Ao povo do Pará
Minhas amigas, meus amigos.
Todos nós vivemos, com o plebiscito, uma experiência inédita no Brasil. Fomos convocados a fazer história. Decidimos se o Pará seria ou não dividido em três estados.
O resultado das urnas é do conhecimento de todos. O resultado do processo nos cabe construir. A via democrática do voto consagra a vontade da maioria, mas não pode negar legítimos anseios das minorias.
O Pará, certamente, sai deste episódio com uma melhor noção do seu tamanho. Mas todos precisamos ter uma melhor visão da nossa gente.
Precisamos aprender a olhar uns para os outros, e nos ver uns nos outros. A encarar e avaliar os nossos problemas e a nos unir para enfrentá-los e resolvê-los.
Podemos sair mais fortes porque nos confrontamos com as nossas diferenças e podemos usá-las pra reduzir nossas desigualdades. Mais fortes porque, mesmo na divergência, o povo buscou o mesmo objetivo: um futuro
melhor.
Com o voto, cada um sonhou com um lugar melhor, com uma vida melhor.
É este sentimento comum que mais do que nunca deve nos unir, especialmente, a partir de hoje.
Não há vencedores nem derrotados nessa votação.
O que vai dizer se ganhamos ou perdemos é a atitude de cada um de nós daqui pra frente.
É a sabedoria como lideranças e partidos, respeitando sentimentos genuínos, que contribuirá para o atendimento de legítimos interesses, sobretudo da população mais simples, que todos dizemos e pretendemos representar.
É como iremos transformar a vida de milhões de pessoas, estejam elas em Santarém ou Belém, em Marapanim ou Marabá.
Minhas amigas, meus amigos.
Precisamos encurtar a distância que ameaçou nos separar.
Precisamos aprender a divergir, discordar, e até disputar eleições, sem perder a noção e o compromisso histórico de construir o futuro.
Juntos, devemos lutar por um sistema fiscal que permita que nossas riquezas naturais se transformem, também, em receitas para o Estado e os municípios.
Ajudando a melhorar a saúde, a educação, a segurança, enfim, a qualidade de vida dos paraenses no oeste, no leste, no norte ou sul.
Obter a justa compensação pela desoneração das exportações de minérios e pela energia que produzimos é uma bandeira que deve nos unir a todos.
Lutar para que os grandes projetos, importantes e estratégicos para o País, sejam também instrumentos de combate à pobreza e desigualdade, deve ser princípio básico de políticos e partidos, imprensa e igrejas, operários
e empresários.
Contribuir para elevar nossa autoestima deve ser causa coletiva de cada atleta ou artista, professor e aluno, pesquisador ou poeta.
Minhas amigas e meus amigos.
A cada dia mais me convenço que pobreza e desigualdade não são determinações divinas nem imposição geográfica. São problemas nascidos das relações humanas e cabe aos homens resolvê-los.
Quero reafirmar meu compromisso com a construção de um Pacto que permita ao Pará contribuir para o desenvolvimento brasileiro através do seu próprio desenvolvimento. Que nos encaminhe na direção de uma sociedade onde o orgulho de ser paraense reflita a grandeza de um povo feliz.
Há 395 anos o Pará começou.
Hoje a história nos dá a oportunidade de sermos protagonistas de um recomeçar. Vamos, com coragem e humildade, viver o desafio desse novo tempo.
Que Deus nos ilumine.
Simão Jatene
Governador do Estado do Pará
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