Foto: AE
Daniel Barbalho, de 9 anos, mostra a língua para os
fotógrafos no Senado nesta quarta-feira
Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) tomou posse hoje (28) fazendo críticas à Lei da Ficha Limpa. Ele era o último senador barrado pela lei nas últimas eleições que ainda não havia tomado posse: Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e João Capiberibe (PSB-AP) assumiram seus postos antes do recesso parlamentar.
Barbalho disse que votou favoravelmente à Lei da Ficha Limpa, mas criticou o fato de ela abordar questões anteriores à sua publicação. Ele havia sido impedido de tomar posse por ter renunciado ao mandato de senador em 2001 para não ser cassado, o que é um critério de inelegibilidade previsto na lei. “Toda lei entra em vigor na data de sua publicação. Foi o Supremo [Tribunal Federal] que disse isso. Não pode uma lei entrar em vigor tratando de assuntos pretéritos. As sociedades organizadas são regidas exatamente pela vigência das leis”, disse.
Apesar disso, ele declarou seu arrependimento pela atitude tomada em 2001, quando foi acusado de desviar R$ 9 milhões da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para aplicar em um ranário de propriedade de sua mulher na época e abdicou do mandato que exercia. “De certa forma eu me arrependo da passionalidade com que eu me envolvi no debate. O meu gesto foi de natureza política”, ressaltou o senador.
Jader Barbalho lamentou ainda que tenha perdido 11 meses de mandato em função da lei que foi considerada pelo STF como inaplicável nas eleições de 2010 e rebateu as acusações da senadora Marinor Brito (PSOL-PA), que até hoje ocupava a vaga, de que houve pressa para que ele fosse empossado. “Eu lamento que, no momento em que o Supremo declarou que a lei era inconstitucional, que eu não tenha imediatamente exercido o mandato de senador do Pará”, disse.
Com o Senado em recesso desde o dia 22, a Mesa Diretora da Casa convocou oito senadores para dar posse a Jader Barbalho. A cerimônia foi conduzida pela primeira vice-presidente, senadora Marta Suplicy (PT-SP) e contou com a presença dos senadores João Vicente Claudino (PTB-PI), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Cícero Lucena (PSDB-PB), Waldemir Moka (PMDB-MS), Gim Argelo (PTB-DF) e do líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR).
Jucá, aliás, foi o principal representante do PMDB que deu as boas vindas a Jader Barbalho. Para o líder governista, ele será um aliado importante da presidenta Dilma Rousseff no Senado. “É mais um membro para a base do governo e um aliado do PMDB que vai ajudar”, declarou Jucá.
Jader Barbalho já foi presidente do Senado e líder do PMDB na Casa antes de renunciar ao mandato de senador. Até o ano passado, exercia o mandato de deputado federal pelo Pará. O primeiro discurso do novo senador só deve ocorrer na primeira sessão ordinária do Senado Federal, em fevereiro, quando os parlamentares retornarem do recesso.
Da Agência Brasil
'Não terei dificuldade de
divergir do governo', diz Jader
Posse de paraense acirra briga entre PMDB e PT no Senado e
Planalto avalia que terá de negociar espaços com peemedebista
Foto: Alan Sampaio / iG Brasília
Jader Barbalho (PMDB-PA) chega ao Senado acompanhado dos
filhos Daniel e Giovana, que acompanharam a posse do peemedebista
Fred Raposo e Adriano Ceolin, iG Brasília
Recém-empossado, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) afirmou esta quarta-feira que, apesar de integrar a base aliada, “não terá dificuldade de divergir” do governo federal em votações na Casa. “Em princípio eu acompanho o meu partido”, disse Jader, em entrevista coletiva. “Evidentemente que isso não me impedirá, absolutamente, de eventualmente vir a divergir (do governo). Afinal de contas, devo o meu mandato exclusivamente ao povo do Pará”.
“Se eventualmente, em um determinado episódio, eu considerar que devo divergir não terei absolutamente nenhuma dificuldade de divergir”, reforçou o peemedebista, barrado no ano passado pela Lei da Ficha Limpa, que, contudo, promete em 2012 se "alinhar ao partido" e “ajudar no que for possível” o governo da presidenta Dilma Rousseff.
A declaração do peemedebista, que tem fortes laços com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AL), e com o líder do PMDB, Renan Calheiro (AL), sinaliza um recrudescimento da tensão que marcou as relações entre o partido e o PT no primeiro ano do governo Dilma.
Desde o início da nova legislatura, os petistas reclamam que o governo tem sido prejudicado pela atuação do líder governo, Romero Jucá (PMDB-RR). A divergência chegou a um ponto crítico em junho, quando a então senadora petista Gleisi Hoffmann (RS), hoje ministra-chefe da Casa Civil, atacou publicamente Jucá após sessão tumultuada que resultou na derrubada de duas medidas provisórias.
Nos bastidores, o PT chegou a pedir a substituição de jucá, mas o movimento foi rapidamente sufocado pela cúpula do PMDB, que ameaçou deixar a base governista. Apesar de avaliar como positiva a entrada de um senador da base no lugar da oposicionista Marinor Brito (PSOL-PA), que ocupou por 11 meses a vaga de Jader, o Planalto sabe que terá de negociar com Jader espaços no governo se quiser tê-lo como um aliado.
O peemedebista, por sua vez, ficou mal visto por Dilma antes de voltar ao Senado. A presidenta não gostou do comportamento do senador paraense, que pressionou o PMDB a dificultar no Senado a sabatina da ministra Rosa Weber, indicada por Dilma para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), porque acreditava que o Planalto estava atuando contra ele.
Na ocasião, líderes do PMDB ameaçaram não votar a indicação de Rosa até que o caso de Jader fosse resolvido. O impasse só se resolveu após Dilma chamar Jucá no Planalto para tomar satisfações.
Jader, no entanto, minimizou atritos com o governo e disse que entrou no “final da fila” no Senado, “como recruta”. “Não tenho nenhuma reivindicação a fazer, não sou candidato a posto nenhum, a não ser exercer o meu mandato pelo estado do Pará”, frisou.
O parlamentar chegou ao Senado acompanhado de dois de seus quatros filhos, Giovana, de 15 anos e Daniel, de 9 anos - que durante a entrevista coletiva fez caretas para cinegrafistas e fotógrafos. Jader rebateu críticas sobre a antecipação da posse, que acontece em meio ao recesso dos trabalhos legislativos.
Segundo ele, a cerimônia de hoje foi marcada pelo presidente do Senado, José Sarney. "Não houve pressa. Achei até um pouco demorado. Acabei perdendo 11 meses de mandato", assinalou Jader, que até o reinício dos trabalhos, em fevereiro, receberá vencimentos de mais de R$ 50 mil, entre salário e ajudas de custos.
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