A estudante Vanessa Cristina, 18 anos, saiu de casa nervosa, em uma ambulância do distrito de Mosqueiro até a Santa Casa de Misericórdia, em Belém, para o parto de seu primeiro filho. Ela chegou à maior maternidade do Pará, por volta das 11 horas da manhã desta terça-feira (7). Em poucos minutos, Vanessa já estava se preparando para ir para a sala de cirurgia. “Estava muito nervosa, com medo que desse alguma coisa errada, mas depois que cheguei aqui fiquei super tranquila. Fui atendida em menos de meia hora, todo mundo me tratou bem no hospital. Daqui a pouco vou estar com meu filho nos braços”, disse a jovem, minutos antes do parto.
Assim como ela, dezenas de mulheres grávidas, vindas de vários municípios do Pará, procuraram a Santa Casa na manhã de hoje e não tiveram problema com o atendimento. Todos os médicos neonatologistas, obstetras e pediatras que haviam realizado uma paralisação dos plantões extras, compareceram para trabalhar normalmente após um acordo feito com a Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa). Até o meio-dia desta terça-feira, 22 mulheres já haviam passado pelo setor de triagem e foram devidamente encaminhadas para as salas de parto.
Na última segunda-feira (6), a Santa Casa não pode atender duas mulheres grávidas, devido à falta de médicos neonatologistas, que se recusavam a participar das escalas dos plantões extras desde o dia 1º de junho. Os médicos que se encontravam na maternidade estavam atendendo as pacientes já internadas no hospital. “Não tínhamos como garantir a assistência para aquelas pacientes que chegavam naquele momento. Os médicos tinham que se dedicar para os pacientes que já estavam dentro do hospital, até porque tínhamos muitos casos de gravidez de risco e de recém-nascidos que precisavam de muita atenção”, enfatizou a presidente da Santa Casa, Maria do Carmo Lobato.
A dona de casa Lúcia Helena, 36 anos, foi uma dessas pacientes. Ela esteve no hospital desde o primeiro dia da paralisação dos médicos e contou que sua filha, que nasceu prematura, precisou de muita atenção. “Ela estava muito fraquinha. O médico tinha que vir toda hora olhar e saber se estava tudo bem. Hoje minha filha está bem melhor e já temos até previsão de alta”, contou.
Atualmente a Santa Casa conta com um total de 458 médicos de diversas especialidades, sendo 60 neonatologistas. Mesmo assim, devido à demanda intensa na maternidade, a escala de plantões extras é extremamente necessária para garantir o atendimento das mulheres que procuram o hospital. “A Santa Casa continua com a necessidade de contratar médicos obstetras e principalmente neonatologistas, que é uma especialidade rara em Belém. Temos poucos profissionais que atuam nessa área e isso acaba nos prejudicando”, enfatizou a presidente da Santa Casa. Ela ressaltou ainda que os médicos que tiverem essa especialidade podem procurar o hospital para a contratação.
Acordo: Os médicos neonatologistas, obstetras e pediatras dos hospitais estaduais (Santa Casa, Hospital Abelardo Santos e Hospital das Clinicas Gaspar Viana), que haviam se recusado a cumprir os plantões extras desde o dia 1° de junho, voltaram a trabalhar normalmente. O acordo foi firmado nesta segunda-feira, 6, após uma proposta da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), que ofereceu aos médicos R$1 mil para os plantões extras dos médicos que atuam nas áreas de neonatologia, obstetrícia e UTI pediátrica. A Sespa também garantiu a isonomia de gratificações, sobreavisos e plantões dos médicos neonatologistas, intensivistas e obstetras da Santa Casa e do Hospital Abelardo Santos com os profissionais do Hospital das Clínicas. Com essa situação, o salário dos médicos da Santa Casa chegará a cerca de R$ 6 mil. “O valor de R$ 1 mil para plantões extras é o mesmo valor que o melhor plano de saúde particular paga para os médicos”, ressaltou a presidente da Santa Casa.
Bruna Campos – Secom


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