Desde esta terça-feira, 6, o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna já conta com mais dois aparelhos de holters que irão melhorar o atendimento prestados aos pacientes diagnosticados com a doença de Chagas. Utilizados para monitorar batimentos cardíacos, os equipamentos foram doados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública, por meio da Coordenação Estadual de Controle de Chagas.
Simbólica, a cerimônia de entrega foi feita pela coordenadora de Controle de Chagas da Sespa, Elenild Góes, à gerente técnica do hospital, Marilda Moitta, e à médica cardiologista Dilma Souza, responsável pelo ambulatório de Chagas da instituição, que destacou o esforço da Secretaria na busca pela eficiência do tratamento de pacientes chagásicos crônicos. "A doação vai ajudar muito porque os aparelhos vão aperfeiçoar o atendimento prestado a essas pessoas", explica, ressaltando que o Hospital de Clínicas é referência estadual no tratamento da doença de Chagas, junto com o Hospital Universitário João de Barros Barreto, que mantém o modelo de hospital-ensino.
Segundo Elenild Góes, no estágio agudo a doença pode comprometer muitos órgãos. "O mais lesado é o coração. As arritmias e a insuficiência cardíaca ocasionam morte súbita e acidente vascular cerebral (AVC) na maioria dos pacientes crônicos", explica. A forma cardíaca crônica da doença de Chagas é caracterizada por um processo inflamatório no qual células produzem progressiva destruição das fibras cardíacas e dificultam o bombeamento do sangue.
Por conta disso, o tratamento destes pacientes requer uma vigilância constante por meio de exames como o Holter, que monitora o coração do paciente durante 24 horas através de um software que registra, em alta resolução, o eletrocardiograma da pessoa durante suas atividades rotineiras. Depois, o médico analisa os dados e os correlaciona com os sintomas descritos pela pessoa enquanto faz uso do aparelho, o que torna possível saber se eles foram provocados por algum distúrbio rítmico ou não. Sobre a terapia a ser utilizada após os diagnósticos resultantes, a cardiologista Dilma Souza explica que as estratégias de tratamento variam de pessoa pra pessoa.
Outras ações - A entrega dos equipamentos faz parte de uma série de ações do Programa Estadual de Controle da Doença de Chagas (PECDCh), criado em 2006 pela Sespa com a missão de conduzir as atividades de vigilância e controle do agravo. Somadas às participações de equipes do hospital de Clínicas e do Barros Barreto, a Secretaria já providenciou compra de outros equipamentos, como eletrocardiograma, para auxiliar no tratamento de pacientes chagásicos.
Entre outras ações desenvolvidas a título de capacitação, para que novos profissionais sejam envolvidos no combate e tratamento da doença instalada, a Sespa programa para o restante de 2011 treinamento para profissionais dos hospitais regionais de Breves, ainda em setembro; de Santarém, em outubro, e de Altamira, em dezembro, a exemplo do que ocorreu em agosto com os médicos residentes do hospital Barros Barreto, em Belém.
Outras frentes de trabalho voltadas para o combate à doença, como o protocolo de ações de campo, iniciadas em 2009, terão sua segunda fase executada em novembro deste ano, na ilha do Combu, Região Metropolitana de Belém. "No local serão feitas pesquisa de triatomíneos, os chamados barbeiros, e de reservatórios animais silvestres e domésticos; inquérito humano em toda a população da Ilha; investigação de casos agudos de doença de Chagas; palestras de vigilância sanitária sobre boas práticas de manejo do açaí para a comunidade local, georrefererenciamento das casas e levantamento do substrato vegetal do local", explica Elenild Góes.
Atuarão nessa segunda fase do protocolo integrantes da Sespa, Universidade de Campinas (Unicamp), Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade Federal do Pará (UFPA), Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e secretarias municipais de Saúde de Belém, Igarapé-Miri, Abaetetuba e de Barcarena.
Segundo dados da Coordenação Estadual de Doenças de Chagas, em 2010 foram registrados 77 casos da doença em todo o Pará; somente neste ano, o número chega a 30. Belém e Ananindeua, com sete e cinco ocorrências, respectivamente, são as cidades com a maior incidência.
Mozart Lira - Ascom/Sespa
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