O historiador Rodrigo Silva apresenta dia 14 de dezembro, no auditório do Instituto de Artes do Pará (IAP), às 19 horas, palestra e vídeo como resultado de sua pesquisa no programa de bolsas de criação, experimentação e pesquisa do IAP. O trabalho sobre o cineasta paraense Líbero Luxardo traz ao público um novo retrato do homem que foi o pioneiro como realizador da Sétima Arte na Amazônia.
O interesse de Rodrigo Silva sobre os trabalhos no campo cinematográfico de Líbero Luxardo no Pará começaram em 2008, data de centenário do mestre celebrada com programação da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) em parceria com o Museu da Imagem e do Som (MIS). Pelos depoimentos, palestras e textos a que teve contato, Rodrigo percebeu que o trabalho do cineasta, até então, tinha sido apenas analisado do ponto de vista do pioneirismo, da sua contribuição ao início do cinema na Amazônia, sem nenhuma análise dos filmes em si, a não serem as críticas dos membros da Associação Paraense de Críticos de Cinema.
A partir da participação em projeto de pesquisa e extensão na Universidade Federal do Pará (UFPA) sobre história cultural na segunda metade do século XX, do qual fazia parte como bolsista de iniciação científica, Rodrigo Silva centrou seus estudos na área de estudos culturais, aprofundando seus conhecimentos sobre o contexto dos anos 1960, as vanguardas culturais, o cinema nacional e o teatro engajado.
Como historiador, que vê o homem como “filho do seu tempo”, percebeu que o trabalho de Líbero Luxardo precisava de uma análise mais ampla, uma compreensão sócio-histórica, atentando para as transformações sociopolíticas vivenciadas no cenário nacional e local, a influência de outros cineastas ou correntes cinematográficas em sua obra.
Pela análise dos filmes, dando destaque a “Um dia qualquer”, o primeiro e sobre o qual o número de fontes e informações era mais amplo que os demais, procurou compreender as representações construídas pelo cineasta sobre a cidade e seus habitantes, em um momento em que nela se processavam sensíveis transformações nos seus aspectos físicos e socioculturais.
A partir destas informações iniciou o trabalho de coleta de dados. Inicialmente buscou conhecer os trabalhos que já haviam tornado Luxardo, ou sua obra, objeto de pesquisa. Fez um trabalho de coleta de fontes e informações sobre as ações do cineasta, enfurnando-se nos arquivos da cidade, como a Biblioteca Acylino Leão, na Academia Paraense de Letras (APL) e a Biblioteca Pública Arthur Vianna, nos setores de obras raras, obras do Pará, jornais impressos e microfilmados.
Em pouco mais de dois meses coletou informações a partir de entrevistas, textos jornalísticos, poemas, contos, curiosidades sobre o processo de gravação dos filmes, sobre suas ações políticas, números da revista “Espaço”, que circulou em Belém na década de 1970 e da qual Líbero foi editor-chefe, além de informações sobre os principais acontecimentos ocorridos na cidade e no Brasil.
A maior dificuldade encontrada por Rodrigo, que se transformou no objetivo da pesquisa, foi fazer uma análise histórica dos trabalhos de Líbero Luxardo, seu posicionamento na sociedade com seus discursos propagados por seus filmes e dos seus romances. Após o levantamento de dados, foi feita uma seleção das informações que seriam úteis para este primeiro momento do trabalho.
A pesquisa, diz ele, não termina aqui. Quando o assunto é a obra de Líbero Luxardo, muita coisa ainda será escrita e revelada. Rodrigo não esconde que quer ver a obra deste pioneiro reconhecida pelo público paraense, a fim de que seja valorizado o trabalho deste sonhador apaixonado pelo cinema, não destacando apenas o seu pioneirismo, mas buscando contribuir ou estimular uma compreensão mais ampla de suas obras, como no caso, aprofundando na compreensão das representações da realidade e dos tipos sociais existentes na sociedade paraense no período de produção do filme.
“Não tenho uma caminhada artística no cenário paraense. Acabo de me formar em história. O projeto apresentado ao IAP é uma ampliação da minha pesquisa de monografia. Ser contemplado com a bolsa de criação, experimentação, criação e pesquisa artística do IAP foi uma grata surpresa. Por estar iniciando minha caminhada no campo de pesquisa na área dos estudos culturais, receber este prêmio é sinal de trabalho reconhecido e com certeza representa o surgimento de muitas possibilidades”, diz.
Texto:
Jeferson Medeiros-IAP
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