Em menos de cinco meses, Mauro Dias da Conceição, 34 anos, já foi encaminhado para trabalhar em três empresas. Fez todos os testes, se saiu bem, providenciou os documentos para a contratação, porém, está aguardando até hoje a convocação para começar a trabalhar. O motivo? Mauro é cadeirante e tem sido impedido de exercer o direito de trabalho porque esbarra nas barreiras arquitetônicas das empresas e também no descaso dos empresários que optam por selecionar indivíduos que apresentam outros tipos de deficiência, preferencialmente aqueles que dispensam dispositivos auxiliares para a locomoção, como uma cadeira de rodas.
Desempregado há cerca de um ano, Mauro procurou o Centro Integrado de Inclusão e Cidadania (CIIC) o antigo Cisne, localizado na avenida Almirante Barroso, bairro do Marco, na tentativa de ser encaminhado para alguma empresa. “As oportunidades apareceram, mas ao escolher entre uma pessoa que só puxa a perna e uma que anda numa cadeira de rodas, eles sempre preferem aquele que dará menos problemas”, disse o cadeirante.
O titular da Secretaria Estadual de Trabalho, Emprego e Renda (Seter), Junior Hage, explicou que a secretaria trabalha em parceria com o CIIC para encaminhar pessoas portadoras de deficiência ao mercado de trabalho. Segundo ele, nos três primeiros meses deste ano, 147 pessoas com algum tipo de deficiência foram direcionadas para ocupar vagas em empresas. Deste total, apenas 79 foram efetivamente contratadas. Ele também concorda que as empresas precisam se adaptar a esta realidade. “É preciso que haja uma conscientização maior da classe empresarial. Muitas empresas não estão preparadas para receber os portadores de deficiência, principalmente os cadeirantes. Nós conseguimos a vaga, encaminhamos o trabalhador, mas no final ele acaba não sendo contratado”.
No intuito de atender a esses cidadãos, a Legislação Brasileira vem sendo reformulada no decorrer dos anos, com a finalidade de garantir o acesso dos indivíduos acometidos por algum tipo de deficiência, ao mercado de trabalho. Mesmo assim, ainda se observa um desconhecimento por parte do empresariado, o que gera um quadro de exclusão profissional e, consequentemente, de exclusão social. “Não basta a empresa ter em seu quadro de pessoal funcionários com deficiência. Ela tem que mantê-lo no ambiente de trabalho e oferecer condições ideais para que esse profissional possa exercer suas atividades”, disse Hage.
Enquanto não consegue um emprego, Mauro faz “bicos” para conseguir sustentar sua família. “Não quero ficar sendo sustentado por bolsas do governo ou cestas básicas. Quero poder trabalhar e sustentar minha família com meu próprio dinheiro”. O cadeirante, que tem paralisia desde os sete anos de idade, disse que não vai desistir e vai continuar correndo atrás de oportunidades, mesmo com todas as dificuldades que precisa conviver. “Tenho recebido muito apoio dos profissionais do CIIC, eles me ligam, me incentivam e tenho certeza que estão fazendo o possível para conseguir um emprego pra mim”.
Qualquer portador de deficiência física que pretenda conquistar uma vaga no mercado de trabalho pode procurar pelo CIIC. No espaço, os portadores são encaminhados para empresas parceiras, cooptadas pela Seter. Lá também é oferecido de forma gratuita o apoio psicológico e de assistência social.
Números (1º trimestre de 2010) - Seter
Candidatos que pesquisaram vagas - 205
Candidatos encaminhados paras as vagas - 147
Candidatos selecionados para as vagas - 79
Bruna Campos – Secom
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