Quando se fala em aluno de QI elevado, superdotado ou com
altas habilidades, imagina-se um estudante privilegiado e sem necessidade de um
acompanhamento diferenciado. A realidade, porém, é outra, e por isso a
legislação prevê o respeito à diversidade e à atenção específica na sala de
aula.
O
Estado do Pará desenvolve o atendimento especializado ao aluno com Altas
Habilidades/ Superdotação desde 1976, no Centro Nacional de Educação Especial,
que posteriormente serviu de experiência para a criação das “Salas de
Recursos”, em 1981.
Os
resultados desses projetos foram fundamentais para a implantação do Núcleo de
Atividades de Alunos com Altas Habilidades/ Superdotação (Naah/S), um programa
criado em 2005 pelo Ministério da Educação (MEC), em parceria com as
Secretarias de Estado de Educação (Seduc), para identificar, valorizar e
desenvolver as capacidades cognitivas, promovendo a inserção efetiva do aluno
com altas habilidades/ superdotação no ensino regular, atendendo o aluno,
trabalhando com a família e orientando os professores.
A sede
do núcleo fica na escola Vilhena Alves e atende todos os alunos da rede pública
estadual e municipal, bem como de escolas particulares. O trabalho é feito pela
equipe multidisciplinar que direciona o aluno a desenvolver as habilidades e
talentos que têm em aulas extraclasse. O atendimento psicoemocional é um dos
pilares do programa, que também investe na capacitação dos professores dos
alunos identificados como superdotados e no acompanhamento familiar.
Várias
exposições do trabalho do núcleo são feitas nas escolas para identificar esses
alunos. Segundo a coordenadora do serviço, Sandra Bentes, essa identificação é
difícil, já que a iniciativa de fazer parte do programa deve partir do
indivíduo. “Muitos alunos abandonam a escola e acabam enveredando para caminhos
ilícitos mesmo tendo uma capacidade de aprendizado acima da média. Eles perdem
o interesse na escola comum, às vezes ficam introspectivos e nem chegam a
entrar em uma universidade. Aqui eles recebem todo o acompanhamento e
direcionamento de que precisam para desenvolver seus talentos. Os professores
regulares são capacitados para atendê-los, mas mesmo assim, temos menos de 100
alunos inscritos no programa”, diz.
Em 2011
o governo do Estado investiu no desenvolvimento do Naas/ S ampliando de seis
para 14 o número de profissionais que trabalham na equipe, e este ano deverá
investir na ampliação do espaço físico e interiorização do programa. O
coordenador de Educação Especial da Seduc, Edmilson Lima, explica que o espaço
físico é um norte para o aluno que precisa de um enriquecimento curricular, mas
é o trabalho desenvolvido pela equipe composta por pedagogos, psicólogos,
professores de artes visuais, artes cênicas, história, língua portuguesa e
inglesa, biologia e matemática, que faz a diferença real na vida do alunado.
“Existe o comprometimento individual para que o aluno não
seja uma ovelha desgarrada. A função do programa é ser um facilitador do
desenvolvimento e potencial de cada um, pois nem sempre o talento é visível, e
é aqui que a equipe envolvida faz toda a diferença”, explica.
Para a
estudante da quarta etapa no Vilhena Alves Josilene Porfílio, o comprometimento
dos profissionais do núcleo fez toda a diferença para ela, que estava
desmotivada com os estudos. “Eu me sentia infeliz e não conseguia me concentrar
nas aulas. Aqui fui acolhida e incentivada no que mais gosto de fazer, que é
cantar e compor. Era disso que eu estava precisando, agora estou mais feliz e
realizando um sonho”, comenta.
A aluna
Karolynne de Melo, do primeiro ano da escola Deodoro de Mendonça, também
destaca a atuação da equipe na continuidade dos estudos, que ela pretendia
largar no meio do ano passado. “Aqui é um lar educacional e é essencial receber
essa atenção”, completa. Desde que entrou no programa, Karolynne vem
desenvolvendo a sua habilidade com a língua portuguesa, mantém um blog de
poesia (hiperativasingular.blogspot.com) e até ganhou o primeiro lugar no
segundo concurso de redação do Programa Estadual de Educação Fiscal da
Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa). “Antes eu me sentia desmotivada e
achava que não acreditavam em mim. Se não tivesse entrado no grupo, com certeza
já teria parado de estudar e de escrever”, afirma a estudante.
Serviço
O
Núcleo de Atividades de Alunos com Altas Habilidades/ Superdotação fica na
escola Vilhena Alves, na avenida Magalhães Barata, esquina com a travessa Três
de Maio. Telefones: 3229-5581, 8227-0166 e 8841-1304.
Texto:
Dani Filgueiras-Secom
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