A operação policial para vasculhar um dos endereços de um suspeito de envolvimento com o jogo do bicho, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, nesta terça-feira (20), apreendeu um carrinho de supermercado lotado de dinheiro.
O valor ainda está sendo avaliado. Mas, em uma primeira contagem, a polícia calcula que há mais de R$ 2 milhões e ainda quase 3 mil euros. Todo o dinheiro será levado nesta tarde para um banco, e, em seguida, depositado em uma conta do poder judiciário.
Os agentes encontraram dinheiro escondido atrás de uma geladeira, no forro do telhado, em compartimentos falsos na casa, no vaso sanitário e até no esgoto. Os agentes encontraram ainda uma réplica de um fuzil AK-47.
Os agentes foram apurar uma informação passada através do Disque-Denúncia de que Hélio de Oliveira, o Helinho da Grande Rio, estaria no local, num condomínio de luxo. A mansão está no nome de Adilson Oliveira, tio de Helinho. A polícia informou que o tio de Helinho passa, agora, a ser investigado pela polícia.
O G1 não conseguiu entrar em contato com Helinho de Oliveira para comentar o caso. Segundo a polícia, ele é acusado de corrupção ativa, passiva, contravenção e formação de quadrilha.
"A operação continua, na
captura de todos os
foragidos", disse Martha Rocha.
R$ 3 milhões arrecadados em um mês, diz polícia
Entre os documentos recolhidos estava uma planilha com anotações do jogo do bicho. Segundo a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, somente no mês de setembro o grupo arrecadou mais de R$ 3 milhões apenas em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Ao entrarem na casa, os agentes não encontraram ninguém da família, só empregados. Alguns cômodos estavam trancados e não puderam ser arrombados por falta de um mandado de busca e apreensão. Advogados da família foram revistados e um deles foi encaminhado para a delegacia, suspeito de praticar fraude processual, já que ele teria tentado destruir provas antes da entrada dos policiais na casa.
Sem o mandado, os policiais ficaram de plantão durante toda a noite de segunda-feira (19) e a madrugada desta terça-feira (20) e chegaram a subir numa árvore para vigiar a movimentação. Eles impediram que os carros deixassem a garagem até que o documento foi expedido.
Após as 6h, a varredura estava
liberada. Os policiais
vasculharam cada canto da casa
Semana passada
Na semana passada, a polícia prendeu 44 pessoas durante a operação "Dedo de Deus" realizada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP-RJ). Os presos são suspeitos de envolvimento com o jogo do bicho no Rio e em outros três estados. De acordo com a Polícia Civil, dos 44 presos, 36 foram localizados no Rio de Janeiro, um na Bahia, outro no Maranhão e mais um em Pernambuco.
Entre os presos, há dois policiais militares e um guarda municipal de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Um policial civil ainda está foragido, segundo a polícia.
Apreensão de R$ 517 mil
Os policiais também fizeram uma varredura no barracão da Beija-Flor, na Cidade do Samba, Zona Portuária, onde foram apreendidos R$ 115 mil em espécie. E em Teresópolis, na Região Serrana, as buscas ocorreram num hotel fazenda que seria de propriedade de um ex-prefeito do município, que também foi preso durante a operação. Ele é apontado pela polícia como o responsável por comandar pontos do jogo do bicho na serra fluminense.
Segundo a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, no total foram apreendidos R$ 517 mil em espécie, incluindo euros, além de joias, oito veículos, 39 computadores, uma arma, notas fiscais, documentos e máquinas portáteis de cartões de crédito.
A investigação começou em Teresópolis, após denúncias que davam conta de que comerciantes estavam sendo coagidos a implantar jogo do bicho nos seus estabelecimentos legalizados. Segundo as denúncias, policiais civis atuavam na coação desses comerciantes, além de passar informações para os contraventores sobre operações policiais.
A Polícia Civil informou também que os contraventores alteravam o resultado das apostas. Quando a quadrilha sabia que muitos apostadores jogariam em um único número fazia com que esse número não fosse sorteado, segundo a polícia.
De acordo com a Polícia Civil, a corregedoria investigou uma quadrilha de contraventores que atuava em grupos em diversas cidades. Entre os 60 mandados de prisão, Martha Rocha afirma que cinco contraventores são considerados mandantes de pontos do bicho em Teresópolis e Petrópolis, na Região Serrana, Rio de Janeiro, São João de Meriti, Duque de Caxias e Nilópolis, na Baixada.
Segundo o delegado Felipe Vale, da Corregedoria da Polícia Civil, empresas de outros estados foram interditadas por prestar serviços ao jogo do bicho.
“O Rio era a célula da organização. Mas em outros estados funcionavam empresas que forneciam aparato técnico. Na Bahia, uma empresa fornecia máquinas de cartão de crédito adaptadas para o bicho. Os funcionários dessa empresa eram convidados para o camarote da Grande Rio, no carnaval carioca, por exemplo. Em Pernambuco funcionava uma gráfica que vendia talonário para o jogo do bicho”, explicou Vale, acrescentando que o envolvimento de contraventores com o carnaval acarreta na investigação de escolas de samba, como a Beija-Flor e Grande Rio.
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