A presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), Adelina Braglia, recebeu terça-feira (6) a equipe que participou da expedição cinematográfica do documentário “Rota do Sal Kalunga”, composta pelos diretores e roteiristas André Portugal e Cardes Amâncio, pelos assistentes de direção Florisbela dos Santos e Ton Amâncio, pela produtora e pesquisadora Gabi Rodrigues, pelo fotógrafo Gustavo Baxter e pelo responsável da segurança técnica e logística, Emerson Azeredo.
Eles foram ao Idesp para agradecer pelo apoio que o instituto deu à equipe, intermediando, juntamente com a Fundação Curro Velho, a solicitação de segurança dentro do território paraense, feita para a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Corpo de Bombeiros e Polícia Militar. Esses órgãos, segundo o grupo, foram fundamentais para o cumprimento da missão nas águas do Estado.
Adelina Braglia lembrou a importância de proteger e registrar a memória oral, que vai se perdendo com a morte dos velhos e o desinteresse dos jovens, e destacou que o Idesp tem o compromisso institucional com a questão quilombola e será o responsável pela elaboração do plano de desenvolvimento dessas comunidades no Estado.
Desafios - Durante bate-papo com servidores do Idesp, convidados da Fundação Curro Velho, Instituto de Terras do Pará (Iterpa), Companhia Paraense de Turismo (Paratur) e Comando Geral da Polícia Militar no Pará, entre outros, a equipe contou como surgiu a ideia do longa, pela conversa com uma amiga que conhecia a história dos Kalunga. A concretização do projeto, porém, demorou seis anos para acontecer.
Eles pesquisaram sobre o assunto desde 2005, mas faltava apoio financeiro e logístico ao projeto. Com o patrocínio da Eletrobrás, Tractebel Energia, Ministério da Cultura e governo federal, em abril deste ano, o longa, enfim, começou a ganhar vida. A equipe passou um mês em Cavalcante (GO), convivendo com os remanescentes Kalunga. Em 16 de maio, partiram de Vão de Almas em direção a Belém, onde aportaram no último sábado (3).
São quase 200 horas de material filmado, entre depoimentos e paisagens, mais de três mil fotos, 111 dias e 1.950 quilômetros de águas roladas ao motor do braço. Cardes Amâncio contou que será difícil reduzir tudo em apenas uma hora e meia de documentário, por isso eles pretendem colocar o resto do material na internet. Além disso, já está previsto que três mil cópias do filme serão distribuídas entre as escolas públicas das comunidades pelas quais passaram. “O filme é de todos os que contribuíram para ele”, explicou o diretor.
Caminho - A equipe refez o percurso que os negros do quilombo Kalunga percorriam por volta do século XVIII. Eles remavam cerca de cinco mil quilômetros (descida e subida) pelo rio Tocantins a fim de trocar os itens produzidos na comunidade por sal, essencial à conservação de alimento naquela época. O trajeto demorava cerca de um ano para ser concluído.
A expedição cinematográfica, na verdade, percorreu apenas metade da saga. Segundo André Portugal, o mais difícil foi a questão emocional, o longo tempo fora de casa, além do fato de que a equipe teve de remar e trabalhar nas filmagens. Tudo isso, porém, foi superado com muitos momentos especiais, principalmente aqueles em se conseguia ligar as histórias das diversas comunidades visitadas com a dos Kalunga.
No Pará, eles passaram por Tucuruí; pela comunidade de Umarizal, no município de Baião; pelo quilombo de Maú, em Cametá; pela vila de Maiuatá, em Igarapé-Mir, e Belém. Agora, começam a pós-produção do documentário de longa-metragem que deve ser lançado no primeiro trimestre de 2012.
Fernanda Graim – Idesp
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