A sensação de entrar na galeria Theodoro Braga, do Centur, é a de estar em um mini-museu. As obras atualmente em exposição no espaço são as do projeto “Ciclos”, de Diogo Vianna, dispostas em uma fileira vertical. Em outra parte, o técnico de gestão cultural João Cirilo arruma algumas estantes cheias de caixas contendo quadros e fotografias. Estes materiais, que um dia já estiveram ao alcance de todos, guardam muitas histórias.
O próprio João Cirilo tem uma delas. Formado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará (UFPA), ele fez sua primeira exposição na galeria: a “A9”, uma coletiva, em 2001. Em 2008, pouco tempo depois de ter apresentado sua última exposição – “Colobra”, desta vez individual – também na Theodoro Braga, Cirilo foi convidado para trabalhar lá.
Desde então, ele e o assistente de produção João Paulo do Amaral já conheceram artistas dos mais variados. “Em 2008, houve uma do Paolo Ricci, italiano que viveu longos anos em Belém. Ele já faleceu, mas foi interessante porque mostramos quadros dele desde os anos 30 até os mais recentes. O Ricci também restaurou suas próprias obras”, explica Amaral.
Projetos – Como presente, cada pessoa que passa pela galeria doa uma peça para o acervo do espaço. O trabalho passa a integrar o patrimônio da Fundação Cultural Tancredo Neves. A galeria, porém, não é usada somente para mostrar quadros, desenhos, fotografias, instalações e esculturas. Além das mostras individuais e coletivas, ela acolhe ainda dois projetos.
No “Ateliê Aberto”, uma sala é cedida para que o artista leve seus materiais. Para participar, ele precisa fazer um agendamento. Uma boa alternativa para quem não tem onde produzir. O outro projeto, “Atrito”, é o que mais diverte João do Amaral e João Cirilo. Uma vez por mês, das 4 às 5 da tarde, o público vai até a galeria assistir a performances. Um músico, um ator, um desenhista e um pintor trabalham juntos. “Tem gente que faz um desenho, vem o ator e rasga tudo”, conta o técnico de gestão cultural.
No final, dois críticos convidados pela fundação comentam as apresentações. Cinco edições da programação já foram feitas. A sexta está prevista para 20 de setembro, desta vez durante a noite. João Cirilo diz que os artistas cotados são Dri-K Chagas, que trabalha com grafite; Léo Chermont, músico; e Pedro Vianna, que faz literatura. O “Atrito” será feito durante a mostra de Diogo Vianna.
Outra atividade que já está na agenda do local é a exposição do pintor matogrossense Miguel Penha do Tocantins, entre 5 e 30 de outubro. João do Amaral diz que para ter obras na galeria Theodoro Braga não é necessário estar inscrito no Sindicato dos Artistas: basta esperar pelo edital aberto todo ano para também se tornar uma história da Galeria.
História – Na década de 70, existia dentro do Theatro da Paz uma galeria chamada Theodoro Braga. Um pouco maior, porém improvisada, ela ficava ao lado de uma outra, chamada Angelus. “Era o nome de outro artista do século XX”, diz Cirilo. Quando a Fundação Tancredo Neves foi inaugurada, em 1986, reservou-se um lugar para a transferência das obras de arte.
“A Theodoro Braga era a única contemporânea de Belém. Era muito comum virem pessoas se reunir aqui”, continua o técnico. “Na Praça do Povo, aqui no térreo da fundação, houve o Salão de Arte Contemporânea”, conta. Ele diz também que o espaço já chegou a participar do Sistema Integrado de Museus (SIM), mas hoje é administrado somente pela fundação.
Os artistas que divulgam sua produção no lugar são assessorados pelos funcionários. Na exposição mais recente, de Diogo Vianna, houve coquetel de lançamento oferecido pelo governo do Estado. A galeria funciona de segunda a sexta-feira, de 9 às 19 horas.
Hélio Granado – Fundação Tancredo Neves