A Coordenação de Mercadorias em Trânsito do Itinga, unidade da Secretaria da Fazenda do Pará (Sefa) localizada em Dom Eliseu, fronteira com o Maranhão, já reteve quatro carretas vindas de Minas Gerais, com um total de 29 veículos destinados ao Consórcio Construtor de Belo Monte. Além disso, a Unidade da Sefa no Aeroporto de Belém reteve materiais diversos, entre eles 250 computadores destinados a obra localizada no Rio Xingu.
O secretário da Fazenda, José Tostes Neto, apresentou nesta quinta-feira, 29, um balanço e informou que as apreensões alcançam R$ 1,9 milhão em mercadorias, sendo que o valor dos autos de apreensão lavrados é de R$ 786.344,98; o imposto devido é de R$ 261.869,50; as multas alcançam R$ 524.475,48 e os valores já pagos para liberação dos produtos, até o momento, somam R$ 50.957,22.
Além de veículos e computadores, foram retidas ferramentas, óleo lubrificante, maca hospitalar, cabide, peneiras, catracas, barras de ferro, luvas descartáveis, toner, tinta para impressora e outros produtos, como sacos para lixo.
Um levantamento feito pela Sefa mostra que a cada 100 reais de compras realizadas pelo Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) entre junho e dezembro deste ano, 72% foram feitas fora do Estado. A cada compra feita fora do estado, o Pará perde entre 10 e 12% do valor total dos bens adquiridos.
Tostes reafirmou a decisão do governo em intensificar a fiscalização sobre o Consórcio e desta forma garantir o recolhimento dos impostos devidos ao Estado. Segundo ele, o levantamento mostra que o Consórcio tem uma política destinada a privilegiar os fornecedores de seus estados de origem, em detrimento das empresas locais.
“O Estado não concorda e vai tomar todas as medidas necessárias para exigir a mudança desta política”, afirmou o secretário. Ele disse que a obra de Belo Monte é importante para o país, mas o Pará não receberá Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) sobre a energia gerada pela hidrelétrica, pois a incidência do imposto é no destino, não na origem. Então, é muito importante garantir que o Estado receba compensação pelo uso das suas riquezas, e tenha os recursos necessários para os investimentos que precisarão ser feitos, porque a obra já está provocando muitas mudanças na área do entorno da hidrelétrica.
As apreensões começaram na segunda-feira, dia 26/12. Nesta quinta-feira, 29, houve a apreensão de 150 computadores vindos de São Paulo pela Coordenação de Portos e Aeroportos.
Compromisso
O Consórcio Belo Monte comprometeu-se, este ano, com o Legislativo e o Executivo do Pará, a realizar a maior parte das compras no Estado. Mas em novembro comunicou à Secretaria da Fazenda que adquiriu 118 caminhões em São Paulo, quebrando o compromisso estabelecido. O secretário disse que o levantamento das compras realizadas pelo CCBM demonstra que o episódio da compra dos caminhões não foi um ato isolado, mas mostrou a intenção da empresa em privilegiar fornecedores de outros estados.
A Sefa tomou duas medidas, por decisão do Governador Simão Jatene. A primeira delas foi voltar atrás na concessão do incentivo que previa a redução da carga tributária em compra de caminhões, que reduziu a alíquota de 17% para 10%, ato formalizado através do decreto 302, publicado esta semana. A segunda é a exigência do pagamento imediato do ICMS na entrada das mercadorias no Pará, destinadas a Belo Monte. O não recolhimento leva a retenção dos produtos. O Consórcio manifestou-se alegando equivoco na compra dos caminhões em SP, e ficou de estudar medidas de compensação, mas até o momento não apresentou nenhuma proposta, informou Tostes.
Participaram da entrevista o secretário adjunto de receitas, Nilo Rendeiro de Noronha, o diretor de fiscalização, Célio Cal Monteiro, e o coordenador de fiscalização de mercadorias em trânsito, Antônio Asbeg.
Texto:
Ana Márcia Pantoja-Sefa
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