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terça-feira, janeiro 03, 2012

Com greve de policiais, Fortaleza entra em pânico e lojas fecham

Fonte: IG
Foto: AE
Viaturas com pneus vazios nos arredores do quartel
da 6ª Companhia do 5º Batalhão, no bairro Antonio
Bezerra, em Fortaleza, durante o sexto dia de greve

Foto: Daniel Aderaldo/iG
Casa Lotérica no bairro da Aldeota, em Fortaleza,
 fecha as portas após boatos de arrastão
Com policiais militares do Ceará em greve há seis dias, Fortaleza vive clima de pânico nesta terça-feira (03). O comércio do centro da cidade, de bairros da periferia e de áreas nobres fecharam as portas temerosos por conta de arrastões que estariam acontecendo em toda a capital. O Sindicato dos Trabalhadores em Correios, Telégrafos e Similares do Estado do Ceará (Sintect-CE) informou que os carteiros foram tirados das ruas. Os agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC), que fiscalizam o trânsito da capital, anunciaram que vão parar. Alguns postos de saúde encerraram o atendimento. Ônibus pararam de circular. Táxis são raros. E as empresas estão mandando os funcionários para casa mais cedo. Às 16h desta terça, Fortaleza estava fechada.
Segundo o comando grevista, quase todos os 7 mil policiais militares que trabalham em Fortaleza estão parados. No interior, onde atuam outros 7 mil PMS, a adesão também é grande, de acordo com o presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar e dos Bombeiros Militares do Ceará (Aspramece), Pedro Queiroz. O governo não divulga sua estimativa sobre o tamanho do movimento. A Polícia Civil, que esteve em greve duas vezes em 2011, trabalha normalmente.
Para piorar o quadro, a reportagem não encontrou nas ruas da cidade, no centro e nos bairros, nenhuma viatura ou homem da Força Nacional ou Exército Brasileiro, chamados para fazer o patrulhamento da cidade após o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), decretar estado de emergência.
De qualquer maneira, o contingente das forças de emergência é claramente insuficiente para o tamanho da tarefa. De acordo com o Comando da 10º Região Militar do Exército, responsável pela Operação Ceará, há 813 homens do Exército e 204 da Força Nacional de Segurança Pública patrulhando as ruas de Fortaleza. Há ainda a previsão de chegada de 27 Fuzileiros da Marinha e 108 militares do 16º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército em Natal, no Rio Grande do Norte. Porém, o policiamento diário em Fortaleza é feito por 7 mil homens da Polícia Militar. No Estado, são 14 mil. Além disso, falta equipamento.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDSCE), neste momento a Força Nacional tem 159 viaturas à disposição e até amanhã esse número será elevado para 184.
Nesta segunda, o iG mostrou que essas tropas não contam com o transporte e equipamento adequados para esse tipo de atuação. Faltam coletes à prova de balas e os polícias militares em greve desde a última quinta-feira (29) estão impedindo o uso das viaturas da PM.
Medo na rua
O iG percorreu por duas horas sete bairros de Fortaleza e constatou que a maior parte do comércio está fechada ou protegida por seguranças particulares. Não há ônibus nem táxis no centro da cidade e nos bairros próximos.
Contudo, apesar da atmosfera de medo que começou nas redes sociais e ganhou as ruas de toda a cidade, a reportagem não presenciou nenhuma ação criminosa nem mesmo encontrou alguém que tenha testemunhado um delito. Isso não quer dizer, porém, que os crimes não estejam acontecendo. Como o iG já mostrou em diversas matérias, Fortaleza é uma das capitais mais violentas do Brasil.
Nos bairros Aldeota e Dionísio Torres, área nobre que concentra vários shoppings centers, escritórios, agências bancárias e comércio de rua, dezenas de estabelecimentos estavam com as portas fechadas por completo ou pela metade. É como se fosse um dia de feriado.
A agência da Caixa Econômica Federal da avenida Barão de Studart estava restringindo o acesso de clientes mediante identificação. No supermercado Carrefour, localizado em frente ao banco, os acessos do estacionamento estavam bloqueados e parte das portas fechadas.
Uma casa lotérica, uma sorveteria e uma loja que funcionam no mesmo prédio do supermercado fecharam as portas por volta de 11 horas da manhã, quando começou a circular a informação de que um grupo de bandidos estava percorrendo a avenida Antonio Sales realizando uma série de assaltos. “Vimos uma correria, um helicóptero da polícia e ficamos com medo. Estamos fechando por precaução”, contou o gerente loteria, Felipe Santos. Quase todo o comércio ao longo dos quatro quilômetros da avenida Antonio Sales também estava fechado.
No centro da capital, onde fica a maior parte do comércio lojista de rua, consumidores e funcionários de lojas estavam apreensivos. Vários estabelecimentos fecharam no início da manhã logo após começarem a funcionar nas ruas General Sampaio, Major Facundo, Senador Pompeu, Pedro Pereira, 24 de Maio e nas avenidas Tristão Gonçalves e Duque de Caxias.
Nos bairros de Fátima, Benfica e Parquelândia vários estabelecimentos também trancaram as portas por cautela diante dos supostos arrastões e assaltos que estariam ocorrendo na região.
Na terça-feira (02) o pânico ainda não havia chegado às ruas, mas nas redes sociais dezenas de pessoas relatavam vários crimes por toda a cidade como arrastões, furtos, assaltos e homicídios. O assunto apareceu no Trend Topics do Twitter como um dos dez mais comentados no Brasil. Uma parte das postagens não passava de boatos, mas outra acabou se confirmando hoje. O iG conversou com policiais militares que não aderiram a greve. Eles não quiseram se identificar, mas afirmaram que desde o início da greve da PM Fortaleza apresenta índices de violência bem superiores ao normal.

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