Sessenta
e um agricultores familiares da comunidade Ilha Grande da Conceição, às margens
do rio Jacarecaia, em Mocajuba, no nordeste do estado, estão voltando ao
extrativismo de látex com o incentivo do escritório local da Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater).
A
atividade, que nas décadas de 40 e 50 chegou a posicionar o município como o
maior produtor de borracha do Brasil, alcançando 10 mil toneladas por ano, a
partir de 1990 começou a ser substituída pelo cultivo de pimenta-do-reino, a
princípio mais lucrativo. Ocorre que, na mesma época, um surto da doença
fusarium solani sp.piperís arrasou os pimentais da região, provocando a venda
de mais da metade das propriedades e um considerável êxodo rural. Quem
continuou trabalhando na roça teve que se sustentar com as práticas de
subsistência: arroz, milho e mandioca.
“Há três anos, então, a Emater, percebendo o potencial das
seringueiras de várzea, das quais cerca de 80% ainda se mantêm intocados,
resolveu reanimar os produtores para a extração de borracha”, contextualiza o
chefe da Emater em Mocajuba, o técnico agrícola e biólogo Edvilde Lima. Assim,
se constituiu, em 2008, a Associação dos Moradores Assentados da Ilha Grande da
Conceição – que, além de extrair “sernambi” (látex coagulado), também trabalha
com cacau e açaí.
Em
2011, os extrativistas venderam mais de 70 mil toneladas de borracha natural, a
quase R$ 250 mil no total, para uma empresa de Marituba, na Região
Metropolitana de Belém. A receita inclui a subvenção do governo federal, por
meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que complementa o valor de
R$ 2,30 o quilo, estabelecido no contrato, com R$ 1,20, perfazendo o indicativo
da Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM): R$ 3,50.
O
acesso à subvenção foi intermediado pela Emater, que emitiu as declarações de
aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)
individuais e jurídica, e, a cada comercialização concluída, aciona a Conab. “A
procura comercial pela borracha natural é muito grande, até porque existe uma
tendência mundial em se rejeitarem os produtos sintéticos, entendidos como
poluentes e nocivos à natureza”, aponta Lima. De acordo com a Emater, a
estimativa de colheita para este ano é de 200 toneladas. Planeja-se, também, a
incorporação de mais famílias ao projeto.
Texto:
Aline Miranda-Emater
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