Há 102 anos o cientista Carlos Chagas descobria o agente transmissor e a forma pela qual era transmitida a enfermidade que seria identificada o seu próprio nome: Doença de Chagas. Esta semana, especialistas do Pará e de outros Estados estarão reunidos em Belém para discutir os avanços no combate à enfermidade desde a implantação do Plano de Intensificação de Controle da Doença de Chagas no Pará, elaborado em 2008 pelo Ministério da Saúde e o Governo do Estado.
A programação da Semana Científica da Doença de Chagas no Pará começou nesta segunda-feira, 27, e prossegue até o dia 29, no Hotel Regente. Os debates em torno do combate à doença será dividido em dois momentos. No primeiro, serão avaliadas as ações e os avanços obtidos pelo plano com representantes dos 86 municípios paraenses considerados prioritários para o combate à doença, além de diretores da Vigilância em Saúde e dos 13 Centros Regionais de Saúde.
Também serão convidados a discutir o tema representantes de instituições parceiras na execução das ações, entre as quais o Ministério Público, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/PA), Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri), Agência de Defesa Agropecuária (Adepará), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Universidade Federal do Pará (UFPA), Instituto Evandro Chagas (IEC), Fundação Santa Casa, Hospital Universitário João de Barros Barreto, Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, Colegiado de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), Serviço de Proteção da Amazônia (Sipam), Programa Nacional de Doença de Chagas e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A segunda parte da programação será dedicada a uma reunião científica, ocasião em que serão formados dois grupos de especialistas para elaborar um protocolo de atendimento ao paciente portador da Doença de Chagas e outro para compor um protocolo de investigação de casos e surtos. A reunião contará com a participação de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Vigilância em Saúde de Brasília e universidades federais de várias localidades, além de instituições locais.
“O encontro é de extrema importância prá nós, do Pará, estado que concentra mais de 90% de casos registrados no Brasil. Ou seja, é uma maneira de exercitar esse olhar diferenciado sobre a região, muito em função da recente modalidade de transmissão oral, que demanda, naturalmente, mais pesquisa e discussões para combater a doença no Estado e acompanhar os casos de quem já foi vítima dela", destaca o secretário estadual de Saúde, Helio Franco, que destacou ainda não ter dúvidas de que os resultados trarão eficácia em médio e longo prazo.
A coordenadora estadual de Controle de Chagas, Elenild Góes, lembra que por meio do Plano de Controle da Doença de Chagas no Pará, elaborado há três anos, foi possível estabelecer protocolos de pesquisa de campo, fluxos de amostras de laboratório e informações, rede de referência e contra referência, metodologias de investigação de surtos, capacitações de profissionais direta ou indiretamente envolvidos no programa.
"A produção desse plano, com o tempo, gerou um aporte de conhecimento que culminou na necessidade de divulgação e uma ampla discussão de aspectos importantes da epidemiologia e clínica da doença no Estado. O objetivo desse nosso encontro reside principalmente nesse aspecto. Estamos numa espécie de prestação de contas sobre o que já fizemos de 2008 até agora", explica Elenild.
Um dos palestrantes do primeiro dia do encontro, o médico uruguaio Alejandro Luquetti, professor adjunto do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goias (UFG), se mostrou preocupado com os casos registrados no Pará, principalmente depois da diferenciação nas contaminações em meio urbano e na associação de novos casos da doença com a ingestão de alimentos contaminados, como o açaí.
De acordo com a Coordenação Estadual de Doenças de Chagas, em 2010 foram registrados 74 casos da doença em todo o Estado e, no primeiro semestre de 2011, mais 14 ocorrências. Belém e Abaetetuba são os municípios com maior incidência, cada um com quatro casos. Na capital, os bairros do Jurunas e Guamá são os que mais registros apresentam.
Até ao final do evento, na quarta-feira, serão discutidos temas associados ao combate da doença de Chagas no Pará, como o controle mais efetivo em relação à comercialização de produtos comestíveis que podem vincular o agente etiológico da doença de chagas – Trypanossoma cruzi - às condições socioeconômicas dos batedores de açaí, assim como o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), elaborado pelo Ministério Público com o objetivo de adequar esses estabelecimentos às normas de higiene, criando, também, uma cartilha para esses profissionais sobre hábitos de higienização.
Serviço: Semana Científica da Doença de Chagas no Pará. De 27 a 29 de junho, em horário comercial, no Hotel Regente, avenida Governador José Malcher, 485, bairro de Nazaré, em Belém.
Mozart Lira - Ascom/Sespa
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