a população idosa, como dicas para hábitos saudáveis, medidas para evitar quedas, prevenção e tratamento para diabetes até locais para denúncias de maus tratos.
Entre as recomendações contidas na cartilha, alguns cuidados e medidas simples podem ser tomados para evitar quedas: usar calçados com sola de borracha; evitar andar de meias ou chinelos; se necessário, procurar o apoio de bengala ou andador; instalar barras de apoio nas paredes do banheiro; melhorar as condições de visão; utilizar luzes de orientação para auxiliar na locomoção; evitar tapete ou qualquer objetivo que proporcione tropeços; entre outras.
Terezinha Cordeiro, integrante do colegiado gestor da Sespa e que no ato representou Helio Franco, reforçou o apoio do Estado a todo e qualquer estudo e ação que esteja em favor da melhor qualidade de vida da população idosa. "A violência contra a pessoa idosa é um fenômeno universal e representa um importante problema de saúde pública. As pessoas estão vivendo mais e, por isso, temos o dever de estimular hábitos saudáveis e ao mesmo demandando mais atenção".
No decorrer do seminário, a Coordenação Nacional de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis, do Ministério da Saúde, por meio da consultora Naiza Nayla de Sá, expôs uma apresentação sobre “Políticas Públicas de Enfrentamento à Violência”; enquanto a consultora Tannira Bueno, da Área Técnica da Saúde do Idoso, também do Ministério da Saúde, fez uma abordagem sobre “Violência contra a Pessoa Idosa”. Os demais temas abordados foram “O Sistema de Vigilância e Acidentes”; “Ficha de Notificação de Violência” e “Rede de Atenção à Saúde do Idoso”.
Idosos em números:
* População no Pará: 7.581.051, dos quais 535.135 são idosos, correspondendo a 7% do total.
* 56% moram nos 20 maiores municípios do Pará.
* 58,3% estão entre 60 e 69 anos.
* 70% vivem na zona rural do Estado.
* Belém: 129.929 são idosos (9,3%) em uma população total de 1.393.399
* Expectativa de vida ao nascer (Brasil, IBGE, 2010): 73,17 anos (69,4 anos para homens e 77 para mulheres).
* Expectativa de vida ao nascer (Pará, IBGE, 2010): 72,5 anos (69,6 anos para homens e 75,5 para mulheres).
* No Pará, 60% das agressões são cometidas por filhos de idosos.
Mozart Lira - Ascom/Sespa.
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