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quinta-feira, dezembro 01, 2011

Encontro de Contadores de História perpetua a magia da oralidade amazônica

Toda a magia em torno da tradição da oralidade envolverá os participantes do I Encontro de Contadores de Histórias da Amazônia, realizado nesta quinta-feira (1º) e sexta-feira (2), na Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves (Centro de Eventos Ismael Nery, 1º andar do Centur e na Praça da Palavra, andar térreo). O evento é organizado pela Fundação Tancredo Neves e pelo Movimento de Contadores de História da Amazônia (Mocoham).
Yandra Galuppo, arte-educadora, servidora da Fundação e membro da organização do Encontro, pensa que a magia da contação de uma história surge graças a sedução e ao encantamento: é preciso saber olhar, falar e gesticular de modo a conquistar o público para o que está sendo revelado. “Quando contamos uma história empregamos um poder que está dentro de nós e que muitos nem sabe que o tem. Através dessa forma de contar, a gente perpetua o poder da palavra”, afirma Galuppo.
A arte-educadora percebe com tristeza o desaparecimento deste hábito nas cidades. Segundo ela, as pessoas mais jovens estão tão acostumadas com o imediatismo da comunicação que se esquecem do quanto é prazeroso sentar para ouvir alguém falar. “No interior do Estado, ainda vimos aquele caboclo que acredita piamente em coisas que lhe contaram. E se ele repassa isso com tanta veemência, quem sou eu para dizer que aquele relato é uma mentira?”, desafia.
Com o I Encontro de Contadores de Histórias, Galuppo quer trazer esta tradição amazônica de volta. Resgatar a oralidade é resgatar a identidade não só da Amazônia como do Brasil, ela diz. “Quanto mais defendemos a oralidade, mais nos matemos atados à Amazônia. Precisamos reverenciar a nossa cultura. E eu me coloco à frente desse movimento de construção de um mundo melhor para os nossos filhos”.
Projetos
A relação de Yandra Galuppo com a contação de histórias é recente, porém intensa. Criada em São Paulo, a educadora veio para Belém lecionar na Universidade do Estado do Pará (Uepa) em 2001, e no ano seguinte também na Universidade Federal do Pará (Ufpa). Como sua disciplina era ligada ao mundo das artes, ela pediu aos alunos que levantassem informações sobre a cultura local. A professora recebeu várias gravações com pessoas comuns relatando os casos e as lendas mais curiosas: “aquele material continha elementos simbólicos e dramáticos muito fortes, fiquei impressionada”, lembra.
A pesquisa resultou em “rodas de contação com a turma, com direito à fogueira” e a organização de saraus aos finais de semestre, abertos para o campus. A paixão pela contação de histórias é tão grande que Galuppo deu aulas em várias unidades da Uepa no interior do Pará e hoje atua no grupo Teatro de Origem. “O grupo pesquisa a corporalidade do intérprete e sua mitologia pessoal na busca de um caminho singular de interpretação, e no resgate da memória e identidade cultural”, explica.
O elenco do Teatro de Origem também estará no Encontro de Contadores de Histórias, nesta quinta-feira. A educadora convida a todos para assistirem não só essa, mas  as outras apresentações do Encontro. E acrescenta que qualquer um tem capacidade para contar uma história: “Até algo aparentemente simples, como a origem do próprio nome, pode gerar algo interessante de se compartilhar. A contação é uma forma de perpetuar a existência das pessoas. Contar e ouvir é dar e receber”, conclui.
Serviço: O I Encontro de Contadores de Histórias da Amazônia acontece nos dias 1 e 2 de dezembro, na Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves (Centro de Eventos Ismael Nery, 1º andar do Centur e Praça da Palavra, andar térreo do Centur). Contato: 3202 - 4332

Texto:
Hélio Granado-FCPTN

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