O projeto executado no Arquivo Público do Estado do Pará (Apep) de preservação e digitalização de documentos da era colonial brasileira inclui três jovens atendidos pela Fundação da Criança e do Adolescente do Pará (Funcap). A inclusão dos jovens que iniciaram as atividades no início deste mês no Arquivo Público, em Belém, é parte das medidas socioeducativas que cumprem em unidades da Funcap, graças à parceria com o Apep.
São 30 socioeducandos que aprendem, em forma de rodízio (três jovens a cada mês, durante 10 meses) noções básicas de tratamento e conservação de documentos históricos e a importância desse trabalho para o patrimônio histórico e cultural do estado do Pará. Os jovens identificam a informação, realizam limpeza minuciosa nos materiais e acondicionam em espaços adequados, observando clima e umidade, importantes no processo de preservação, além de conhecerem a história colonial através dos documentos. Os beneficiados pelo projeto recebem bolsa, caneta, bloco de anotações, camiseta e um auxílio mensal.
É uma forma de pensar em uma nova profissão, inovadora até então, como afirma o jovem A.P, 17 anos, que cumpre medida socioeducativa no Centro de Atendimento em Semiliberdade (CAS), da Funcap, há quase dois anos. “Conheci um trabalho diferente e estou aprendendo coisas que eu não sabia”, diz o jovem, que cursa a segunda etapa do ensino fundamental e participou de várias oficinas sociopedagógicas, entre elas informática, teatro, hip hop e capoeira. Após o estágio, o Apep planeja aproveitar mão de obra qualificada dos jovens capacitados para continuarem a trabalhar no órgão, junto com outros beneficiários da ação.
A coordenadora administrativa do projeto, Roseane Pantoja, explica que o Arquivo Público não possuía um setor de preservação cartográfica (mapas) e iconográfica (imagens). Em fevereiro deste ano, a Associação dos Amigos do Arquivo Público do Estado (Arqpep) viabilizou os serviços, por meio de edital do “Programa Caixa de Apoio ao Patrimônio Cultural Brasileiro”, patrocinado pela Caixa Econômica Federal, de identificação e acondicionamento dos documentos históricos que representam a memória histórica do Pará e do Brasil, e “além do conhecimento profissional, já que a mão-de-obra de restauradores na região é escassa”. Com a digitalização dos documentos, o acesso aos documentos será ampliado, quando disponibilizado em breve, na internet.
O Arquivo Público do Estado do Pará foi oficialmente criado em 1901 e é considerado uma das principais instituições arquivísticas do Brasil que guarda documentos de arquivologia, biblioteconomia e história amazônica. O Arquivo conta com aproximadamente quatro milhões de documentos histórico-administrativos do Pará e Amazônia nos períodos Colinial, Imperial e Republicano (séculos XVII ao XX). O acervo do período colonial do Arquivo recebeu o selo de reconhecimento nacional “Memória do Mundo” concedido pelo Arquivo Nacional, em parceria com a Unesco.
A Associação dos Amigos do Arquivo Público do Pará (Arqpep), criada em 2008 para apoiar a missão do Apep, adquiriu recurso para o projeto Preservação e Acesso: Proposta de digitalização da documentação colonial, por meio do Edital Caixa Cultural 2010, que entre as suas ações executa a restauração e digitalização de documentos da Secretaria de Governo da Capitania - período colonial do Brasil (1649 a 1823 - séculos XVIII, XIX e XX), além do curso de Educação Patrimonial. O projeto beneficia um total de 120 pessoas, entre estudantes de escolas públicas a partir dos 15 anos, idosos, pessoas com deficiência e adolescentes que cumprem medidas socioeducativas pela Fundação da Criança e do Adolescente (Funcap).
Rui Costa Pena - Ascom Funcap
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