O programa Presença Viva realizou, na manhã deste sábado, 17, mais de 400 procedimentos de saúde na ilha de Urubuoca, na Região Metropolitana de Belém (RMB). A ação foi desenvolvida por equipes das diversas diretorias da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), com apoio da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e beneficiou também alguns moradores das ilhas de Paquetá e Jutuba.
Apesar de estar situada a apenas 25 minutos de barco do trapiche de Icoaraci, a população da ilha sofre com a carência de atendimento na área da saúde, pois, para uma consulta médica, precisa se deslocar até a ilha de Cotijuba ou para Belém e nem sempre consegue o que necessita. As famílias da ilha vivem da pesca e da produção do açaí.
A diretora de Desenvolvimento das Redes Assistenciais e Regionalização, Rita Facundo, explicou que a ação atendeu a uma solicitação do padre Jonas Teixeira, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, que desenvolve atividade nas ilhas ao redor de Belém. “Então, o Programa Presença Viva veio até aqui oferecer à população uma série de serviços de caráter preventivo e curativo, mostrando que onde tem Pará tem governo”.
Os moradores tiveram acesso à vacinação, avaliação e orientação nutricional, orientação sobre saúde bucal com escovódromo, prevenção das hepatites virais, além de consultas médicas em Clínica Médica e Cardiologia, exames laboratoriais, teste de HIV e de hepatite, preventivo do câncer de colo de útero, preventivo do câncer de próstata (PSA), eletrocardiograma, aferição de pressão arterial e glicemia e até ultrassonografia de fígado e medicamentos após as consultas.
Os serviços foram montados em um barracão no trapiche da ilha, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Anexo Urubuoca e nas casas dos próprios moradores. O padre Jonas Teixeira disse que solicitou apoio do governo do Estado porque a comunidade não tem acesso aos serviços de saúde como vacinação, oferecido pela Secretaria Municipal de Saúde de Belém. “Raramente eles vêm até a ilha e o serviço é muito precário em Cotijuba, nunca é suficiente para todos”, ressaltou.
A dona de casa Hellen Cristina Dias, de 29 anos de idade, levou as filhas Bruna, Chaene e Cibelle de 10, nove e sete anos para participarem das atividades, como do escovódromo, onde o cirurgião-dentista Michel Matos ensinou sobre escovação correta dos dentes, de forma bem didática. Segundo Hellen, as meninas nunca foram ao dentista. Apesar disso, pelo que Michel percebeu as crianças da ilha apresentam uma situação de saúde bucal relativamente boa, mas algumas precisariam ser encaminhadas aos serviços especializados.
Entre os adultos, Antonio Marcos Mendes César, de 32 anos, que vive da pesca e coleta de açaí, fez exame de ultrassonografia. “Quando preciso de consulta, procuro atendimento em Cotijuba ou Icoaraci, no Abelardo Santos”. Foi oferecido, ainda, um treinamento para 21 batedores de açaí, que receberam orientação de técnicos da Vigilância Sanitária sobre medidas de higiene, para evitar contaminação do produto. Ao final foram agraciados com kits contendo peneira, filtro, camiseta, avental, boné e toca. Segundo a nutricionista Dorilea Sales, a finalidade do treinamento é reduzir os índices de contaminação do açaí mesmo que seja para consumo próprio.
Projeto
A ultrassonografia está sendo viabilizada pelo Projeto Inquérito Ultrassonográfico de Doenças do Fígado e Vias Biliares, desenvolvido pela Sespa, Instituto Evandro Chagas (IEC) e a ONG Médicos na Floresta. Segundo o cirurgião digestivo André Luiz Rodrigues, o objetivo é identificar pessoas com doenças do fígado em estágio precoce, evitando que cheguem aos centros de referência, com doenças avançadas e sem chance de cura.
Juntamente com o Presença Viva, o projeto também esteve em Altamira e Marabá, onde realizaram 185 e 194 ultrassons, respectivamente.
Quinze por cento dos examinados em Altamira apresentaram doença gordurosa do fígado. Em Marabá, esse índice subiu para 50. As principais causas dessa doença são consumo de álcool, obesidade, diabetes, colesterol e triglicerídeos altos e hepatites B e C. O risco é que pode evoluir para cirrose hepática. Os pacientes identificados com cálculos de vesícula biliar são referenciados para cirurgia no Hospital de Clínicas Gaspar Vianna e Hospital Ophir Loyola (HOL).
A técnica do setor de Regulação da 1ª Regional de Saúde, Janete Nahum, informou que as consultas e exames especializados solicitados pelos médicos do Presença Viva serão marcadas e os encaminhamentos repassados à líder comunitária da ilha para ser entregue aos pacientes.
As próximas ações do Presença Viva estão agendadas para o dia 24 de setembro no Mangueirão;1º e 02 de outubro na Pratinha; 1º de outubro na Terra Firme; 14 a 16 de outubro, em Abaetetuba; e 3 a 5 de novembro, em Altamira. Também estão marcadas ações em ilhas de Belém no dia 15 de outubro e 26 de novembro.
Roberta Vilanova - Ascom Sespa
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