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sexta-feira, agosto 26, 2011

COLUNA: O desafio de Dilma

- Nicias Ribeiro
- Engenheiro eletrônico
- nicias@uol.com.br
  • Numa rápida entrevista, no último dia 16, enquanto subia a rampa do Palácio do Planalto, rumo ao seu gabinete, quando questionada por uma repórter de “O Globo” se o seu grande desafio era combater a corrupção, Dilma respondeu: “O desafio deste País é desenvolver e distribuir renda. Do resto, a gente tem de fazer ossos do ofício”.
  • Não há como negar que essa declaração é por todos os ângulos interessante, e, mais do que isso, é intrigante, até porque em menos de oito meses de governo já foram exonerados quatro ministros de Estado, dos quais o único que deixou o governo por vontade própria, sem nenhum envolvimento ou notícia de corrupção, foi o ministro Nelson Jobim, da Defesa. Os demais saíram forçados pelos escândalos de corrupção que os envolviam, como foi o caso do ex-ministro chefe da Casa Civil da Presidência da República, Antônio Palocci, do ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e do ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi. E, pelo noticiário da imprensa, tudo indica que em breve serão atingidos os ministros do Turismo, Pedro Novais, e o das Comunicações, Paulo Bernardes, este último por ter usado aviões de empreiteiras, ainda no governo do presidente Lula, quando ministro do Planejamento.
  • Contudo, no que se refere ao Ministério dos Transportes, os escândalos de corrupção e as exonerações não atingiram apenas a pessoa do ministro Alfredo Nascimento. Pelo contrário. Atingiu em cheio, também, toda a diretoria do Dnit, que é o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, bem como toda a diretoria da Valec, que é responsável pela implantação do trem bala, que vai ligar o Rio a Campinas, em São Paulo, e da famosa ferrovia “Norte-Sul”, que, aliás, foi iniciada no governo do presidente José Sarney, e que algum dia, não se sabe quando, deverá chegar a Belém e ao Porto de Vila de Conde.
  • É evidente que a “faxina” feita pela nossa “presidenta”, especialmente no Ministério dos Transportes e no Dnit, é digna de registro, até mesmo pela coragem de fazê-lo. Mas, coincidência ou não, o certo é que após a faxina no Dnit, as obras de pavimentação da Transamazônica ganharam um novo fôlego e agora se veem obras sendo executadas no trecho entre Novo Repartimento e o rio Xingu, o que, por óbvio, reacende as esperanças de que, pelos menos neste trecho, a pavimentação possa ocorrer ainda este ano, antes do próximo inverno amazônico. E o mesmo acontece com a BR-163, onde, aliás, as obras de pavimentação estão bem mais adiantadas, apesar da paralisação que está ocorrendo entre Rurópolis e o Distrito de Campos Verdes, em Itaituba.
  • Mas, voltando às declarações da presidente Dilma de que “o desafio deste País é desenvolver e distribuir renda” e de que “do resto, a gente tem de fazer ossos do ofício”, preocupa-me, sobremaneira, quanto ao fato de que a corrupção, que imagino seja o resto a que ela se referiu, não pode ser tratada como coisa comum, natural, e que por isso seriam “os ossos do ofício”, uma vez que a corrupção é um desvio de conduta e que deve ser combatida com determinação, aparelhando inclusive o judiciário para agir com rapidez nos julgamentos.
  • Por outro lado é certo e comungo inteiramente com a idéia, de que o “grande desafio deste País é, de fato, o seu desenvolvimento e a distribuição de renda. Desenvolvimento este, que, a meu ver, deve acontecer a partir do conhecimento e do crescimento técnico-profissional da população, especialmente dos mais jovens, de maneira que a distribuição de renda ocorra através da geração de emprego e não, simplesmente, por meio de “bolsas remuneradas” que deveriam ser utilizadas, apenas, nas chamadas bolsas de estudo para a realização de cursos de graduação superior, mestrado e doutorado; mas que efetivamente deem formação de qualidade, até porque de nada adianta o diploma se o conhecimento não lhe for correspondente, até porque o mundo atual exige cada vez mais conhecimento e mai s profissionalismo.
  • Como se vê, o desafio de fazer do Brasil um País verdadeiramente desenvolvido, não é só da presidente Dilma, mas, sim, de todos os brasileiros, que devem influenciar cada vez mais no sentido de se promover as sonhadas reformas políticas e tributárias neste País.

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