Passeando pelos estandes de livros usados da XV Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém, é possível encontrar raridades que hoje em dia só estão disponíveis em compilações lançadas por editoras especializadas. Entre os títulos dessa categoria, obras de Eça de Queiroz, José de Alencar, Jorge Amado, Camões e Miguel de Cervantes, nomes da literatura brasileira e mundial considerados indispensáveis para os apreciadores da boa leitura.
O funcionário público José Moraes, de 39 anos, se considera um desses apreciadores. “Rato de sebo”, como ele próprio se auto-define, José sempre busca raridades nos espaços de livros usados. “Tenho em casa obras que nem os colecionadores mais assíduos possuem, como os livros de William Shakespeare, que para mim influenciou muito do pensamento moderno”, conta.
Ele diz que compra os livros usados não só pela possibilidade de conseguir raridades, mas também por causa dos preços. “Os livros usados são bem mais baratos. Às vezes esse valor chega a ser menor quase 80%. Quando um livro é lançado, eu deixo passar um tempo para recorrer a um sebo e comprá-lo. Agora quando eu quero muito lê-lo, logo após o lançamento eu faço um esforço e compro o novo mesmo”, admite José, que em casa mantém uma verdadeira biblioteca de usados.
France Barbosa é a proprietária do único espaço exclusivo de livros usados na Feira do Livro, chamado “Cultura Usada”. Percorrendo as estantes do espaço, ela mostra algumas das raridades disponíveis ao público: “Aqui nós temos obras de José de Alencar, como “O Guarani”, muitos livros sobre a história do Pará, sobre a Segunda Guerra Mundial, literatura francesa. São raridades que dificilmente se encontra nas lojas atualmente”, ressalta.
Além de livros, a “Cultura Usada” oferece outras raridades, como discos de vinil, CDs e DVDs. É possível se deparar com os primeiros discos de Caetano Veloso, Nana Caymmi, Roberto Carlos e de cantoras famosas mundialmente, como Barbara Streisand. “O conhecimento não pode ser perdido. Os livros, CDs, DVDs e LPs são produtos que nos oferecem cultura e não podem ser perdidos. Por isso muita gente os valoriza”, destaca France.
Sebo – À Feira do Livro, France diz ter levado uma pequena amostra do acervo que dispõe em sua loja de livros usados no centro de Belém. Segundo ela, foram para o Hangar cerca de cinco mil títulos. Para conseguir reunir tantas raridades e antiguidades, entre livros, discos, CDs etc, o sebo de France anuncia em jornais que compra esse tipo de material. “A gente anuncia, mas muita gente nos procura por iniciativa própria. São pessoas que querem se desfazer, às vezes, de bibliotecas inteiras. Geralmente são viúvas ou pessoas que herdaram esses livros”, revela a vendedora, que afirma trabalhar para "não deixar a cultura se perder".
Thiago Melo – Secom
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