Cinquenta lideranças de 20 aldeias da terra indígena Munduruku, em Jacareacanga, no sul do Pará, estarão reunidas com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) na semana que vem, de segunda (28) a sexta-feira (2), para a 1º Oficina de Capacitação para a Elaboração e Implantação do Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Terra Indígena Munduruku de Forma Participativa. Também participarão do encontro a Fundação Nacional do Índio (Funai), a prefeitura e a Associação Indígena Mundukuru.
A terra indígena Munduruku representa um território de mais de dois milhões de hectares, com a habitação de 10 mil indígenas de 120 aldeias, que vivem principalmente de roças de subsistência (mandioca e milho), sem tradição de exploração comercial organizada. Algumas dessas aldeias padecem de certo isolamento geográfico, com localização a dois dias de viagem de voadeira a partir do centro de Jacareacanga ou a mais de uma hora de vôo de avião de pequeno porte.
Somente a partir deste ano, com a parceria da Emater, a cadeia produtiva da mandioca tem se estruturado, com iniciativas de capacitação e melhoria da qualidade da farinha, e novas atividades começaram a ser incorporadas, como a criação de galinha caipira, cuja carne 15 indígenas de duas comunidades têm fornecido como merenda escolar para a secretaria municipal de educação. “Queremos coordenar e conversar mais sistematicamente sobre um trabalho que a Emater vem consolidando nas aldeias, com apoio aos cultivos de mandioca e milho e à atividade do artesanato”, conta o chefe do escritório local da Emater, o técnico em agropecuária Raimundo Delival.
A proposta inicial, diz, é auxiliar no direcionamento comercial das cadeias produtivas, com qualificação dos produtos, acesso a tecnologias e capacitação – sempre se respeitando o contexto cultural das tribos. “De modo que a assistência técnica e a extensão rural contribuam para a manutenção dos territórios indígenas e para a preservação da biodiversidade”, completa a socióloga da Emater Graça Amaral.
De acordo com a Emater, a oficina se realizará sob metodologias específicas: não intervencionistas, mas colaborativas: “Esse será um momento de consulta, em que os próprios indígenas indicarão seus interesses e quando avaliaremos juntos – aldeias, Emater, Funai e prefeitura – como conciliar tais demandas com ações viáveis das instituições”, explica Amaral. Afirma ainda: “Pretendemos romper com o paradigma de que Ater se faz com um modelo pronto. O planejamento das nossas ações será conduzido pelos indígenas, a partir da visão e necessidade deles”.
Aline Miranda - Ascom Emater
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